terça-feira, novembro 25, 2008

O Inverno é sempre uma altura do ano pouco frutífera... O frio não deixa que a inspiração cresça, e vamos deixando ficar parados os nossos projectos literários e não só. Não se lê, não se escreve, não se tem vontade de fazer nada a não ser estar numa saudável letargia em algum sítio quente e confortável.

É certo que o meu tempo é cada vez menor. Tem o trabalho remunerado que ocupa grande parte do meu tempo, e depois tem aquele que não é remunerado que ocupa o resto. As poucas horas sobrantes, são para dormir ou pelo menos tentar.

A verdade, é que a minha qualidade de vida caíu em flecha após o nascimento dos meus filhotes. Se antes já tinha pouco tempo, agora é crítico, existem dias em que saio de casa sem sequer pentear o cabelo...

Estão numa fase terrorífica. Mexem em tudo, querem ver tudo, disputam tudo. E principalmente o passarinho louro, é um verdadeiro "acidente ambulante". Mexe nos bicos do fogão e já aprendeu a acendê-los, abre os armários e esvazia tudo o que lá tiver; Adora ouvir o barulhos dos tachos e panelas a bater no chão, entra para dentro dos armários; Sobe para cima das mesas sofás, cadeiras e afins (por vezes caí claro!);

A princesinha, mais reservada e cautelosa, também adora fazer das dela e adora ir para as gavetas da roupa do quarto deles e atirar em todas as direcções as roupas guardadas e passadas a ferro, e quando eu furiosa pergunto "M. que estás a fazer" ela responde candidamente "M. a trabalhai..."

Perco muitas vezes as estribeiras, fico verde, azul, rôxa... Quando tenho de arrumar coisas vezes sem conta, quando estou 10 minutos para mudar uma fralda, quando apanho os cacos de algo que se partiu.

Sinto-me mal... Arrependo-me, mas inevitavelmente volto a fazer o mesmo. Eles estão na fase de testar os limites, e levam a tarefa muito a sério. Ás vezes questiono, tudo: A maternidade, a minha capacidade para ser mãe, tudo, enfim...

Hoje fiquei com o carro preso na garagem. Eles adoram agarrar-se ao puxador da garagem, antes de eu lá chegar com a chave para abrir. Hoje o meu passarinho (enfant terrible), lá se agarrou uma vez mais cheio de força, quando cheguei lá e meti a chave, vi que o puxador estava solto e que devia ter partido... Não abria! Tive de chamar alguém para me vir rebentar a fechadura para poder tirar o carro e sair... Cheguei ao trabalho às 10h30 com os nervos em franja...

As relações conjugais também sofrem invariávelmente com a chegada dos pequenos rebentos. O cansaço de ambos leva-nos a discutir mais, as diferentes perspectivas sobre educação também. Ás vezes fico farta de me ouvir reclamar com ele e ele comigo... Esta tem sido mais uma prova de fogo no nosso casamento, vamos a ver se ele aguenta esta pressão.

Costumo dizer que a minha vida está em suspenso, que quero que eles cresçam mais um pouco e se tornem mais independentes para poder retomar o fio da minha vida, porque desde há 20 é por eles e para eles. Senão também não fazia sentido.

Beijos a todas

quarta-feira, novembro 05, 2008

Paris

Já fui e já voltei, a cidade da "Luz" lá estava, igual a si própria. Muito frio, alguma chuva e o trânsito caótico em hora de ponta.

Fui a trabalho, mas pude também disfrutar de umas "voltinhas", porque é sempre bom ver o que há de novo, e rever o antigo que me deslumbra como sempre.

É tudo "très, très chèr", e quando vagueamos por ruas como a "Avenue Montagne" (por exemplo), a estupefacção raia a indignação, quando vemos montras com vestidos a custar 19.000€, casas de "griffe" onde um simples blazer custa 3500€. E pensamos, que realmente existe muito dinheiro no mundo, o que acontece simplesmente é que está mal distribuído... E depois ainda falam em crise... Meus amigos, quem tinha dinheiro continua a ter, quem não tinha continua a não ter e agora tem um pouco menos (saldo negativo??!!).

Vemos as "damas do petróleo" chegarem com os seus "chauffeurs" (sim porque isto para ser chique temos de ter a palavra em francês) e assistentes. Entrarem nas ditas lojas que estão guardadas por porteiros enluvados. Sentarem os vastos traseiros nas poltronas forradas a peles ou a veludos e vemos começar o desfile de cabides e roupas. Não falam sequer, apontam com o dedo indicador as suas preferências. Dali a pouco é vê-las sair da loja com os "chauffeur" e assistentes carregados com os sacos, entram na loja seguinte e repete-se o cenário por várias vezes...

No extremo oposto, vemos o restante "povo" que anda no metro, que de antiquando, não tem sequer rampas para o acesso dos carrinhos de bebé, vemos o que passam as mães que precisam de se deslocar dali para acolá e têm de transportar os bebés, os carrinhos, os sacos, para entrarem num Metro sobrelotado. As crianças com caras translucidas e aspecto pouco saudável, que circulam por aqueles corredores longe do sol...

Realmente, a nossa perspectiva muda quando somos mães, olhamos mais à nossa volta, qualquer criança nos faz lembrar as "nossas" crianças que deixamos em casa e das quais temos tantas saudades que chega a doer. Vemos que realmente, até podemos ganhar menos do que aqueles franceses, mas que a nossa qualidade de vida é 200% superior.

Eles ficaram sem a mãe pela primeira vez na vida deles. Sentiram, principalmente o meu passarinho louro. Eu também pela primeira vez, senti-me como se faltasse qualquer coisa de mim. Aproveitei para dormir umas noitinhas sem interrupção (santo Lexotan!), e para fazer umas refeições completas sem ter de me levantar 2000 vezes (pelo menos!). Mas faltava qualquer coisa...

Voltei de noite, ainda estavam acordados quando cheguei. Quando entrei pela porta de casa, só ouvi o pai dizer "olha a mamã!" e aparece logo um coelhinho louro de pijama azul a correr para se atirar nos meus braços, nem tive tempo de pousar a mala... A coelhinha logo a seguir, mas mais comedida a minha princesa.

Confesso que tinha medo que se esquecessem de mim... Ainda são muito pequenos... Mas a mãe deles é a mãe deles, e só adormeceram os dois na minha cama grudados a mim, com medo que eu desaparecesse outra vez. São a minha riqueza!

Beijos a todas