domingo, dezembro 31, 2006

Último post de 2006...Feliz 2007!


Neste último dia do ano 2006, parece-me lícito e mais do que apropriado, utilizar este meu espaço para uma retrospectiva dos acontecimentos mais marcantes daquele que foi um ano importante na minha vida.

Recordo, que terminei o ano de 2005 de forma muito "sui generis", no final do ano passado tinha tomado muitas decisões de "ano novo", que sabia serem dificéis de conseguir, quer em termos pessoais, quer em termos profissionais. Para além disso, estava com uma infecção urinária do tamanho de uma casa e tinha passado o dia a acompanhar o "Lisboa/Dakar" pelo meio de montes e estava um frio de morrer, isto se tirarmos a chuva.

Quando chegamos a casa para a "passagem do ano", estava exausta, e ainda não tinham dado as 12 badaladas estava já meia a dormir no sofá, nem as pobres 12 passas comi. O facto de estarmos sózinhos também era de "per si" estranho, uma vez que foi a primeira vez (em muitos anos), que não tinhamos combinado nada com os amigos para aquele dia. O A. queria ir ver o Dakar ao Alentejo e os homens conseguem ser muito teimosos quando querem (o meu então é uma "mula").

O ano 2006 começou logo no dia 2 de Janeiro pela primeira tomada de decisão a nível pessoal, foi nesse dia, que com o meu médico decidi estabelecer um prazo de avançar para a FIV.

Em Janeiro ainda tomei grandes decisões a nível profissional, que viriam a culminar com um mês de Março e Abril super agitados, mas que me proporcionaram uma grande alívio e satisfação nos meses vindouros. Havia alguém num dos meus locais de trabalho que era causa de conflitos constantes e causa de problemas gravíssimos. No ínicio do ano foi altura de "bater na mesa" e dizer: -"Vou sair, com aquela pessoa não trabalho mais..."- Mas foi a criatura que me massacrava a vida e o trabalho há 5 anos que foi embora, e posso dizer que a felicidade foi colectiva e que foi um dos momentos mais felizes do ano no dia que isso aconteceu. É claro que, não há bela sem senão, e tive de abdicar de uma coisa (material) de que gostava muito, e em termos financeiros com alguns prejuízos, mas a nível pessoal foi bom, foi excelente. Os prejuízos rapidamente se recuperam e nada existe mais importante que a nossa paz de espírito.

A partir de Abril, o trabalho foi dobrado, mas feito com alegria e motivação extra, a equipa era boa e ficou excelente, os conflitos internos desapareceram e a produtividade aumentou, com benefícios para todos.

Cumpridos que estavam objectivos que considerava prioritários, pois acredito que o facto de andar sob um stress constante em termos laborais não contribuía em nada para poder ter um filho, em Maio decidi avançar para a FIV (estava agendada para Setembro), e em Junho, dia 26, lá comecei o tratamento. O resto, a maior parte de vós já conhece, por isso não vale a pena voltar a repetir.

O ano 2006 também foi importante, porque desde Fevereiro entrei neste "pequeno mundo", aqui aprendi muita coisa, conheci muitas histórias de vida que me fizeram sorrir e outras que me fizeram chorar. Celebrei muitos positivos com verdadeira euforia e entristeci-me com muitos negativos. Rejubilei com nascimentos e fiquei enlutada com perdas.

Foram vocês, antes da maior parte da minha família e amigos a saberem do meu tratamento, foram vocês a saberem em primeira mão as minhas angústias de cada vez que o ânimo desmoronava, foi convosco que partilhei o meu positivo em 4 de Agosto. São vocês, interlocutoras sem rosto (na sua maior parte) que vivem o meu dia-a-dia desde Fevereiro de 2006, e que me deram vontade muitas vezes para prosseguir, porque cada vez que eu julgava que tinha um problema do tamanho do mundo, eis que aparece uma com um problema maior, pronta a reagir e a seguir em frente.

Algumas de vós tive o privilégio de conhecer pessoalmente, outras ainda espero conhecer um deste dias.

Para todas, as que conseguiram durante este ano realizar o seu desejo de fazerem nascer uma vida, para aquelas que como eu aguardam a chegada dos seus bebés de ouro, para as que continuam a luta, para as que tiveram o sonho na mão e o viram desvanecer-se (principalmente para estas últimas), quero desejar um ano de 2007 muito feliz e que consigam realizar todos os vossos projectos, independentemente de conseguirem a maternidade física ou não.

Espero estar cá para acompanhar os sucessos e para consolar nos desaires, porque se é verdade que espero os meus pipis, também não deixa de ser verdade que sei o que custou, em termos psicológicos, para chegar até aqui. A infertilidade é uma realidade, e nunca vai deixar de fazer parte da minha vida, nunca poderei ficar indiferente perante uma mulher que quer um filho e não o consegue gerar, assim como nunca ficarei indiferente perante uma mulher que teve o privilégio de gerar uma vida e se pretende desfazer dela, ou perante aquelas que maltratam os filhos até à morte ou os abandonam à sua sorte.

Esta dissertação toda, só para dizer que tive (até ao momento),um excelente ano de 2006, e só peço que o ano 2007, a ser mau, que seja como este que hoje se finda.

Espero que entrem todas com o pé direito, comam as passas e bebam o champanhe, subam nas cadeiras, etc. que eu por cá vou ficar quietinha cá em casa, e é provável que nas 12 badaladas já esteja embalada a dormitar, porque este estado de pré-mãe, obriga-me a acordar muito cedo para dar o pequeno almoço aos pipis senão eles ficam zangadinhos e cheiinhos de fome.

Excelente 2007 para todas!

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Prognósticos... Antes do jogo...

Ora cá fui eu espreitar os prognósticos para o ano 2007, e vejam lá o que dizem as cartas:

PEIXES – Cartas do ano:
O Mundo, O Mago, A Justiça e a Estrela
Peixes terá um ano excelente já que vai saber aproveitar da melhor forma possível as oportunidades que vão surgir. Goza de uma protecção e sorte invulgares mas também há que trabalhar para que esta influência se mantenha. Começará o segundo semestre com energias fortes e vigorosas, terá evoluções muito positivas que o levarão a uma transformação radical na sua forma de estar. Deixe de se punir tanto e confie mais nas suas potencialidades.
No sector sentimental vai passar a dar mais importância à sua actual relação, para trás ficarão dúvidas que em nada beneficiavam a vida a dois. Viverá momentos muito felizes ao longo do ano com mais intensidade a partir de Março. É uma boa altura para fazer planos para uma união. Em Outubro terá de tomar algumas posições de força para chegar a uma definição por vezes terá de se mostrar egoísta para defender as suas convicções pessoais mas no final vai obter o que mais deseja.
No sector profissional terá de fazer de tudo um pouco e não poderá contar com grandes ajudas ou apoios mas também não se vai importar muito com isso já que achará sempre uma forma de se divertir aprendendo a fazer coisas que até então não sabia fazer. O segundo semestre será estável e sólido tudo correrá dentro dos seus planos. Terá de fazer algumas análises e a opinião dos outros pode mesmo ser muito importante. Não terá problemas económicos. Na saúde os seus joelhos podem trazer-lhe alguns problemas.
Melhor compatibilidade com: Caranguejo e Escorpião
Mais desentendimentos com: Gémeos e Balança

Agora que já tenho os prognósticos vou "sornar" mais um bocadito.

Beijos a todas

PS: Sim a prenda no sapatinho foi a confirmação do sexo dos Pipizes: Um Pilocas e uma princesinha...

segunda-feira, dezembro 25, 2006

E no sapatinho...

Este ano, esta foi a nossa prenda, também não tínhamos pedido mais nada...

Queria também partilhá-la convosco, por isso muda o "template" deste blog. O caminho, agora em terra firme, tem tido alguns espinhos, mas tenho fé que chegue o dia em que eu possa desembrulhar os meus presentinhos e finalmente tê-los comigo, e nesse dia mudaremos novamente o "template".


Feliz Natal para todas

terça-feira, dezembro 19, 2006

E a sorna continua...

Num pequeno interregno da minha sorna lá fui eu, a semana passada à consulta e... Mais importante ver os pipizinhos.

Como já era de esperar, a sorna continua, nada de abusos, o máximo de repouso possível.

Os pipizes estavam um mimo, gordinhos, mexidinhos e exibicionistas como é apanágio deles. Com 23 semanitas já pesavam: O mais exibicionista 600 grs; O mais calminho 590 grs. Pois com umas térmitas destas como é que a mãe podia aguentar a barrigota e continuar a andar por aí. Vi algures num site qualquer, que os bebés com 24 semanas pesam à volta das 540 grs, os meus pipizes com 23 pesavam já mais um bom bocado e são dois.

A barriga da mamã está enorme (não! não vou colocar aqui no blog!), ainda noutro dia quando fui à Segurança Social entregar os impressos a Srª que os recebeu me disse:

- Pois também deve estar quase não é?....
Eu para ela:
- Não ainda falta muito tempo...
Ela olha para a Declaração do médico e vê lá data prevista para o parto 30/03/2007:
- Ah pois falta...

Esta semana vamos a mais uns examezitos na sexta-feira, parece que é a única coisa que se faz quando se está grávida...

Beijos a todas

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Os benefícios da sorna...

Depois de quase duas semanas de reclusão intermitente, achei que deveria fazer um pequeno balanço da situação, e fazer uma análise "swat" da mesma (os pontos fortes e pontos fracos). Tal exercício, serve não só para não ficar "biruta" de todo, como também para arranjar alguma "coisinha" para fazer. Então lá vai:


Pontos fortes da sornice:

- Na sorna não precisamos de nos levantar cedo, podemos degladiar-nos na cama o tempo que nos apetecer, sem remorsos:

- Na sorna podemos gozar com o cara metade quando ele se levanta morto de sono para ir trabalhar, depois de uma noite mal dormida, porque nós, as sornantes demos 500.000 voltas durante a noite para arranjarmos posição;

- Na sorna não gastamos resmas de dinheiro em sapatos, carteiras, roupas, cabeleireiro, depilação e outros, até porque passamos a maior parte do dia de pijama ou de fato de treino, com o cabelo amarrado e os olhos remelentos;

- Na sorna despertamos os mais diversos sentimentos de piedade aos familiares, que por isso mesmo teimam em encher-nos a casa de bolos, bolachas e bonbons, o que contribuí para que a sornante das duas uma: Ou enjoe toda a qualidade de doces, ou então fique tipo elefante e seja preciso alargar as portas quando sai de casa. Eu ainda não decidi que tipo sou, mas acho que estou mais a caminho do tipo dois...

- Na sorna, ouvimos todo o tipo de histórias de desgraças e afins que aconteceram com as pessoas amigas, familiares e amigos, só para as pessoas nos tentarem dizer que vai tudo correr bem;

- Uma sorna na altura do Natal é muito benéfica para o PIB português, o pessoal não pode ir ás compras, logo não vai às lojas dos "chinos", logo não contribui para o aumento das importações, o que logo vai contribuir para o equilibrio da Balança Comercial.

- Na sorna se ganharmos o vencimeto a 100%, ainda ganhamos mais do que a trabalhar...

Pontos fracos:
- Na sorna, apesar de termos todo o tempo do mundo para dormirmos, não nos apetece, nem temos posição para o fazermos...

- Na sorna apesar de estar frio, ansiamos pelo momento de pormos o nariz fora de casa;

- A sorna é uma grande seca...

Apesar de tudo, acho que os pontos fortes ocupam mais espaço que os pontos fracos, sobretudo porque a causa da sorna é a maior de todas as causas...

