sexta-feira, dezembro 28, 2007

Bípedes

E parece que ainda ontem nasceram...

Beijos a todas

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Feliz Natal 2007


E no sapatinho de cada uma.... Um milhão de sonhos realizados!
São os meus votos neste Natal tão especial!
Beijos natalícios a todas

sábado, dezembro 15, 2007

Mais um post de "boubelita"


Parece que actualmente pouco mais faço do que escrever posts "boubelitas", mas prometo que em breve voltarei com enormes textos literários onde farei apenas pequenas referências veladas aos pipizes.

Mas, hoje não podia deixar de aparecer, porque passados 9 meses de terem nascido e após algumas noites muito mal dormidas, eis que ao dar a papinha ao Locas sinto qualquer coisa a raspar na colher -"Eh lá!!??" -penso eu. Isto será mesmo o que eu estou a pensar? volto a passar lá a colher... E era... O primeiro dente do meu pipizio (depois de meses a ameaçar e de carradas de baba).Fiz a festa ali mesmo! Chamei o pai que veio a correr ver e ficamos os dois extasiados a meter a mão na boca do pobre, que apesar de não entender nada do que se estava a passar, estava todo contente com toda aquela atenção e ria-se, ria-se muito.

Já duas noites antes estavamos os 3 na brincadeira no meu quarto (antes de eles irem dormir), eles estavam os 2 na cama do L.,e eu em cima da minha a fazer palhaçada, entretanto fui lavar os dentes e quando regresso estava o L. de pé agarrado à beira da cama, foi a primeira vez que o fez e fiquei muito comovida (que querem uma mulher dá-lhe para isto) - Estão a crescer... E é tão bonito!..."

Bem, agora chega de "boubelices"!

Beijos a todas

terça-feira, dezembro 04, 2007

Faz-se Natal...



E este ano, depois de alguns Natais sem espírito, faz-se Natal por cá. A árvore saíu do armário e os enfeites renovaram-se: Por eles, para eles.
Mais cedo do que o habitual tirei a árvore empoeirada do armário onde se encontrava há alguns anos esquecida e abandonada. O espírito não pedia, a magia do Natal andava perdida. Não fazia árvore, não enfeitava a casa, simplesmente não me apetecia. Este ano, pelo contrário, o Novembro ia alto quando a fui buscar, e perante uma assembleia excitada nasceu a primeira árvore de Natal do resto das nossas vidas (e que sejam longas).
Eles excitadissímos, sem perceberem muito bem aquilo que se estava a passar, tentavam deseperadamente alcançar aquelas preciosidades brilhantes que jaziam no chão perto dos brinquedos. Agitavam delirantemente braços e pernas e davam gritos que suponho serem de excitação. Religiosamente, fui desembaraçando cada ramo da árvore, para depois os enfeitar, com o mesmo vagar e cuidado com que se reza uma oração. Os meus olhos postos neles, sempre acompanhando cada gesto com palavras e explicações do que se estava a passar. Sei que não entendem o que eu digo, mas apraz-me pensar que com as minhas ladaínhas estou a contribuir para que mais rapidamente reconheçam as palavras e os gestos de amor que as acompanham.
Quando terminei sentei cada um deles à vez perto da árvore para poder registar a reacção.
O L. todo contente, agarrou de imediato umas luzinhas e meteu-as na boca, as fotografias captaram exactamente aquilo que lhe ia na alma e foi dificil tirar uma com ele a olhar para a máquina. Por pouco não lhe caía a árvore na cabeça.
A M. Arrancou um enfeite vermelho e, claro boca com ele, também ela, excitadíssima queria agarrar aquele objecto que esteve uma porção de tempo afastado dela e tinha tantas coisas giras coloridas e brilhantes. Ainda consegui fazer umas fotos giras dela.
quando chegam a casa, o estaleiro das cadeiras é na sala, mesmo ao lado da árvore, que está sempre iluminada, ficam sempre a olhar para ela e tentam sempre tirar de lá qualquer coisita.
Beijos natalícios a todas

terça-feira, novembro 20, 2007

Eles

Tão diferentes quanto a Lua e o Sol, delimitaram de forma certeira e definitiva os pontos nevrálgicos do meu ser desde o dia em que nasceram, equitativamente em partezinhas iguais, porque não se pode gostar mais do Sol do que da Lua, e porque no amor por um filho , não se consegue distinguir onde começa um e acaba outro. Somos os 3 carne da mesma carne e sangue do mesmo sangue, somos apenas 3 apêndices de um só ser .