Beijos a todas (cheios de sorna)

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Parabéns

Pois em época festiva também há quem esteja de parabéns, queria deixar um grande beijinho de parabéns às minhas amigas:

Cris e Tiquinha

Que realizem os vossos maiores sonhos durante este ano, que a vida vos dê tudo de bom!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

De volta a terra firme...

É de onde escrevo estas palavras, de terra, apeada da minha viagem por voos mais altos. E é por cá que vou permanecer por tempo indeterminado.

Fomos forçados a aterrar, os pipis e eu, estamos em casa a descansar e a tentar que esta aterragem seja apenas mais um ponto de passagem para uma descolagem maior. Com muito medo, mas também com muita esperança. O que podemos fazer agora é esperar.

Beijos a todas

sexta-feira, novembro 24, 2006

Perguntas idiotas... Respostas cretinas...

Andava eu na minha vidinha, outro dia, quando encontrei uma pessoa conhecida que já não via há algum tempo, quando olhou para a minha barriga, a pergunta inevitável surgiu:

- Então o que é isso que eu estou a ver? É verdade????
Eu resignada lá respondi
- É verdade é (será que a criatura julga que eu engoli um barrili de cerveja?)
- Então e é menino ou menina?
Eu
- São gémeos, e não quero saber o sexo...
Resposta da criatura
- Gémeos??? Mas gémeos porquê???
Ora aí está uma boa pergunta idiota pensei eu:
- Porque sim! (resposta cretina)

Depois deste diálogo de surdos, me despeço com os desejos de bom fim de semana, por cá tudo muito redondo.

Beijos a todas

terça-feira, novembro 14, 2006

A distância que vai...

Reacção da mãe de uma adolescente que chega a casa e lhe diz que está grávida:
- Oh filha onde estavas com a cabeça?
Resposta pronta da filha:
- No tablier do carro..

Esta anedota, aparentemente sem piada nenhuma, tem andado a pairar na minha cabeça nos últimos tempos, porque eu até nem estava com a cabeça no tablier do carro na hora H.

Hoje vim fazer um post melodramático, assim ao estilo do cinema mudo francês (ou do cinema falado, até porque a diferença é pouca), porque o meu estado de espirito é mesmo esse.

Este fim de semana, tive uma aterragem de emergência, no fundo foi o primeiro susto destas 18 semanas. Mas como e estado psicológico é tão periclitante, basta até um sopro para me fazer chorar "baba e ranho" e para eu começar a fazer logo a fazer filmes de terror.

De sexta para sábado tive uma intensa dor abdominal do lado direito da barrigota, o bom senso dizia-me que aquela dor por certo não seria nada com os Pipis, mas o a lado emocional sobrepõe-se a tudo nestas horas,e não nos deixa pensar. Depois de uma noite sem dormir, lá vai ela de malas aviadas para o hospital com o estomago embrulhado e o coração nas mãos.

Diagnóstico: Inconclusivo, os Pipis lá estavam quietinhos e bem com os coraçõezinhos a bater, estavam cheiinhos de fome, porque com a brincadeira toda a mãe não conseguiu comer nada... Tive direito a sermão e tudo.

Tratamento: Benuron, repouso e... Aguardar...

Domingo, alguns benurons depois: A dor cedeu, deu lugar a um pequeno caroço no fundo da barriga, do lado direito. Mais filme... Mas decidi aguardar até segunda feira (até o médico tem direito a descansar).

Segunda-feira, depois de um telefonema ao médico, ordem de marcha para a urgência para vermos o que se passava.

Diagnóstico: Pequena hérnia de esforço, que se piorar pode necessitar de cirurgia.
Tratamento: Poucos esforços, cinta "gigante" e aguardar... Sempre aguardar...

Ontem era dia de consultas de infertilidade lá no hospital, estavam lá uma quantidade de casais, aos quais reconheci aquele misto de resignação e esperança, que caracteriza todos os casais que andam nestas lides. Enquanto esperava, ao olhar para eles quis chorar; quis gritar-lhes bem alto, que fugissem, que saissem dali, enquanto ainda conseguem controlar os acontecimentos das suas vidas, quis dizer-lhes que o tão almejado positivo é só o primeiro passo para a loucura absoluta, e que aquilo que passam nos tratamentos não é nada comparado com o que vão passar depois do positivo.

A linha ténue entre a sanidade e a demência absoluta, o medo, o terror puro e duro, é a distância que vai entre o positivo e a conclusão de uma gravidez, principalmente se for gemelar. Olho agora para trás e vislumbro todo o percurso que fiz entre 4 de Agosto e hoje e sei que foi de sobressalto, de susto, e a determinada altura de puro medo.

Lembro da minha vida anterior a 26 de Junho e vejo, que apesar do "handicap" da minha vida, eu ainda conseguia rir, andava despreocupada. Hoje só quero procurar um refúgio para poder enfiar a minha cabeça. Daí a anedota da cabeça no tablier... A minha estava na marquesa.

Esta amigas é a distância que vai...

Beijos a todas

quarta-feira, novembro 08, 2006

O maravilhoso mundo da informática - parte 5000

Pois é amigas, vim cá para deixar notícias rapidinhas acerca da minha ausência. Está tudo bem (pelo menos aparentemente) comigo e com os "meus ricos filhos". Estive a semana passada no médico e ele achou que eles eram umas "peças" das boas. O meu gémeo exibicionista, não parava de se mexer e de se virar, pelo que o médico considerou a mobilidade dele de excelente (acho que deve ser bom), enquanto eu não conseguia parar de pensar: "Este vai ser bom para a tosse, vai, vai!"

O outro Pipi, o mais calmo, também se mexia bem e parece estar em boas condições físicas pois encaixa-se cá no fundo da barriga da mamã e só depois de eu lhe dar alguns "piparotes", é que consigo "pôr o tipo a mexer". Isto serve também para dizer que já sinto os pequenotes, ainda que ténuemente.

A barriga, cresce, cresce, cresce, e... cresce!

Não tenho vindo cá porque tenho os meus pcs todos (todos mesmo) sem internet, o que único que se safa é o de casa e nem sempre o posso utilizar porque o A nem sempre está pelos ajustes. Os vírus e o spyware infestaram os pcs e isto tem sido horrível, trabalho acumulado, trabalho por fazer, dores de cabeça, "ranger de dentes", etc...

É o maravilhoso mundo da informática no seu melhor!

Logo que possa retomo as lides nos vossos bloguinhos para ver as novidades de cada uma das minhas meninas. Espero encontrar muitas e boas!

Beijos a todas

sexta-feira, outubro 27, 2006

Sexo?...

Não, Não pensem que eu depois de velha e neste estado em que me encontro vou fazer uma post "Hard-core". Nada disso, ainda vão ter de esperar um pouco para terem um post meu "apicantado", mas também existem centenas deles que descrevem "a coisa" muito melhor do que qualquer "dirty movie", que podem ser consultados.

Do que vou falar é de clichés, "lugares comuns", "frase feitas".

Todas sabemos, que as raparigas/mulheres quando atingem um determinado estado etário, são confrontadas pelos seu entes conhecidos (familiares, amigos e reles conhecidos) com a seguinte pergunta: "Então e tu quando casas?" - partindo estas pessoas do principio que é um dado obrigatório e adquirido o casamento. E se as pobres por qualquer motivo não casam e fazem o gosto ao pessoal, serão inquiridas até aos restos dos seus dias, tendo em consideração que quanto maior for a idade, maior será a crueldade dos comentários que se juntam à simples pergunta.

Ora, se se prossegue para o dito enlance, temos que surge inevitavelmente outra pergunta, e existem até pessoas que no dia do casamento, não deixam de a fazer: "E filhos para quando?" - também aqui, partindo do pressuposto que o casal em questão é obrigado a ter filhos, isto quer queira quer não, e pior ainda, como todas sabemos - Se os pode ou não ter - é claro que nesta fase as nossas respostas ainda são ingénuas e até nós julgamos que fazer um filho é chapa 5. Mas não é disso que vou falar (até porque todas nós sabemos bem demais o significado da palavra infertilidade). Claro que essa pergunta, bem como a outra anterior sobre o casamento, se vai tornando mais e mais insistente à medida que passam os anos, e chega, quantas e tantas vezes cheia de segundos sentidos e palavras maldosas.

Quando por fim, se consegue o casamento e os ditos rebentos, eis que surge um outro cliché: "Então já sabes o sexo?" - A pessoa, chega de uma consulta, duas consultas, três consultas, e as pessoas não querem saber se as crianças estão bem... Querem saber qual é o sexo... Ora, e também aqui não se admite que a pessoa tenha o direito de optar por saber ou não saber, ou até que nem queira saber de todo.

Isto tudo para vos dizer minhas queridas amigas, que eu não quero saber o sexo dos meus pipis, não quero saber se são gajos ou gajas ou até um casal. Quero e isso sim, em primeiro lugar que sejam... Depois se conseguirmos que sejam, que sejam saudáveis e perfeitos, e por fim que consigamos criar pessoas de bem. A única verdadeira surpresa que a vida nos pode fazer é esta, quero aproveitá-la até quando puder, e depois eu amo estes pequeninos seres sejam eles o que forem.

Ah, e não esquecendo que quando nascem os pimpolhos, a pergunta que se faz de seguida, é inevitável: "Então e o segundo quando vem?" - se bem que no meu caso, o pessoal vai ficar um bocado baralhado, porque, a correr tudo bem, serão dois, então já não me podem perguntar pelo segundo, será que vão perguntar pelo terceiro??? Vai ser duro...

É claro, que na sua maioria as pessoas não fazem por mal, é só um sentimento instituído, a que ninguém consegue fugir. E nós muitas vezes também não. O que é certo é que é assim mesmo, não conseguimos evitar.

Beijos a todas e bom fim de semana

quarta-feira, outubro 25, 2006

Flores de Aço

"A bondade dá-se com doçura, gentilmente, caindo como pequeninas sementes, ao longo do caminho - e enchendo-o de flores."

Este post, é um post adiado. É algo que já deveria ter sido escrito há algum tempo, mas por um motivo de força maior, ficou adiado. Não ficou esquecido, não ficou desprezado, ficou simplesmente adiado.

Este excerto inicial, é de um livro, que me foi dado por uma amiga, e que outra amiga da blogosfera tem outro igual, e é, a meu ver exemplificativo da amizade que temos vindo a construir ao longo de alguns meses. Essa amizade, não é feita de coisas grandiosas, não é alimentada todos os dias com grandes encontros, não é uma amizade comum, ela é feita de pequenos nadas, todos os dias, e é feita da comunhão da partilha de sentimentos tão particulares que só quem se encontra dentro deles consegue partilhar.

Conheci mais uma amiga da blogoesfera, que ansiava há muito tempo por conhecer. Uma amiga de grandes e pequenos momentos, de bons e maus momentos. Adorei conhecer a nossa Cris.

Ainda me lembro da primeira vez que ouvi a voz desta amiga ao telefone... Lembras-te cris?

Juntamente com ela, fizemos uma visita à nossa amiga Tica que estava (e está) a passar um momento bastante penoso nesta luta tão desigual. Foram momentos muito agradáveis que espero repetir em breve. Obrigada amigas pelo vosso carinho! Sempre tão presentes, ainda que distantes.

Quanto à minha "mega" viagem, estou em mais um aeroporto de escala, e estou em casa. Fui fazer a amniocentese aos meus dois viajantes, para saber se eles são giraços e saudáveis como a mammy e o pappy, e aguardo uns dias para voltar ao trabalho.

O exame, em si não custou muito. Mas o receio que sentia era mais do que muito, porque confesso que ando um bocado psicótica com todos os eventos negativos que têm acontecido por cá. Ainda não ando na fase de montar uma "banquinha" algures, porque não decidi ainda se é melhor ir para a porta do hospital ou para a porta do meu meu médico. Mas, confesso que me tenho contido para não cometer excessos...