Não foi amor à primeira vista como nas novelas, foi um sentimento que foi crescendo e se foi instalando, ganhando terreno. Se no primeiro momento, só senti um alívio muito grande por um final de gravidez muito penoso. Algumas horas depois nascia dentro de mim um sentimento que não consigo descrever com exactidão, era um misto de saudade com uma opressão no peito, no fundo era uma sensação de solidão insuportável. Imagino que é o que deve sentir uma pessoa a quem tenham amputado um braço ou uma perna. Depois de tantos meses de comunhão, ali estavamos, eu e eles separados e sózinhos.

Quando os voltei a ver, fui invadida por um sentimento irracional, ali estavam eles, tão indefesos, tão sózinhos… Senti que sofriam também, depois de meses os 3 juntos, ali estavamos uns para cada lado. Nesse momento soube que era mãe, soube que por eles era capaz de morrer se me fosse pedido, soube que a minha vida não seria mais minha a partir daquele momento, seria deles e para eles.

É engraçado que a partir de uma certa idade tomamos por certo a nossa sabedoria e julgamos poder, interior e racionalmente, descrever todos os nossos sentimentos. Julgamos que aquele sentimento ao qual chamamos amor já nos é familiar, e que sabemos à partida todas as nuances que ele pode apresentar, afinal já amamos: Os nossos pais, os nossos irmãos, o nosso companheiro ou companheira.

Mas, a verdade, é que nos deparamos com um tipo de sentimento absolutamente inédito que nos confunde e volatiliza de forma intensa. É um sentimento que se altera a cada dia que passa e quando julgamos que ele não pode crescer mais surpreendemo-nos ao ver que ele se tornou ainda mais intenso.

Este deve ser provavelmente o primeiro post que dedico exclusivamente aos meus filhos e ao sentimento que nutro por eles. Não por só agora ter percebido o amor que lhes tenho, mas pela razão púdica de não falar de sentimentos que tantas de procuram e ainda não puderam sentir. Não achei correcto da minha parte estar a alardear os meus sentimentos num submundo que vive em busca desse mesmo sentimento. Por isso comecei estes relatos pela parte menos boa, porque a maternidade não são só rosas, tem espinhos, muitos espinhos. E desengane-se quem acha que vai achar na maternidade a resolução de todos os seus problemas e que vai encontrar a realização pessoal total e absoluta e a felicidade inesgotável, a felicidade da maternidade é feita de pequenos nadas que todos juntos completam o puzzle da alegria e felicidade.

Se é verdade que me lembro dos meus pensamentos mais escuros e dos momentos mais dificeis que até agora enfrentei, também não é menos verdade que me lembro que de todos os outros momentos doces e de puro amor que passei com eles.

No dia 21 de Maio o L. sorriu pela primeira vez, aquele sorriso desdentado com a boca toda aberta que ainda hoje o caracteriza, foi há tarde quando acabava de acordar, lembro-me que fiquei surpreendida e comovida até às lágrimas, o meu filho tinha acabado de dar o seu primeiro sorriso para mim, porque me reconheceu quando acordou, porque ficou feliz de ver-me ao acordar. Ainda hoje é com um sorriso desdentado que me presenteia de manhã ao auvir a minha voz… Aliás é também com o mesmo sorriso desdentado que sorri ao meio da noite quando não quer dormir e eu estou morta de sono e com vontade de o “matar” por ele não me deixar dormir.

É um doce o meu menino, meigo, ternurento e muito carente. É mais preguiça que a irmã e mais calmo na maior parte das vezes. Chora em desespero de causa: fome e sono, de resto mesmo doente é uma doçura. Teve recentemente 2 otites e só chorava mesmo quando lhe tocávamos no ouvido, de resto tem sempre o sorriso (desdentado) para nos presentear. Há noite mais agitado que a irmã, não sei se por feitio, se por insegurança, se por puro miminho… Não há noite que não acabe agarrado à mãe. Não sem antes acordar umas 1020 vezes a choramingar e eu outras tantas vezes lhe pôr a mão por cima da cabecita para o ajudar a adormecer outra vez. Quando não aguento mais, rapo do rapaz da cama dele e meto-o na minha, bem encostadinho a mim. Por mim dormia lá todas as noites, mas a vida não é fácil e quero que ele se habitue ao máximo na cama dele, depois… Bem ele tem uma irmã…

Esse é um dos grandes problemas das mães de gémeos, a impotência dos nossos 2 braços perante os nossos 2 filhos quando ambos requerem a nossa atenção, pegamos num mas o nosso coração fica partido ao olhar para os olhos do outro magoado por não ser ele o eleito…

Ela, a minha rainha, é chorona, exigente, volntariosa e independente. Adora colo, desde o primeiro momento em que o provou, mas não gosta muito de ser “amassada”, acarinhada, beijada, é o colo que ela quer, quando ela quer e ela vai lá estar como lhe apetece (ao alto, de barriga para baixo, deitada, sentada, etc…). Estranhona, rejeita aleatoriamente as pessoas, ainda não percebi qual o critério de selecção, mas principalmente os homens. O processo é: Chegam perto dela, e olham para ela (nem precisam falar), ela desata no maior berreiro, como se a estivessem a matar, de sublinhar que este berreiro é sempre acompanhado por lágrimas enormes, que lhe escorrem copiosamente pela cara abaixo. Só se cala no colo da mãe e só sossega quando a pessoa em questão for embora. Ora, este feitiozinho deixa-nos muita vezes em situações constrangedoras.

Mas é espertalhaça, é linda, tem um sorriso radioso e faz 2 covinhas ao sorrir, bate palminhas e sabe que faz o maior sucesso com essa gracinha, apreende rapidamente tudo aquilo que lhe dizemos e tenta pôr em prática. Começa agora a amaciar… Já gosta mais de miminhos e de beijinhos… Da mãe claro!

O sentimento que trago no peito é de pura exaltação e preocupação constante. Não desligo o meu pensamento deles como se só eles existissem. Dou por mim muitas vezes a sorrir no meio do nada, só porque me lembrei da expressão doce do L ou de alguma travessura da M. Telefono 500 vezes por dia para saber se estão bem (apesar de estarem com as avós, com todo o mimo e cuidados do mundo) e sempre que posso pego no carro e vou vê-los, nunca me canso de olhar para eles, e quando os adormeço à noite olho para aquelas carinhas serenas e peço a Deus para que o caminho deles seja um caminho de rosas sem espinhos, (pelo menos não muitos), e quando vejo um “drogado” na rua a pedir esmola para dar que fazer ao vício penso que ele será filho de alguém e fico com o coração apertado, e desejo com muita força que nunca os meus tenham de passar por isso.

Beijos a todas

sexta-feira, novembro 16, 2007

8 meses deles


O tempo voa, e confesso que tenho andado com muita falta de tempo para cá vir. No entanto queria deixar-vos as "notícias" dos 8 meses dos pipizes.
Então o L. com 10 kilitos (coitado come muito mal...) e 75 cm, já veste roupa de 18 meses porque a de 1 ano já lhe está curta. Está lindo e cada dia mais mimalheco. As noites... Bem... Não vou comentar.
A M. com 9 kilitos apenas, começa a ficar atrás do irmão, mede 73,5 cm e para mulher está mais desenvolvida do que ele para rapaz, ou seja ela já ultrapassou o percentil 95 na estatura e ele está no percentil 95. Vamos ter uma "moça" de 1,80m. Está linda e espertalhaça, já bate palminhas e está cada dia mais cusca. Dorme bem melhor que o irmão (enfim... "gajos").
Se tudo correr bem só temos de ir ao pediatra em Fevereiro, pois os pipizes já comem de quase tudo, vou começar a treiná-los a "comerem" sózinhos para eles começarem a ter contacto directo com a comida... Vai ser lindo!
Volto com novas aventuras!
Beijos a todas

segunda-feira, outubro 29, 2007

Maternidade versus trabalho ou o reverso da medalha

Andava a vaguear noutro dia pelos blogs "meus amigos" e eis que vejo um tema abordado por esta amiga, que me despertou curiosidade. Achei engraçado ela considerar-se "doméstica", porque confesso era uma denominação que não ouvia há anos. Entretanto, em mais um pequeno zaping, vi que existem outras mães a "tempo inteiro", e fiquei surpreendida. A esse propósito decidi uma vez mais massacrar os meus leitores com um extenso rol de opiniões das minhas, porque como sabem gosto de opinar acerca de tudo e mais alguma coisa.

Eu sou uma mãe de carreira, sempre fui uma mulher que preza o seu trabalho e que gosta do que faz (ás vezes enfim…). Lembro-me que em ínicio de vida cheguei a trabalhar 32 horas seguidas.