Tenho uma admiração extraordinária por todas mulheres que encaram as adversidades mais horrendas, caem e se levantam de seguida prontas para a luta, e daí o título do meu post. Elas são as verdadeiras "Flores de Aço", e existem muitas por cá. A elas, quero prestar a minha homenagem, e mais uma vez reafirmar o meu orgulho em ser mulher.

Somos seres sublimes sempre prontas a lutar por aquilo que pretendemos, somos construtoras de quimeras, tão depressa estamos de rastos, como voltamos em grande estilo. Enfrentamos o mundo, se preciso fôr, para prosseguirmos os nossos objectivos, ainda que eles sejam algo tão insignificante como comprar um vestido. E quando a vida nos coloca à prova, quando julgamos que não vamos conseguir dar nem mais um passo, eis que nos reerguemos das cinzas e voltamos a atacar. É BOM SER MULHER!

Beijos a todas

segunda-feira, outubro 16, 2006

O insustentável peso da realidade

Quando pensei escrever um post hoje, longe de mim pensar que o iria escrever sob um sentimento de tristeza tão profunda, mas a vida não os pertence e a verdade é que devemos vivê-la um dia de cada vez, sem fazermos grandes planos para o futuro, ainda que seja ele tão próximo como amanhã.

Menos de um mês depois mais um sonho que escapou por entre os dedos de uma amiga, mais um terrível desfecho para uma bonita história, mais uma vez luto na alma e no coração...

Não consigo e não sei expressar aquilo que sinto tal foi a dor que tomou conta de mim quando soube...

Sei que nenhuma palavra do mundo vai conseguir encontrar o caminho do coração da nossa amiga neste ou em qualquer outro momento, só espero que ela consigo de alguma forma prosseguir...

Beijos a todas

quinta-feira, outubro 12, 2006

O prometido...




A mamã apresenta:

Em cima os 2 Pipis, com destaque para o Pipi "exibicionista" do qual podem ver os bracinhos e as perninhas, o outro Pipi está de costas;

Em seguida, temos o Pipi "exibicionista" e "last but not least" o Pipizinho "tímido".

Desculpem a demora mas isto tem sido uma correria muito grande.

Beijos a todas

quarta-feira, outubro 04, 2006

Outra vez os Pipis

Na segunda-feira lá fui outra vez ver os meus Pipis. Fui fazer a eco das 12 semanas. Não vim cá antes contar os pormenores, primeiro porque tenho tido montes de trabalho, e segundo, porque a médica que me fez a ecografia era muito pouco comunicativa e eu saí de lá um pouco baralhada, e só quando falei com o meu médico fiquei mais sossegada, e soube os pormenores.

Os Pipis estão bem, tenho um Pipi "exibicionista" (como a mamã) e outro tímido (como o papá). Isto porquê? Porque durante o pouquíssimo tempo que me foi permitido ver os meus filhos, o gémeo nº 1 (é assim que lhes chamam os médicos) estava eufórico a dar aos bracinhos e ás perninhas, tipo a fazer pose para a foto. Ora o gémeo nº 2, mais recatado, estava de costas voltadas para o pessoal. Uma ternura...

De resto, estão com uma idade ecográfica superior à gestacional, o que só pode significar que vão ser uns Pipis grandinhos como os papás. O Pipi "exibicionista", o mais pequeno, tem 60 mm e o Pipi "tímido" tem 64 mm, o que demonstra que enquanto o outro se exibe e se cansa, ele aproveita para se banquetear sózinho e cresce mais...

As medidas da nuca também estavam bem, e ao que parece são uns belos Pipis.

Hoje fui fazer a primeira colheita para o Rastreio Pré-Natal integrado, para vermos qual é o risco dos Pipis terem alguma anomalia genética. esta colheita, juntamente com a eco e com a segunda colheita, determinará se vamos fazer a Amniocentese ou não.

Vou ver se o papá faz um "scan" da eco para vocês verem os Pipis ao vivo e a preto e branco.

Beijos a todas

domingo, setembro 24, 2006

Corações ao alto

Ontem fomos a Fátima, eu, os pipis, e o A., depois dos acontecimentos dos últimos dias, andava muito triste e angustiada, e de alguma forma, naquele lugar consegue-se obter alguma paz.

Durante todo o tempo de duração deste problema da infertilidade, nunca fui pessoa de pedir ajuda aos "céus". De alguma forma parecia-me pouco razoável, que uma pessoa com boa saúde, com bom emprego, com uma família toda ela saudável e sem problemas pudesse recorrer ao desespero de solicitar ajuda divina, para um problema, que quer queiramos ou não, não é de "vida ou morte". E por isso, nunca, em ocasião alguma, nem nos meus momento mais sombrios eu pedi para poder gerar uma vida dentro de mim, para poder ter o privilégio de ter um filho.

Sempre achei que se esse privilégio tivesse de me ser concedido seria, senão é porque não estava destinado a ser, e guardei as minhas preces para momentos mais sérios e delicados da minha existência. Não que o facto de não conseguir gerar um filho não seja um assunto sério, nada disso, simplesmente acho que não é a razão una e fundamental da vida de qualquer pessoa. E, perante pessoas com problemas de saúde graves a morrerem nos hospitais, famílias sem emprego a viverem à míngua, ou crianças a serem mortas à pancada... O meu problema era de facto muito pouco relevante.

No entanto, desde que carrego estes pequenos seres dentro de mim, a postura mudou, e a peço constantemente nas minhas orações a graça de poder gerar uns filhos saudáveis, perfeitos, e que me seja dada a capacidade de criar pessoas de bem. A partir do primeiro momento que vemos aquelas "saquinhos" de vida dentro de nós muda toda a nossa postura, e vivemos só preocupadas com eles: Se a gravidez vai correr bem, se vamos conseguir levar a gravidez a termo, se eles vão ser saudáveis, perfeitos, etc, etc.

Acho que a nossa função de mães começa naquele exacto momento, para não terminar nunca mais. Noutro dia aconteceu-me um episódio caricato: Estava a dormir e cerca das 4 da manhã, ouvi uma travagem seguida de choque mesmo em frente a minha casa, acordei sobressaltada, e não quis ir ver o que se passava pois os acidentes impressionam-me imenso. Calculei que fosse algum jovem de regresso de uma noitada bem bebida que tivesse tido aquele acidente, e pensei que aquele sossego que tenho agora durante as noites, em que posso dormir descansadamente pois sei que a familia está toda reunida e em segurança, acabará a partir do momento em que nasçam os meus filhos. A partir daí serão poucas as noites inteiras e descontraídas que terei, até ao resto da minha vida, eles são parte de mim e o meu pensamento estará sempre com eles.

Depois dos acontecimentos dos últimos dias, em que mais uma vez vimos o destino manifestar-se da sua forma mais cruel, o peso da realidade submergiu-me. Como sabem, eu sempre disse, desde o primeiro momento do meu positivo, a guerra não está ganha, foi só mais uma pequena batalha que se venceu. É evidente que continuo a pensar o mesmo, mas inevitavelmente, ao sabor do tempo que passa, ganhamos mais confiança e aligeiramos um pouco a pressão a que estamos sujeitas. É evidente, que não devemos aligeirar. Eu não sou a típica portuguesa, ou seja eu não julgo que "acontece só aos outros", acho que o que acontece aos outros é muito possível que possa acontecer-nos a nós, até porque nós não somos em nada superiores aos outros, somos feitos da mesma matéria e concorremos com as mesmas possibilidades.

Então ontem fomos a Fátima, fui queimar 2 velas pelos nossos pipis, e pedir para eles a protecção divina. Pedi por nós e por todas vós, para que possamos prosseguir a caminhada sem mais sobressaltos e que cheguemos ao fim esperado. Se não o conseguirmos, que nos seja dada coragem de enfrentarmos o que nos estiver reservado sem revolta, e com força.

Beijos a todas

quinta-feira, setembro 21, 2006

Luto

Estou esmagada com o peso da notícia que abriu a minha tarde. A crueldade da vida é acutilante para certas pessoas e para esta amiga de luta tem sido madrasta.

De rastos com o peso da realidade e com um olho muito receoso no futuro, não esquecerei que o castelo de cartas pode desmoronar a qualquer momento.

Oxalá pudesse de alguma forma aliviar o sofrimento daquela mãe...

sexta-feira, setembro 15, 2006

Outro Rescaldo

A felicidade que me invadiu quando soube a notícia do Positivo desta amiga foi tanta, que pouca coisa se aproveitava daquilo que dizia. Pior! Estava em pleno trabalho, com camadas e camadas de gente à minha volta e nem sequer podia manifestar-me livremente! Entre uma coisa e outra lá consegui conciliar os pensamentos e os sentimentos e hoje, aproveito um pequeno pedacinho e venho aqui, prestar a merecida homenagem a esta grande AMIGA.

A verdade é que as vitórias sofridas são as mais saborosas, mas confesso que tanto sofrimento causa dor e apreensão nas pessoas que rodeiam a pessoa que sofre. Mas ainda mais (e isso é certo) na própria pessoa. AMIGA, sei que passas-te um dos momentos de maior angústia da tua vida, mas a recompensa chegou! Chegou e vai ficar contigo nos próximos 9 meses e durante o resto da tua vida. E a alegria que te vai dar vai compensar em dobro todo o sofrimento por que passaste.

Se te disser que não fiquei mais alegre com o meu positivo do que com o teu, sabes que é verdade, o meu foi um conjunto de factores que se conjugaram e fizeram com que eu tivesse a dita "sorte de principiante", o teu foi sofrido desde há 6 anos para cá e muito chorado. É evidente que estava mais do que na hora de teres um pouco de descanso e muita alegria.

Por isso querida AMIGA, aproveita agora cada dia de cada vez, com muito descanso e moderação, e esperemos juntas pelo dia em que vais ver o teu bébé pela primeira vez.

Milhões de beijos

segunda-feira, setembro 11, 2006

"Nine Eleven..."

O dia que mudou o mundo...

Recordo que em 11 de Setembro de 2001 estava a comprar uma "toilette" para um baptizado que ia acontecer no dia 30 de Setembro, estava a pagar quando olhei para a televisão e vi as diferentes frentes dos ataques: As torres gémeas, o Pentágono, etc. Lembro-me que fiquei em pânico, por aquela altura ainda os americanos andavam como "baratas tontas", e eu não fiquei melhor. Cheguei a pensar devolver a "roupita", porque pensei que se calhar nem iria ter tempo de a usar...

No dia seguinte, recordo que a minha irmã trouxe para a sobremesa do almoço 1 Bolo Rei, não sabia se chegaríamos ao Natal para o comer e achou que não deveríamos perder a oportunidade ainda que em pleno mês de Setembro.

É impossível ficarmos indiferentes a tal carnificina, de facto, nenhum de nós voltou a encarar o mundo da forma como o encarávamos até então. Acho que os americanos então, não devem andar descansados um só dia, só de pensarem que todo o seu mundo pode ruir.

Depois com a sucessão de ataques em Espanha, na Inglaterra, todos nós ficamos com a consciência que ninguém está em paz enquanto o fanatismo religioso reinar em certos países. Nenhum de nós pode dormir descansado enquanto tal suceder. A nossa visão do mundo mudou, espero que tenha sido para melhor, para que todos possamos construir um futuro sem ódios e sem fanatismos para os nossos filhos.

Ora, eu para recordar o 11 de Setembro, comecei o dia por ter de tomar 2 pequenos almoços, porque os pipis não perdoam... E 1 foi para o esgoto... Continuamos bem, pelo menos, enquanto os enjoos durarem, sei que eles lá estão e aparentemente devem estar bem.

O dia a dia corre normalmente, com muito trabalho muitos enjoos e cansaço à mistura. É evidente que ando muito feliz com os meus pipis. Creio que algumas amiguinhas acharam que eu estava a queixar-me no meu último post e acharam que eu seria talvez um pouco mal agradecida...

O que se passa, não é evidentemente a falta de felicidade pelos pipis, é realmente o corpo todo a ceder pelo estado de gravidez, é um estado completamente debilitante e prostrante em que me encontro, por vezes julgo até que estou doente. É evidente que sei que isto são sintomas naturais, e que ao contrário de fazerem mal, são sinais da boa saúde dos meus filhotes. Mas que custa... Ah isso custa! Por isso amigas, se eu me queixar dos pipis, já sabem que é de felicidade!

Beijos a todas

PS. Amanhã é um grande dia para uma grande AMIGA: "Tica, eu vou torcer para a realização do teu sonho, que o dia de amanhã te traga a felicidade dos enjoos também!"

terça-feira, setembro 05, 2006

2º Pensamento do dia...

Que sentimos quando passamos 15 minutos de joelhos com a cabeça metida dentro da sanita, sacudidas por vómitos intermináveis???

"Meu Deus que tens mais reservado para mim??"

Ontem foi dia de ir ver os Pipis!

Como é evidente, e acho que será mais do que normal, a ansiedade toma conta de nós nos dias anteriores. Se uma grávida dita "normal" tem ansiedades, nós, as futuras mães dos denominados "bébés de ouro", temos ansiedades a dobrar. Isto não é à toa claro, é fruto de tudo o que passamos para chegarmos a este frágil estado da nossa existência, é o receio de que a qualquer momento essa mesma fragilidade se revele e tenhamos de começar a construir o castelo de cartas outra vez. Acredito que temos receio de tudo.

Vários são os pensamento que nos povoam a nossa cabeça às vésperas de mais uma ecografia. Acredito que não somos todas iguais, que umas terão mais confiança do que as outras, mas também acredito que quem vive a experiência da infertilidade não encara, nem encarará algum dia mais, a experiência da maternidade de ânimo leve. Não quero com isto dizer que as outras ditas mulheres "normais" o façam, longe de mim, quero é dizer que nós provavelmente sentiremos as coisas de uma forma mais intensa, e tenho a certeza que em qualquer altura das nossas vidas, mesmo depois de nascerem os nossos filhos, quando ouvirmos uma história de um casal com problemas de infertilidade, ficaremos arrepiadas e seremos de imediato solidárias com essa ou essas pessoas.

Quando comecei a frequentar a blogosfera era descrente. Conhecia algumas pessoas, com vários ttt realizados e todos falhados. A minha crença na Medicina de Reprodução era muito limitada e por isso foi importante acompanhar todas as vitórias e derrotas vividas durantes estes meses, verifiquei que não existiam só ttt falhados, e histórias mal resolvidas. Vi que era possível acontecer e que os positivos, apesar de não serem ainda superiores aos negativos, têm vindo a aumentar, o que é de facto uma coisa boa. Vi sobretudo que as vitórias são importantes para insuflar a confiança naquelas que aos poucos vão perdendo as esperanças, e em certos casos isso é muito importante.

Assisti com incapacidade mórbida a alguns insucessos repetidos, e a algumas vitórias retumbantes. Compreendi que em grande parte dos casos a parte psicológica da questão tem uma importância fulcral, e essa é, de todas as variáveis a que acredito que acaba por fazer diferença entre o sucesso e o insucesso. Acredito que o acompanhamento psicológico desta questão é fundamental.

Agora adiante! Vou contar-vos como correu a a ecografia das 8 semanas e 3 dias dos Pipis. Correu bem, eles estão uns super bébés! Um tem 19,10 mm e o outro 18,80 mm, já se tornam mais nitidos na eco. E aquilo que vimos como um sendo só um coração a bater dentro de um saco, agora já se nota a cabecinha tipo girino. As placentas estão bem definidas e ao que parece muito bem. Aquele que era mais pequenino evoluiu para o tamanho aproximado do outro, e ao que parece implantaram-se no mesmíssimo dia, ou com diferença de 1 dia.

O médico, o da infertilidade, o que nos vai acompanhar até ao nascimento (assim espero), achou que estávamos muito bem. Já trouxe uma quantidade de análises para fazer e já tenho a eco do primeiro trimestre marcada para 2 de Outubro.

Os enjoos não dão tréguas, o cansaço também não, por vezes sinto-me num estado deplorável, mas é natural os 2 Pipis estão a precisar de toda a energia da mãe para a sua formação, e eu espero que eles a aproveitem bem aproveitadinha, que eu cá me vou aguentando. Agora, já lhes prometi uma semana de castigo para quando nascerem... Isto lá é coisa que se faça??!!?

Beijos a todas

quinta-feira, agosto 31, 2006

Desafio aceite

Respondendo ao desafio da amigalhaça Cris, vou então tentar dizer aqui 6 características minhas:

1º Tenho um humor (negro) indestrutível;
2º Perspicácia a toda a prova;
3º Persistência, adoro obter aquilo que quero;
4º Perfeccionista, o meu marido que o diga...
5º Amiga: Quando gosto, gosto muito... Quando não gosto sou uma peste!
6º Intuitiva a 100%

Bem, enfim isto é o que eu acho...

Relativamente aos pipis, quero dizer-vos que na próxima 2ª vou fazer mais uma eco, e uma consulta para dar andamento às primeiras análises e para ver se está tudo a correr bem. A pequenada continua a não dar descanso à mãe, e nem o Nausefe ajuda muito, isto é realmente muito aborrecido, mas a alegria de os ter compensa qualquer desgaste.

Não quero terminar sem deixar um pensamento muito positivo à Tica que teve hoje o seu campeão.

Beijos a todas

domingo, agosto 27, 2006

O regresso

Pois é amigas, costuma-se dizer que tudo o que é bom acaba depressa. Este caso também não foi diferente, as minhas fériazitas "are coming to an end". Foram umas boas férias, ainda que diferentes daquelas a que estou habituada. Foram as minhas primeiras férias grávida, foram as minhas primeiras férias sem poder fazer absolutamente nada daquilo que gosto: Viajar, navegar, andar de bicicleta, beber uns copos, e fazer maratonas de praia...

Descanso, descanso e mais descanso!

Moderação foi a palavra de ordem, até porque andávamos os dois um pouco aéreos com toda esta situação, se calhar incrédulos é o termo que se adequava mais ao nosso estado de espírito.

Em meados da primeira semana de férias começaram os enjoos, assim timidamente, como quem não quer a coisa. Era aquela comida ou aquele cheiro que me incomodava um bocado, era isto e aquilo que não conseguia comer. Com o passar dos dias foram evoluindo, e deixou e ser um ligeiro incómodo para ser uma aversão declarada. Passava o tempo a dizer: "Ai, tira-me isto da frente..." - seguido do embrulho completo do estomâgo.

O olfacto...

Cheiro tudo e mais alguma coisa, tudo me parece estar em cima de mim a esmagar-me, cheiro o hálito daqueles que estão próximos de mim, como se eles estivessem em cima de mim, os perfumes, as comidas... Até uma micro fuga de gás na minha casa de praia... É tudo muito intenso.

Por fim chegou o dia da eco, dia 21, muitos nervos misturados com mais enjoos, quando cheguei ao hospital ouvi logo: "Ai! A M está mesmo com cara de grávida!"- respondi: "Não me goze Dr...."

Fomos, fazer a eco: "Esta mulher... É logo tudo de uma vez..." - pergunto eu: "São 2?" - responde ele: "Por enquanto são..."- digo eu: "Ai meu Deus! Mais do que 2 não!"

Vimos então o milagre da vida aqueles 2 saquinhos a palpitar, os coraçõezinhos dos nossos Pipis (nome carinhoso que adoptamos para nos referirmos aos nossos filhos, e pelo qual os apelidarei a partir de hoje até terem o nome descriminado), a baterem. Foi muito emocionante, o Papá abocanhou logo a primeira foto dos filhotes e guardou-a na carteira junto com as da mamã, para poder exibir a toda a gente.

Os enjoos têm vindo a aumentar gradualmente, e nem o Nausefe, consegue melhorar muito a situação. Além do mais o Nausefe deixa a mãe "pedrada" para além de enjoada, o que tem tornado a minha vidinha nos últimos dias um bocado complicada. Se a gravidez é um "estado de graça", espero que esta fase passe depressa, porque quem olha para mim julga que sou a mulher mais "enjoada" do mundo. So consigo comer pão e comidas desensabidas, e tudo em muito pouca quantidade, já emagreci uns kilitos...

Amanhã começo a trabalhar, acho que nunca estive tão desejosa disso num final de férias, estou cansada de não fazer nada, espero no entanto, aguentar a pedalada, se bem que vou reduzir drásticamente o ritmo de trabalho.

Quero agradecer a todas o carinho que me demonstraram, e começar logo que possível a visitar os vossos cantinhos para saber das novidades.

Claro que não podia ir sem desejar à minha amiga do coração, que amanhã seja mais um passinho rumo ao sucesso. Tica, se depender de torcida, juro que vai correr tudo bem.

Beijos a todas

segunda-feira, agosto 21, 2006

Notícias...

Invadi este canto por uma boa causa.
A nossa menina está bem, já com os seus enjoos e desejos ( aos quais tem todo o direito..).
Hoje foi a ecografia de confirmação, está tudo a correr bem e a stardust é a mais recente mamã de Gémeos!!
Quando voltar aposto que nos delicia com mais um daqueles relatos que só ela sabe fazer...

Tikinha

sábado, agosto 05, 2006

Rescaldo

Já mais recomposta dos acontecimentos, volto hoje, para com mais calma fazer um ponto da situação. Se bem que ainda me parece que estou a viver a vida de outra pessoa, e que sou simples espectadora de um evento muito feliz.

A análise Beta deu 221, se não me engano, porque confesso que no estado em que fiquei, esse pormenor me pareceu insignificante. O que interessa é que é, como disse a enfermeira: "É um positivo bastante positivo."

Tal valor, não significa, pelos vistos que sejam 2. Segundo o médico provavelmente será só 1. Para mim tudo bem, desde que venha e seja saudável.


Agora iniciei mais uma etapa nesta guerra, porque nada está ganho, apenas pequenas (grandes) batalhas. Mas queria deixar aqui mais um exemplo de que esta luta não é inglória, aos pouquinhos e com muita calma vamos conseguindo que as coisas se resolvam na nossa vida. É claro que nunca podemos esquecer que é com passinhos de tartaruga que vamos avançando, mas também é sempre melhor a vitória quando ela é muito, mas muito mesmo suada.

É também importante reiterar a confiança numa instituição pública que me acompanhou, para que se veja que nem só os ttt nas privadas dão resultados positivos. O nosso hospital (meu, da Claudia Vieira, da Tica, da Alexandra) tem de facto um serviço de medicina de reprodução muito bom, os diversos positivos ultimamente obtidos demonstram isso mesmo.

Vou de férias hoje, por isso andarei desaparecida por 3 semanas, não será por vos ter esquecido, somente pelas minhas férias. No dia 22, vou fazer a primeira eco para ver o meu pseudo baby. Alguém dará noticias por mim!

Quero antes de partir deixar uma agradecimento a todas vocês que estiveram comigo nesta hora, umas mais "habitués", e outras que se juntaram a mim na comemoração. Ás que já conseguiram progredir uma etapa mais na conquista do sonho, e aquelas que continuam na batalha. Foi bom contar com o vosso apoio.