Esse foi um dos motivos pelos quais adiei a maternidade, sempre com dedicação absoluta ao trabalho e horários pouco definidos, sabia que seria extraordinariamente dificil para mim gerir a vinda de um filho. E a minha opinião era (e é) de que não se deve fazer nascer um filho para os outros tomarem conta mais do que o realmente necessário. Tenho exemplos de pais dedicados a carreiras que o único amor que dedicam aos filhos é aquele que o dinheiro pode comprar, não queria isso para mim nem para os meus filhos.

Acredito que um dos factores que contribuiu para uma longa caminhada sem filhos (que teve o desenlace que já se conhece), foi o permanente stress a que estava sujeita. No entanto, quando o apelo da maternidade falou mais alto, decidi que iria dar um tempo a mim mesma para ver se conseguia ou não ter filhos. Libertei-me de alguns pontos de stress e decidi que no prazo de 1 ano teria de ver se conseguia ou não. Nesse prazo o trabalho seria para “ir levando”. Tinha obtido um estatuto que me permitia certas liberdades e por isso aproveitei-o.

É evidente que com a gravidez e os problemas que tive a partir da 21ª semana de gestação, com a minha retenção forçada em casa 3,5 meses antes do previsto, as coisas complicaram-se. Porque se há trabalhos em que nós podemos delegar e vir para casinha todas contentes, outros há que dependem de nós e que não podemos delegar, nem podemos deixar de os fazer. Por isso eu mesmo em casa tinha de estar sempre em contacto e sempre a trabalhar dentro da medida do possível.

Lembro-me que quando era preciso deslocar-me para qualquer coisa que era preciso tratar “in loco”, tinham que me vir buscar e eu lá ia a empurrar a barriga, sempre com um medo de morte de estar a fazer alguma asneira. Lembro-me de ter discutido aumentos salariais em Janeiro, na minha sala de roupão e pijama. A minha sala era o quartel general, estava cheia de computadores, papelada e capas de arquivo por todo o lado.

Se por um lado, era stressante ter de trabalhar e cumprir prazos e estar sempre ao telefone, por outro lado, acredito que foi essa “semi” actividade que me ajudou a manter a sanidade mental durante aquele tempo de reclusão. Se não tivesse nada para fazer tinha morrido de tédio.

Quando nasceram os Pipizes, tinha tudo organizado para mais ou menos 15 dias não ter de fazer nada ( e foi a sorte). Por isso, logo que chegamos a casa vindos da Maternidade, tive de começar, dentro do tempo que não tinha, a tratar da papelada porque o Ministério das Finanças não queria saber se eu tinha tido 2 filhos ou não, e os prazos são para cumprir. Daí eu dizer que ás vezes tinha um braço para um Pipi, outro para o computador e um dos pés a embalar o outro Pipi.

Naqueles momento iniciais mais negros, sentia-me culpada por estar a dividir o tempo que devia ter só para eles com o trabalho, e sentia-me mal, muito mal mesmo. Acrescendo a esse sentimento de culpa, o cansaço, e o receio de deixar escapar alguma coisa importante, ajudaram a tornar esses dias ainda mais dificeis.

Tentei ser naqueles primeiros tempos, e apesar dos pesares, uma mãe sempre presente, apesar de ter a quem os deixar para ir aqui ou ali, preferi sempre ficar com eles, e na vez de aproveitar para dormir umas sonecas quando eles estavam mais calmos e dormiam as suas sestas, aproveitava para trabalhar nessas horas em detrimento do meu próprio descanço (que me fazia tanta falta).

Agora já a trabalhar a tempo inteiro, não abdico de vir para casa mais cedo para estar com eles, não saio de casa sem lhes dar o pequeno-almoço (a papa), há hora de almoço estou com eles pelo menos 1 hora, e faço questão de ser eu a dar-lhes o jantar, o banhinho e brincar com eles sempre um bocadinho quando chegam a casa e antes de irem dormir.

Recentemente cumpri uma década de casada, eu e o pai estivemos para ir passar um fim-de-semana fora, só os 2 para comemorar, afinal não é todos os dias que se fazem 10 anos de casados. No entanto, à última, não tivemos coragem para os deixar “sózinhos”, sabemos que já estão habituados às coisas deles, e que lhes iria custar ficar fora do seu ambiente… Ficamos com eles e foi a melhor forma de comemorar, sem sombra de dúvida.