Para a minha amiga do coração que vai iniciar o ttt em 16 de Agosto, espero que tudo corra pelo melhor: "Tica, tu tens de ACREDITAR!"

Beijos a todas

sexta-feira, agosto 04, 2006

POSITIVO!!!

É enorme a alegria que sinto... Não consigo dizer nada que se aproveite!

Beijos a todas, volto no rescaldo...

Obrigada do fundo do meu coração por todo o enorme carinho que me dedicaram.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Servidão humana...

Têm sido dias terríveis desde do dia 26 de Julho, quem já passou por este compasso de espera sabe daquilo que falo. Porque todos os motivos e mais alguns, parece-me lícito afirmar que esta será sem sombra de dúvidas a prvação das provações, e como sabem, não são poucas as que passamos.

Os primeiros dias foram de repouso, estive por casa, a ler,a ver TODAS as séries do AXN, as novelas da Sic, na internet com as amigas. Aquilo que nos parece tão agradável, como não ter nada para fazer, e poder dormir até que horas quisermos, torna-se de repente no maior dos nossos pesadelos, porque estamos confinadas a 4 paredes, e por muito que queiramos, a nossa mente não se consegue abstrair de pensar precisamente naquilo em que não deveria.

Dei por mim desesperada, nem conseguia comer, sentia-me enclausurada, presa á minha própria incapacidade, impotente para pensar, sentir ou fazer outra coisa que não fosse o resultado de uma mísera recolha de sangue dali a uns eternos dias. Era como se cada dia tivesse mil anos.

Na segunda não aguentei e voltei ao trabalho, com limitações é certo, porque de facto o meu ritmo diário é muito duro, pelo que optei por levar as coisas com calma. É claro que os dias passaram mais rapidamente, depois disso. Mas continuam a existir longas noites de vigilia, de ansiedade intolerável.

Amanhã é só mais um dia da minha vida, mas analisando de fora, parecerá mais o anunciar de um veredicto que se julgará de vida ou morte. Não sei se será por ser o meu primeiro ttt, o que é certo é que tem sido dificil de aguentar a pressão, e garanto-vos que sou uma pessoa bem habituada a pressões.

Queria deixar aqui algumas palavras antes do "D Day", porque amanhã não sei qual será a disposição. E não queria que o resultado, qualquer que ele seja influencie ou faça esquecer estes sentimentos vividos durante estes 9 dias.

Senti aqui, realmente a verdadeira submissão humana, as limitações impostas pela nossa frágil condição, senti que não valemos nada na imensidão da complexidade do nosso corpo. Dias houveram em que me senti confiante e achava que tudo ia correr bem, noutros dias a certeza do fracasso esmagava-me e só muito dificilmente conseguia conter as lágrimas. Fui uma companheira medonha para o meu marido, e uma filha e nora geniosa. Ás vezes (a maior parte) nem queria ver ninguém, quanto mais falar com as pessoas. Foi um mau bocado, e acredito que até ao minuto em que souber o resultado da bendita análise vai continuar a ser, porque na minha cabeça existe a certeza de que não há nada que eu possa fazer...

Amanhã dou noticias.

Beijos a todas

domingo, julho 30, 2006

Voar...

"O céu é o lugar onde o ar é gelado e onde respiras e vives, onde desejas poder flutuar, sonhar, correr e brincar todos os dias da tua vida. O céu existe para todos, mas só alguns ousam buscá-lo."


In Estranho à Terra

quarta-feira, julho 26, 2006

With arms wide open

Este é o nome de uma música que gosto muito. Hoje, acordei ao meio da noite, com esta frase na minha cabeça, e soube que ela revelava o meu estado de espírito e também soube que seria o título deste post, hoje, para todas vocês.

Foi de facto de braços bem abertos que recebemos hoje, dois novos passageiros nesta viagem, não sabemos se a sua permanência será curta, ou se pelo contrário iniciaremos aqui uma viagem para toda a vida. Esperamos que sintam já, o grande amor que temos para lhes dar e se esforcem para ficar.

Agora, aguardamos serenamente, o desfecho deste capítulo, mais um, feito de altos e baixos, encontros e desencontros, lágrimas e sorrisos. Muito mais maduros, porque ninguém fica igual depois de um ttt destes. Aqui vemos o que é a verdadeira limitação humana, passamos dias de constante sobressalto e nunca (nunca mesmo) sabemos como vai ser o dia de amanhã.

A verdade, é que a forma como somos tratadas pelos profissionais que nos seguem, é por demais importante, num processo tão delicado, que nos tráz no fio da navalha durante uma quantidade de tempo como este. Porque não é só o a fragilidade psicológica que temos ao iniciar este tipo de procedimento, o ttt em si, é muito desgastante. Daí a importância de sermos apoiados e acarinhados durante esta caminhada.

Quero por isso prestar uma singela homenagem aos profissionais que me assistiram, a todos, e muito em particular ao meu médico, que foi um verdadeiro Anjo-da-Guarda; Sempre presente, sempre com a palavra certa na altura certa, sempre calmo e carinhoso. Outro dia, dizia a uma das amigas do fórum, quando ela me perguntou quantos foliculos tinha e quanto media o endométrio, que não sabia e que não tinha perguntado porque a confiança era absoluta. Não menti, sei e sempre soube que o apoio cientifico era o melhor e que tudo o que fosse possível fazer em termos cientificos seria feito. As que já por aqui passaram sabem a importância de podermos fechar os olhos com confiança. Independentemente do resultado, sei que se fez o que tinha de ser feito.

Uma vez que hoje estou virada para a lamechice (bolas... Já estou a descambar), queria também agradecer a todas as minhas amigas virtuais, que têm tido sempre uma palavra de carinho para mim. É importante ter-vos aí.

Agora, como já estou cansada de estar a escrever só com um dedo, vou terminar por aqui, dizendo-vos que já estou fartinha de estar em casa...

Beijos a todas

segunda-feira, julho 24, 2006

Aterragem de emergência - afinal havia outra

A verdade é que, estas coisas dos tratamentos de fertilidade não são de forma alguma lineares, desiluda-se que julga que fazer uma FIV é dar umas injecções, tirar uns ovócitos e colocá-los e já está...Não é! Existem tantas variáveis neste procedimento, tantas alterações infinitesmais, que não podemos m caso nenhum, julgar que as favas são contadas, que aquilo que resultou com o A ou o B vai resultar connosco, ou vice versa.

Antes de prosseguir quero dizer-vos que dos meus 13 ovinhos, 9 fertilizaram nas primeiras 24 horas, e nas 48 horas seguintes, desses 9, morreram 3.

Mal soube da noticia liguei para o A e disse-lhe:

"Vais ter 9 filhos!"
"9??? Estás mas é doida!"-respondeu-me ele.

Vejam lá a falta de romantismo do homem...

Pois e no Sábado, como sabem tive um casamento. Devo dizer-vos que acordei muito bem no Sábado de manhã, não me doía nadinha, o elefante tinha deixado a minha barriga em paz. E devo dizer-vos que o casamento foi muito bonito, mas, como todas as festas deste género, foi extremamente cansativo. Conclusão, ao ínicio da noite, o elefante decidiu alojar-se de novo na minha barriga, e tive de vir a correr para casa.

O Domigo foi para esquecer, estava toda inchada e parecia que tinha comido o elefante... O sogro diagnosticou: Inflamação ovárica - Cama, gelo e benuron de 4 em 4 horas...

Confesso-vos que nestes momentos é dificil conter a ansiedade e as lágrimas teimam em cair, porque num processo tão moroso e tão delicado, qualquer coisinha coloca tudo em risco. Esta noite foi difícil, mas de madrugada o elefante cedeu um bocado e pude descansar.

De manhã claro, ligar para quem de direito, aguardar uma orientação. Depois de ouvir uma rabecada, de quem percebe muito mais do que eu e me tinha recomendado (várias vezes) moderação e descanso, lá me foi dito para manter o repouso e o benuron, e aguardar a evolução do quadro. Para ver se na 4ª feira podemos transferir os pseudo babys.

Portanto, escrevo-vos de mais um aeroporto forçado, a minha cama. Neste momento, sinto-me melhor, se estiver deitada não me dói nada, o caso muda de figura se me levanto e começo a caminhar, parece que abana tudo cá dentro... Mas se pensar em como estive ontem... Hoje estou 80% melhor.

Portanto, minhas queridas amigas, tudo o que me resta nesta fase é fazer calos na cama, e aguardar a evolução dos acontecimentos. Como diz a nossa amiga Claudia: "É sofrer até ao fim..."

Antes de me despedir, tenho de deixar aqui uma referência especial á minha querida Tica, que apesar de ausente, está sempre sempre presente, e delapida o orçamento familiar e enriquece as operadoras de telemóveis por minha causa. Amigas assim não existem muitas. Amiga (eu sei que vais ler isto) OBRIGADA POR TUDO!

Beijos a todas

sexta-feira, julho 21, 2006

Número: 13

Hoje amanheceu azul, a temperatura não era nem muito alta nem muito baixa. A calma era relativa, na verdade não tenho muita tendência para me preocupar com aquilo que não controlo. É como ansiar por um dia de sol, quando temos uma festa especial... Não vale a pena sofrer por isso, o que tiver de ser será. Por isso falo desta minha experiência como se de uma viagem se tratasse.

Cheguei cedo ao hospital, já sabia que ia ser a única punção, o que de alguma forma me deixou mais relaxada. É melhor sabermos que estamos ali á vontade, que os médicos estão á vontade, sem pressas.

Quem já conhece este procedimento, sabe como é, quem não conhece... Espero que nunca tenha necessidade de conhecer. De facto, não é um "bicho de sete cabeças", devo dizer-vos que o profissionalismo das pessoas que me atenderam era muito grande, aliás, até ao momento não tenho que dizer nada de mal do atendimento no sítio onde ando a ser seguida. Tem sido tudo excelente!

Depois, de toda a parafrenália, depois da soneca, lá acordei e lembro-me da primeira coisa que perguntei: "Quantos foram?"

O subconsciente é de facto fantástico...

"12, foram 12!"

Voltei a dormir. Parecia que tinha sido pisada por um elefante... Mas tinha tido 12... Achei que era bom. O elefante continou a pressionar a minha barriga, comecei a despertar...

Fui despertando aos poucos, e tive direito a um garrafão de analgésico intravenoso, mas o elefante teimava em não tirar os pés de cima de mim... Agora estou melhor, ele tirou um dos pés...

Veio a médica: "Afinal são 13!"

"Cruzes... Sou uma ave rara!" . Disse eu.

Agora aguardo, amanhã saberei se as células fundem ou não. Há sempre a hipotese de não o fazerem. Conservo os meus pés onde sempre os tive... No chão.

Beijos a todas e obrigada pelo vosso carinho.

PS. Amanhã tenho um casamento, até lá espero que o elefante tire a patorra da minha barriga.

segunda-feira, julho 17, 2006

A viagem continua - Parte 55

Apesar da canícula que assola o nosso país por estes dias, apesar dos pesares, a minha viagem continua.

Na sexta-feira passada, uma aterragem de emergência. Parecia que o "avião" estava com problemas. Felizmente, foi só o susto, o retomamos a viagem após uma ecografia onde se verificou que estava tudo bem.

Hoje, mais uma escala, fez-se a primeira ecografia (na sexta foi só para ver se estava tudo bem). Parece que o organismo está a reagir bem e que se pode prosseguir sem sobressaltos, os "bichinhos" estão grandinhos e o endométrio bem.

Na quarta-feira faço mais uma escala, só espero que mais fresquinha, porque 37,5 º logo ás 10h00 da manhã é uma dose muito grande.

Beijos a todas

quarta-feira, julho 12, 2006

A primeira vez

Há sempre uma primeira vez para tudo, e o mais usual nas "primeiras vezes", é nós nas "segundas" vermos como fomos tansas. E isto acontece, em geral para tudo na vida.

A mim, aconteceu-me, recentemente uma primeira, foi com o Gonal. Esse grande amigo que vem numa embalagem tipo foguetão, que aterroriza só de olhar para ela.

Então vai a moça (euzinha) e pega no gonal. Sou invadida por suores (agora depois que me puseram na menopausa dá-me para isto); Pego na agulha, coloco no sítio (conforme as instruções que decorei de tanto ler); Carrego a dose; Certifico-me pela milionésima vez que a dose está correcta...

Faço uma pausa, respiro fundo...

Faço a prega na barriga e "zás"! Espeto a agulha! Não sinto nada (olho para ver se a agulha está mesmo espetada... está!)!

Carrego no botão da injecção, continuo a não sentir nada (ai que horror isto não é possível). Carrego até não poder mais... Espero... Nada! Tiro a agulha e olho!!

Olho para a barriga, olho para a caneta, fico na dúvida. Bolas será que me injectei ou não? Volto a olhar para a caneta... Volto a olhar para a barriga...

Fico na dúvida, depois de quase duas semanas de tormento, a injectar uma coisa maravilhosa chamada suprefact, seringas cheias, e muito cuidadinho a injectar para não doer. Eis que me surge o fantástico Gonal que me colocou na dúvida.

Ligo para a minha Tica:
- "Amori então eu não senti nada será que não injectei porcaria nenhuma?"
Responde-me ela:
- "É normal eu também passei pelo mesmo... Marca a parte de fora da caneta para teres a certeza que desce!"

Então os gajos mandam uma mulher tomar uma coisa destas? Sujeita a eu injectar uma dose em cima da outra por julgar que não estava injectar-me...

Bem, confesso que na segunda vez, já mais há vontade, reparei que a caneta tem um medidor lateral e que se estivermos atentas vemos descer o nível. Por isso, na segunda já me ri um bocado da minha parvoíce.

É por isso que vos digo, as "primeiras vezes" são sempre tramadas!

Beijos a todas e obrigada pelo vosso carinho

domingo, julho 09, 2006

O Suprefact, O Gonal e Eu...

Definitivamente uma mistura explosiva!

terça-feira, julho 04, 2006

A viagem continua

Antes de mais quero esclarecer as minhas leitoras mais distraídas, e dizer-lhes que não estou de férias, a sobrevovar o Oceano Atlântico com o PC na mão a escrever posts no meu blog. A minha viagem, esta de que vos falo, é bem menos agradável do que as que costumo fazer.

E depois, meus amores, é certo que gosto muito de todas, mas acham mesmo que eu ia de férias e continuava a escrever??

Esta é uma viagem ao interior da infertilidade, no que ela tem de pior. Porque desengane-se quem pensa que a FIV é o fim da caminhada. Não é! É só o ínicio de uma viagem mais ou menos dolorosa dependendo dos casos, mas uma coisa é certa, não é linear, isso nunca é.

Quero dizer-vos que a viagem segue sem muitos sobressaltos, e que vou fazer a primeira escala já na quinta-feira. Mais uma aterragem e outra descolagem para mudar o combustível. Vamos lá a ver como corre.

Beijos a todas.

quinta-feira, junho 29, 2006

A Viagem...

Eu sou uma pessoa que adora conhecer novos lugares, novos costumes, novas pessoas. Adoro viajar... Mas detesto, e isto literalmente as viagens, principalmente as de avião. Fico muito ansiosa, muito stressada, sempre com receio que alguma coisa não corra bem.

Recordo com horror, todas as minhas viagens de avião, principalmente a última que fiz ao Brasil, em que o avião apanhou uma turbulência horrorosa na altura do jantar e os tabuleiros e os carros das hospedeiras e as próprias hospedeiras andaram ali todos "quase que pelo ar", vivi momentos de pânico a bordo, aliás todos vivemos.

Eu posso fazer uma viagem de 1 hora de avião ou de 15 horas, o resultado é o mesmo: Pavor do principio ao fim, ainda que por vezes tenha momentos de relativa descontração.

Recentemente iniciei mais uma viagem na minha vida, das de avião, e ainda que a descolagem tenha sido pacifica, o tempo que vou demorar a percorrer a distância até ao meu destino, será sem dúvida atribulado.

Vou dando notícias!

domingo, junho 25, 2006

Há dias assim...

Hoje, Domingo, dia de reflexão e de exacerbado orgulho nacional (Portugal ganhou à Holanda), algumas dúvidas existênciais, ocupam a minha mente:

  1. Porque será que a maioria da população portuguesa é constituída por pacóvios?
  2. Porque será que esses pacóvios decidem sair todos de casa ao Domingo?
  3. Porque será que esses pacóvios insistem, e sublinho a palavra insistem, em manifestar publicamente a sua pacovice, e obrigar os restantes transeuntes (não pacóvios presumidos) a levar com ela?
  4. Porque será que os pacóvios se reunem em bandos, nas bermas das estradas, a fazerem picnics temperados com pó e monóxido de carbono?
  5. Porque será que as bermas dessas estradas nunca mais ficam as mesmas depois da debandada dos ditos?
  6. Porque será que o primeiro fim de semana do Verão atraí resmas de pacóvios ao "seaside", que insistem em fazer praia, ainda que estejam a chover "canivetes"?
  7. Porque é que os pacóvios decidem ir todos de rádio para a praia, e insistem em ouvir os mesmos aos gritos, o que faz com que a música do pacóvio A, se misture com a do pacóvio B, e a deste com a do C, tornando impossível ouvir o que quer que seja (já não será suficientemente mau levar o rádio para a praia?)?

Em todo o caso, devo dizer que tenho andado a observar mais pormenorizadamente a evolução do pacóvio típico, e que já consegui notar alguma evolução, senão vejamos:

O pacóvio, está hoje mais atento aos problemas ambientais. Portanto, onde antigamente nas bermas das estradas se via lixo acumulado, das mais diversas estirpes, num raio de 5 Km, hoje constata-se que alguns (sublinhe-se a palavra alguns), estão a perder os bons costumes e já deixam ficar só um saco cheio de lixo no local dos seus picnics. É a preocupação ambiental que começa a preocupar os pacóvios da geração mais actual. Mas, é importante referir isto: Nunca o pacóvio deixa o local onde se refastelou juntamente com os seus, completamente limpo.

O pacóvio fala sempre muito alto, tem sempre medo que o seu interlocutor não ouça devidamente, e além de mais, é sempre importante que os demais partilhem da sua importante opinião sobre o estado do pais e do mundo. Mais que não seja, para que se saiba que o vinho custou 5 euros a garrafa ou que os seus filhos são filhos desta e daquela... Estes diálogos são sempre acompanhados do olhar em volta respectivo, para terem a certeza que TODA A GENTE ouviu.

O pacóvio ADORA andar muito devagar, e mais importante do que isso, adora andar devagar no eixo da via. Não vá outro pacóvio mais espertalhaço ter a oportunidade de o ultrapassar, o que fará com que ele tenha de acelerar para ultrapassar o outro pacóvio e assim sucessivamente. Porque um pacóvio é SEMPRE mais esperto do que os demais!

Os carros dos pacóvios são sempre mais limpos que os carros das outras pessoas, e estão sempre com um aspecto de quem acabou de sair do Stand (ou Stander em linguagem pacovita), são sempre modelos e marcas específicas (que não vou nomear por razões óbvias), e exibem sempre um estado de conservação magnífico, além de outras características que não vou enumerar.

Os coletes reflectores... Ah! São o gaúdio dos pacóvios!!! A essa fabulosa invenção da legislação portuguesa... Maravilha, pensem nos milhares de coletes reflectores pedurados nos bancos dos automóveis por esse país fora! Que belissimo objecto de decoração automóvel. Para não falar das bandeiras portuguesas que agora se misturam com os coletes reflectores, oferecendo um lauto repasto aos olhos dos não pacóvios presumidos. Isto, tudo fruto da grande evolução que os pacóvio têm tido nos últimos anos, porque até então os objectos de decoração mais comuns eram os "cãezinhos com a cabeça a abanar" e as almofadas de veludo.

Viva o Domingo! Arghh!

quinta-feira, junho 22, 2006

Mais sonhos realizados...

É para mim dificil exprimir a felicidade que senti quando soube do positivo desta nossa amiga. Ela foi uma das primeiras que segui e apesar de não a conhecer pessoalmente nutro por ela um carinho enorme.

Parabéns Claúdia!

Claro que não posso esquecer uma outra amiga, que apesar de não ter dito nada do seu tratamento, também está de parabéns.

Parabéns Tânia!

Hoje é um dia feliz!

segunda-feira, junho 19, 2006

A aventura continua

Depois de ter desembolsado umas centenas de euros, a semana passada, lá fui eu hoje aos "treinos". Não... desenganem-se, ainda não comecei o tratamento, fui só treinar para ver como podia inflingir a tortura a mim própria.

Como é meu apanágio, a coisa não foi linear, ou seja: Não entrei no hospital, fiz o que tinha a fazer e saí. Não... Tenho de me meter sempre em toda a espécie de episódios hilariantes e complicados, senão apreciem:

Cheguei lá toda esbaforida (ando sempe a correr de um lado para o outro, portanto é o meu estado natural), meto conversa com a Srª da portaria. Estava uma fila enorme, a sala de espera cheia, eu pensei: "Bolas não vou sair daqui tão cedo!"- Lá lhe expliquei para o que ia, que estavam á minha espera, etc, etc e pedi-lhe para ir falar com a enfermeira. Ela lá foi e voltou com o recado que a enfermeira me ia atender num instante... Ora, os minutos começaram a passar e nada. Eu a ver as coisas mal paradas lá fui meter outra "cunha", ela lá foi falar com a enfermeira, que mandou dizer que mal tivesse uma sala me mandava entrar.

Entretanto, lá fui ouvindo a vida da Srª, muito simpática, a contar os problemas dela, da filha, do marido, etc, etc. Mais uns minutos, lá foi ela outra massacrar a enfª, desta vez disse-me: Entre, entre, a enfª mandou-a entrar para aqui que vem já! - olho eu e na porta, para onde ela me mandou entrar, e vejo escrito: Vestiário - Então eu vou entrar para aqui? - pergunto eu. - Sim, a srª enfª vem já! - responde a Srª.

Eu lá entrei para o vestiário do pessoal do hospital, completamente incrédula a rir-me sózinha e a pensar "ISTO NÃO É NORMAL!" - "então ela vai-me atender no vestiário???!!!". Entretanto entra uma enfermeira para se despir e dá de caras comigo. Eu com cara de "tacho" digo: Mandaram-me esperar aqui... - ela diz : Ah sim então não se importa que me dispa? - eu para ela: Não esteja a à vontade!

Entretanto batem á porta, era a enfª à minha procura, tinha perguntado à srª da portaria que lhe disse que eu estava no vestiário. Foi hilariante... fartamo-nos de rir. A enfª tinha dito simplesmente para a Srª me mandar aguardar no corredor porque a sala ao lado do vestiário ia ficar vaga e eu entrava de seguida... A Srª compreendeu tudo ao contrário... mais uma vez se verifica que a lingua portuguesa é muito traiçoeira.

Bem depois disso passamos à prática e lá aprendi, ou pelo menos é suposto, ter aprendido a dar as famosas "picas". Quando começar é que vou saber.... mas para já parece simples.

Beijos a todas e boa semana

quarta-feira, junho 14, 2006

The "F" Word...

Independentemente da ortografia, se leva mais hífens ou mais "ss", se se escreve em letras maiusculas ou minusculas, a única palavra que me aflora a boca é a "F" word.

Como sabem, vou em breve iniciar o meu primeiro tratamento. E depois de muitos adiamentos (e porque já não podia adiar mais), lá fui á farmácia buscar as minhas "doses". Estive na farmácia, imaginem a escolher seringas... sim compreenderam bem seringas, eu tipo "expert" pedi logo das com agulhas mais fininhas; A farmacêutica lá me mostrou algumas; Eu virei e revirei... e finalmente lá escolhi umas. A srª ao ver-me fazer aquilo deve ter julgado que eu percebia muito do assunto, o que ela não percebeu é que eu estava a olhar para as seringas com a incredulidade que a situação exige (EU VOU TER DE ESPETAR ISTO NA MINHA BARRIGA???!!!).

Quando ela me apresentou a conta, nem pestanejei (para não dar bandeira), não é que larguei lá 347,00 e ainda falta mais uma caixa de Gonal que custa 287,00 e ainda não chegou. Arre! e depois ainda nos impingem balelas da fome e da miséria em África... quando nós vivemos num país miserável quem nem as necessidades mais básicas dos cidadãos providencia.

beijos a todas

sexta-feira, junho 09, 2006

A insustentável leveza de ser mulher

"Olha lá, achas que esta roupa me fica bem?"

Aparentemente, esta simples frase nada tem de extraordinário, ou complexo. No entanto, é impressionante a avalanche de acontecimentos e emoções que dela pode derivar, senão vejamos:

- Quando a pergunta á dirigida ao respectivo consorte, o pobre, tem sempre 2 opções de resposta (os mais experientes sabem que esta é uma"tricky question", e tentam deseperadamente não ter de responder, olham atentamente para o que estão a fazer; Desviam a conversa para outro tema; Etc.):
Resposta 1: "Sim amor estás óptima! Fica-te muito bem!"
Resposta 2: "Hummm...essa roupa faz-te um bocadinho gorda..."

Claro que as duas respostas despoletam uma reacção diferente, leia-se:

Reacção á resposta 1: "O quê?? Achas que estou bem??? Então não vês este pneu enorme aqui a sair do lado (poderá ser pneu ou outro adjectivo semelhante que sirva o mesmo fim claro)??? Ah!!! Eu bem digo que tu não olhas para mim, só queres saber do futebol e dos teus amigos....Etc, etc.

Reacção á resposta 2: "O quê gorda??? Tu estás bem a ver o que estás a dizer??? Quem dera a muitas mais novas terem o meu corpo... tens outra melhor é???

Ambas as reacções são como é evidente seguidas de uma batida em retirada, acompanhadas de alguns impaupérios dignos de carroceiros, que algumas (já mais habituées) proferirão em voz alta, enquanto que outras (mais recatadas), proferirão mentalmente.

No entanto, é sempre importante notar que a 2ª resposta é bem pior que a 1ª, enquanto que a reacção à primeira suscita a batida em retirada e alguns poucos queixumes, a reacção à 2ª poderá causar uma reacção tipo melodrama. Ou seja, choro e ranger de dentes e até em casos extremos (se o consorte não desdisser rapidamente o que foi dito) a queda da relação rumo a Titanic.

- Quando a pergunta é dirigida à melhor amiga (ou à pior porque nestes casos nunca se sabe), aí então o caso assume outros contornos, inevitavelmente elas, à semelhança do pobre, têm também duas opções de resposta, e são exactamente as mesmas acima citadas, pelo que nem vale a pena repetir.

Agora as reacções são bem mais abrangentes, no entanto mais silenciosas como convém:

Reacção à resposta 1: "Achas? Ah! Obrigada!" - isto é o que dizemos. Agora o que queriamos dizer: "Ah sua hipócrita, devo estar a fazer uma figura deplorável para tu dizeres que estou bem... sua "beach", etc, etc.

Reacção á resposta 2: Não há resposta... até porque ninguém está há espera que a fulana tenha a lata de nos dizer uma coisa daquelas... querem lá ver que a lambisgóia não tem espelhos em casa... ainda não viu os "camiões" de celulite que tem naquelas pernas... e aquele rabo... Bah! Nem vale a pena responder!

De salientar em qualquer dos casos que a "querida" amiga não perde por esperar, estará guardadinho para ela, na devida altura a respostinha. Quando ela menos esperar: "Ai querida! Essa roupica não te favorece nada!" e aí os mais atentos verão a auréola que nos cresce tal é o nosso ar angelical.

E vejam lá a confusão que uma frase tão simples pode causar.

Bom fim de semana a todas

quinta-feira, junho 08, 2006

The day after

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

terça-feira, junho 06, 2006

Este pequeno mundo - parte 2/5

Não podia deixar de vir cá hoje... confesso que numa primeira fase de choque, me apeteceu apagar isto tudo e esquecer que alguma vez isto existiu sequer, isto tudo a propósito de um qualquer comentário, de uma encruada qualquer, que me fez perder um bocado as estribeiras.

Mas, depois de uma sessãozita de ginásio, lá acalmei os ânimos e decidi ficar. Parece-me surreal, que uma MULHER, cometa o desvario (sem pelo menos ter uma "catrefada" de filhos, a massacrar-lhe o espirito), de proferir semelhantes barbaridades, senão vejam:

"impressiona-me a quantidade de mulheres com problemas de fertilidade na blogosfera. são às centenas em portugal, todas elas com a frustração de não conseguirem conceber, parir, procriar ou sequer engravidar. são mulheres desapossadas da sua condição de fêmeas. o seu corpo recusa-se a cumprir o papel para o qual foi concebido: gerar vidas. leio-as entre um misto de incredulidade e angústia, enquanto descubro um novo vocabulário: iiu, fiv, indução de ovulação, hiperplasia, folículos. são patéticas na sua obstinação, desesperadas no seu desejo de serem mães."

A coisa raia o inconcebível, principalmente, e a meu ver por se tratar de uma mulher, será que a criatura julga estar isenta de todos estes problemas?

Bom, este texto a maioria de vós já conhece e acredito que quase todas, ou pelo menos um grande número já comentou. Antes de mais, gostaria de apreciar a forma mordaz como escreve, reparem na subtileza dos adjectivos escolhidos, Eça não faria melhor. Depois os requintes de malvadez com que diz "eu corpo recusa-se a cumprir o papel para o qual foi concebido: gerar vidas". Delicioso, e ainda por cima pré histórico, uma vez que todas sabemos que o corpito tem muito mais serventia do que "parir" ou "gerar" filhos (pelo menos o meu tem, enfim não posso falar por todas). Tinha eu de viver até esta idade para LER isto...

Mas isto não termina queridas amigas, a análise desta pérola da literatura portuguesa continua, na sequência dos adjectivos: "são patéticas na sua obstinação, desesperadas" - lindo, lindo, tiro o chapéu a esta rapariga, ela escreve muito bem. Esqueceu-se, porém, da sua condição de fêmea procriadora, o que faz com que não esteja isenta de toda a lamechice associada aos ditos blogs "patéticos".

Que existem blogs com maior ou menor qualidade, é indiscutível, mas uma coisa que nos foi concedida há já algum tempo foi o "free Will", portanto, se por uma lado nós podemos ler e criticar, por outro também temos de aceitar a réplica a essas criticas. O importante é que podemos escolher... não somos obrigados a nada...

Agora, o que quero condenar, são as réplicas "ressabiadas", mal estruturadas, e mal educadas. Perde-se a razão e perde-se a nível... e isso não se pode tolerar, e não podemos ficar todas no mesmo "barco", desculpem-me, é assim que sou.

Quem anda nisto não é por gosto, não é por ser "demente", ou por não ter mais nada para fazer. Anda-se nisto por necessidade, uma necessidade de extravasar os sentimentos; por necessidade de "feed-back", de ouvirmos qualquer coisa que nos faça acreditar em algo que nem nós mesmas acreditamos; é a necessidade de vermos que o problema do parceiro é maior que o nosso e que afinal até estamos muito bem... é a necessidade final de vermos que poderá existir algo mais para além disto.

Não se vive em prol de uma possivel gravidez ou do aumento infinito da prol, vive-se num sub mundo, onde somos todos iguais... vive-se num pequeno mundo como lhe costumo chamar. Onde não temos de fugir para dizermos que "não, não temos filhos porque não conseguimos"; onde não temos de andar sempre a tirar a roupita e a assumir aquela posição fantástica, para um bando de médicos espreitar... e pior de tudo, onde as nossas células não são misturadas num laboratório.

Porque meus amigos, falar de infertilidade, é a mesma coisa que falar de pensos higiénicos ou orgasmos, só muda o tema e a superficialidade do assunto.

É este o pequeno mundo da infertilidade! Sejam benvindos! Adoramos tê-los cá!

Beijos a todas

sexta-feira, junho 02, 2006

Amanhã

Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...


Álvaro de Campos


Tal como prometi, aqui deixo mais um pequeno poema de Álvaro de Campos, espero que gozem todas um excelente fim de semana... para a semana há mais!!

Alex sua danada, hoje fizeste-me rir muito, soube-me muito bem! Ah! E já agora manda para cá a pinça nº5...

Beijos a todas

quinta-feira, junho 01, 2006

Contrariando as tendências!

Caras amigas,

Pois então não é que ficaram com a idéia errada acerca do meu estado de espírito..?? O facto de ter escrito um poema de Fernando Pessoa (no seu heterónimo Álvaro de Campos), não significa nem de longe nem de perto que ando com o astral como o do poema. Significa, isso sim, que vou dedicar alguns dos próximos posts a uma "breve" antologia deste grande poeta.

É claro que muito do que ali se diz, se identifica de certa forma, com o momento actual que atravesso, é óbvio e isso não posso negar. Mas o desânimo ainda não tomou conta de mim completamente.

Depois da minha histeroscopia de "barriga aberta", como costumo dizer, o único facto relevante foi eu ter achado que uma "ampolazitas" daquilo que me deram no bloco, me poderiam dar uma "jeitaça" nos próximos tempos... é que aquilo era mesmo fixe!!! Eu vim completamente eufórica!! A experiência que lá vivi, foi como se estivesse a observar o que se passava no meu corpo, mas como espectadora, estava de fora a ver tudo, aquele corpo não era meu... bem, o pior foi mesmo quando o efeito da "droga" começou a passar...

Entretanto, tenho andado por cá tipo "formiguita", na minha labuta habitual, felizmente sem grande tempo para pensar no que aí vem.

Já marquei as aulas de "chuto", porque isto é muito "fino", temos direito a aulas e tudo, não vá o pessoal ainda furar o intestino grosso e depois é o caraças!!! E não convém evidentemente, furarmos a barriguita de tal forma que ao bebermos qualquer coisa, comece a sair pelos furos... daí que é melhor prevenir do que remediar.

E confesso, tenho andado a baldar-me um bocado ao trabalho (senão não estava a estas horas a escrever um post no meu berlogue!)... e tenho estado no msn com as minhas queridas amigas, as já "habituées" e a mais nova aquisição: A cris!! Amiga tenho adorado falar contigo!!

Depois fiz mais uns contactos com outras amigas virtuais: A Claudinha (Vieira), amiga adorei falar contigo! Tive a sensação que nos conheciamos desde sempre! E a Pi, também gostei muito de falar contigo Pi!!

Por isso, minhas queridas roam-se aí, que eu vou trabalhar um bocadito (ou pelo menos tentar), antes que alguém se lembre de me demitir!

Beijos a todas

quarta-feira, maio 31, 2006

Antologia

Não sei. Falta-me um sentido, um tacto

Para a vida, para o amor, para a glória...

Para que serve qualquer história,

Ou qualquer facto?



Estou só, só como ninguém ainda esteve,

Oco dentro de mim, sem depois nem antes.

Parece que passam sem ver-me os instantes

Mas passam sem que o seu passo seja leve.



Começo a ler, mas cansa-me o que ainda não li.

Quero pensar, mas dói-me o que irei concluir.

O sonho pesa-me antes de o ter. Sentir

É tudo uma coisa como qualquer coisa que já vi.




Não ser nada, ser uma figura de romance,

Sem vida, sem morte material, uma idéia,

Qualquer coisa que nada tornasse útil ou feia,

Uma sombra num chão irreal, um sonho num transe.




Álvaro de Campos





sexta-feira, maio 26, 2006

Crónica de uma histeroscopia

Hoje, lá avancei mais um passinho de tartaruga, no contra relógio da infertilidade... Fui fazer uma histeroscopia.

É verdade que estava nervosa, se bem que estava "apalavrado" que iria fazê-la com anestesia geral. Não, não se riam!!! Eu sei que existem exames muito piores e que são feitos a "sangue frio", mas o que querem, eu sou uma mimalheca, e o médico compreende isso e facilita...

Quero destacar aqui, que o tratamento foi do melhor, desde a parte do internamento, onde fiz logo amizade com as enfermeiras (vou ter de lá voltar! Logo é preciso começar já a preparar o futuro!), até á parte do bloco, onde o pessoal era do melhor. Uma equipa jovem, profissional e muito simpáticos. Adorei!

O exame, em si não custou muito, até porque eu estava "pedrada" (é para começar a praticar para a minha sala de "chuto"), e como não estava bem a dormir, pude ver tudo... mas não senti nada. Aquilo lá por dentro é um bocado "sinistro", não acham? É claro que ainda tive tempo para fazer umas perguntas parvas...

As instalações e os equipamentos do bloco eram óptimos, fiquei realmente muito bem impressionada.

Depois de sair do bloco, e de volta à enfermaria, onde me deram como companheiras uma Srª idosa já nas últimas, e uma ucraniana que tinha feito um aborto "artesanal" e se estava a esvair em sangue. Estive a recuperar (mortinha por sair dali para fora) um bocado, e só me deixaram sair depois de comer uma canjinha (chlep, chlep). Ah! E deram-me um super penso higiénico que me ia desde á parte de trás do pescoço até à parte da frente... porque aqui a vossa amiga, foi em traje de gala e não levou nadita, nem chinelos, nem pensos higiénicos, foi com as unhas pintadas... enfim, tudo a que tinha direito! Fartei-me de ouvir "rabecadas"...


Depois ainda tive tempo para um solilóquio com o médico, que me garantiu estar tudo bem e prontinho para receber os ditos cujos (venham eles!). E lá vim embora com o meu A, que estava sequinho de estar à espera e morto de fome.

Achei particular piada a uma episódio com a médica anestesista, que não resito a contar: Ela era muito novinha, inicialmente até pensei que era enfermeira, estivemos as duas a "cavaquear" antes de eu entrar para a sala propriamente dita. Ela a fazer-me aquelas perguntas da praxe: "Quanto pesa?", "Tem algumas alergias?", etc. eu a dizer-lhe que estava cheia de pressa porque tinha de vir trabalhar de tarde, que tinha umas coisa importantes para fazer, ela logo para mim - "Nem pense! Hoje não vai poder tomar nenhuma decisão importante, nem passar cheques nem nada... e se amanhã não se lembra?" e lá foi fazer queixa ao meu médico, que depois de saber me esteve a descompôr.

Bem é certo que vim trabalhar... e acho que amanhã, quando estiver numa boa de papo para o ar, nem me vou lembrar de ter vindo!

Beijos a todas e bom fim de semana

quarta-feira, maio 24, 2006

Finalmente.... A FIV

Existem coisas na nossa vida, que nos causam dualidade de sentimentos, hoje aconteceu-me uma que me pôs exactamente nessa situação: Marquei o meu 1º tratamento de FIV.

Se por um lado, a alegria de finalmente sentir que estou a a"fazer alguma coisa de concreto", por outro lado a apreensão de ir entrar num mundo desconhecido está a gerar dentro de mim uma ansiedade e um terror genuino, e por vezes tenho de me forçar para não chorar.

"A mulher é maluca! Então não é isso que todas queremos?", pensam vocês, e se calhar têm alguma razão naquilo que dizem, mas honestamente isto é aquilo que sinto. Sinto um misto de terror e felicidade, e este sentimento está a ser desconcertante.

Mas vou começar pelo princípio:

Na segunda-feira tive consulta, era por demais evidente para nós cá em casa, que "a coisa" não pegava e que, mesmo depois da cirurgia que fiz em Outubro, as criancinhas teimavam em não aparecer. Como a maioria de vós sabe, tenho endometriose, ainda que pouca, tenho! E um dos grandes problemas da endometriose é que durante o período menstrual e até mesmo antes, as dores são "horriveis". Logo a seguir à cirurgia fiquei bastante melhor, mas o panorama foi-se degradando e eu decidi antecipar o tratamento que tinha agendado para Setembro. Por isso fui fazer uma visitinha ao meu médico na 2ª.

Posto isto, avançamos com a marcação da primeira FIV (agora um aparte, eu acho que existe albuns e livros dedicados "a minha primeira comunhão", "o meu casamento", "o meu baptizado", porque não fazer um a dizer "a minha primeira FIV"?? deprimente não??). Claro que não vai ser já, porque tenho ainda de fazer a histeroscopia (vou fazer na 6ª), e depois tenho de ficar a aguardar a próxima menstruação, para iniciar a toma da pilula (quem diria o pessoal quer engravidar e receitam pilulas...), mas está marcada!

O protocolo é longo, o que deixem que vos diga me deixou aborrecida, então vai uma mulher andar a "picar-se" durante quase 1 mês, isto lá é coisa que se faça? Se fosse o curto a coisa ficava logo resolvida em pouco tempo... eu não sou cá mulher de grandes esperas (mas não sou eu que mando!).

Trouxe uma "catrefada" de medicamentos com nomes horrorosos para comprar, os quais tenho a certeza vão contribuir para a minha ruína financeira, juntamente com umas "sacadas" de compras que fiz noutro dia (porque andava deprimida percebem?)... a isto vem juntar-se um casamento que vou ter e para o qual vou ter de comprar mais umas coisitas, e se a isto juntarmos a prenda... bem mas não era disso que estava a falar, estava a falar dos medicamentos com nomes inpronunciaveis, que devem ter efeitos secundários ainda mais inpronunciaveis que vou ter de tomar.

Mas o pior disto tudo, é eu ter de converter a minha casa, o meu lar, numa casa de "chuto", então não querem ver que eu tenho de dar as injecções a mim própria?! Tenho até de ir ter aulas para aprender como se faz?!?! Ah! Minhas amigas!! Nunca pensei que teria de chegar até aqui...

É verdade, e agora fora de brincadeiras... nunca pensei que tivesse de passar por isto... tudo na minha vida foi conseguido a "pulso", nada me veio ter de "mão beijada". Trabalho que me farto para ter alguma coisa... enquanto vejo outros que têm tudo com a maior das facilidades, que sempre tiveram... revolto-me! Eu sei que não devo... mas revolto-me! As lágrimas querem cair, mas não as deixo... queimam-me... porque será que para algumas pessoas é tudo tão fácil? E para outras é sempre tudo tão duro?

Pronto, e este é o desafio de que vos falava... na segunda-feira ainda não sabia mais pormenores, sabia que ia fazer, mas não a data exacta, hoje fui buscá-la... o desafio foi aceite!

Beijos para todas

segunda-feira, maio 22, 2006

Desafios...

"Não é o desafio que define quem somos nem o que somos capazes de fazer. O que nos define é o modo como enfrentamos esse desafio."

Hoje aceitei mais um desafio... a ver vamos!

domingo, maio 21, 2006

Sobrevivi...

Depois da minha odisseia pela festa familiar de que vos falei no último "post", eis-me de volta ao meu melhor estilo para vos de dizer que sobrevivi...

A festa foi como esperado, montes de pessoas conhecidas, e outras menos conhecidas, e montes de miúdos... ou não fosse aquela uma festa de aniversário de um miúdo! Não vos vou massacrar com os pormenores, porque realmente todas já passaram por aquilo que passei, e sabem quais os sentimentos pouco nobres que nos assolam, quando vimos um garoto de 1 ano e meio a correr para a mãe com aquele sorriso de orelha a orelha de verdadeira felicidade e amor incondicional pela sua mãe... não foram poucas as ocasiões em que me apeteceu desertar porque as lágrimas, teimavam em querem descer e eu que sou mais teimosa do que elas não as deixava... mas lá me aguentei.

Não pensem que foi fácil, estas festas são feitas com requintes de malvadez... é o almoço... o lanche... e depois o jantarinho... não falta nada! E para culminar de forma brilhante, e mesmo sofisticada, eis que o Mr. red apareceu com toda a sua aura brilhante... 22 dias... fabuloso, isto vai de mal a pior!

Que querem que vos diga, foi a cereja no topo do bolo!

Então hoje, como vos dizia passei o dia de barriga para o ar... mas, não pensem que foi "numa boa", foi cheia de dores horríveis e entupida com Nimeds... Que bom! Adoro isto!

"Nada acontece por mero acaso. Não existe sorte. Existe um significado por detrás de cada pequeno facto.
Talvez não o consigamos ver de imediato com clareza, mas não será preciso muito tempo para que isso aconteça.!"


In Nada ao Acaso

Fiquem bem amigas e tenham uma boa Semana!

sexta-feira, maio 19, 2006

Crónica de um sofrimento anunciado...

Amanhã vai ser daqueles dias: Uma mega festa familiar para festejar os anos de um priminho que faz amanhã 1 aninho, o puto é o máximo, daqueles bébés bolachudos, gordinho, com os dentinhos com "raleiras" e cabelinho aos caracóis... mas é mais uma festa daquelas em que vamos encontrar todas as primas e primos com os seus pequenos rebentos, e os amigos da minha prima que também vão levar os seus rebentos para festejarem o aniversário do rebento dela...

Vão estar lá os tios, as tias, enfim toda a família, e nós... e vamos ter de ver e ouvir as mães todas babadas a contarem as peripécias dos seus filhotes, a degladiarem-se umas com as outras porque o de uma é sempre melhor do que o das outras... vamos ter de ouvir as frases da praxe... "Ah quando tiveres os teus vais ver!"; "Nem sabes a sorte que tens ando louca com estes miudos!; "Então e tu quando é que te decides?" - Arghhh!!!

Vou ter de sorrir com os dentes todos e dizer a todas como estou feliz por poder partilhar aquele momento com as criancinhas todas, e que sou uma mulher atarefadissíma, por isso é que não quero crianças que me importunem a minha fútil existência... entretanto, espero que exista lá algumas garrafitas de algo mais do que sumo de fruta, e vou aproveitar para beber uns copitos, uma vez que não sou mulher de tomar antidepressivos, e aproveito para ir dormir uma sesta descansada para não ter de enfrentar o maior problema da mulher infértil... os filhos dos outros!

Assim sendo, e como já estou em pré-depressão, aqui com o meu pessoal mandamos vir uma pizza da TelePizza para o nosso lanche... sim porque nós também somos filhos de Deus e a chefa hoje está com vontade de comer algo excepcionalmente "gorduroso". Diziam-me há bocado - "Estás com desejos??" - a minha resposta - "Não me parece!"...

Bem amigas, se eu conseguir sobreviver a mais uma odisseia familiar, vou passar o Domingo de barriga para o ar no meu cantinho à beira mar, e espero que façam o mesmo e que se divirtam muito!

BOM FIM DE SEMANA para todas