Ser “mãe a tempo inteiro”, seria sem dúvida um grande desafio, mas quando falo de ser mãe a tempo inteiro falo só disso mesmo, ter alguém que cuide da casa, das refeições, da roupa, e ser só “Mãe”. Porque, confesso que o trabalho doméstico me aborrece de morte, e apesar de ser boa “dona de casa”, muito organizada e boa cozinheira, não gosto da rotina desse trabalho. Gosto de arranjar umas coisas bonitas e fazer uns jantares elaborados fora isso pouco mais…Mas isso seria num mundo ideal, no mundo real tenho de ser Mãe, trabalhar e ir tratando das coisas da casa “a meias” com a mulher-a-dias (eu e mais milhões de mulheres por esse mundo fora).

Admiro quem tem coragem (e quem pode evidentemente) para se dedicar exclusivamente à maternidade ao “house keeping”, eu não teria essa coragem, até porque iria significar uma dependência financeira de “alguém” e a minha independência financeira foi algo que sempre prezei, talvez por vir de um lar onde tive uma “mãe a tempo inteiro” com o respectivo “house keeping” anexado, por vezes existiam situações que me levaram a fazer uma jura cruzada de que jamais em tempo algum iria depender financeiramente de alguém “so help me god”.

Beijos a todas

terça-feira, outubro 23, 2007

“Baby blues”

Em mais um retrocesso no tempo, e analisando agora mais friamente, acho que nenhuma mulher, quando tem o primeiro filho está realmente preparada para ser mãe, por maior que seja o seu desejo. Então quando são gémeos, a coisa ainda se complica mais.

Tenho 2 amigas mães de gémeos, e ainda recordo a minha reacção quando, na altura, elas me comunicaram que iriam ter 2 bebés: “Ai meu Deus!” – sei que não foi uma resposta simpática, mas na altura foi o que me saíu. Isto numa altura em que eu não imaginava ou sequer me passava pela idéia que iria passar pelo que passei, e que a palavra “gémeos” fazia parte de um dicionário que eu não conhecia. Em todo o caso, na minha cabeça imaginava que um nascimento duplo não deveria ser nada (mas nada mesmo) fácil, daí a minha reacção “pouco simpática” aquando das comunicações.

Quando estava grávida foram diversas as reacções das pessoas ao saberem que eram 2. surpreendeu-me, no entanto, porque a grande maioria ficava em êxtase profundo e dizia ter o grande sonho de ter gémeos, então quando eu dizia que era uma casal, ainda mais extasiadas ficavam.

As minhas queridas amigas mães de gémeos, diziam-me sabiamente: “Amiga, vai ser um trabalhão!” – ao que eu respondia prontamente – “Eu sei, estou preparada!…” – elas retorquiam: “Ninguém está preparada até ao dia que eles nascem.”.

“Ninguém está preparado até ao dia que eles nascem”, verdade mais verdadeira que ouvi até hoje.

Os pipizes enquanto estiveram na maternidade, eram uns “come e dorme”, e como nós não podiamos passar a noite com eles, não tinhamos a verdadeira noção da realidade, E apesar de eu ter de acordar para tirar o “parco” leite com a bomba, lá conseguíamos descansar um bocado de noite.

No dia em que os trouxemos da maternidade, lembro-me que vinha no banco de trás sentada orgulhosamente entre as 2 cadeirinhas, eles eram tão pequenos que quase nem cabiam nelas. Saímos com a indicação expressa de lhes darmos de comer de 3 em 3 horas, tinham na altura mais ou menos 2400grs, e precisavam de ganhar peso.

A responsabilidade era agora nossa, tinhamos finalmente os nossos filhos connosco, para preencherem os berços vazios no nosso quarto, mas não existiam enfermeiras, médicos ou alarmes prontos a disparar caso alguma coisa estivesse a correr mal. E mais… Por mais que procurassemos, não existia “manual de instruções”…

Toda essa responsabilidade e insegurança de “mãe de primeira viagem”, juntamente com todo o stress acumulado pelas situações vividas nas semanas anteriores, mais as “benditas” alterações hormonais despoletadas pelo parto, foram uma mistura pouco simpática, e rapidamente comecei a acusar o cansaço.

As primeiras noites foram surreais: Acordar, mudar a fralda, dar de mamar aos 2, pô-los a “arrotar” e deitá-los a dormir, tentar dormir até dali a 1 hora e meia 2 horas no máximo. Quando estava a conseguir adormecer, eis que o bentido despertador dava sinal outra vez e tinhamos de começar tudo de novo, e uma e outra vez, uma noite atrás da outra.

A privação do sono deve ser da facto das coisas mais horríveis que nos acontece, a nossa cabeça fica baralhada e o cansaço acumulado impede-nos de reagir. Tenho noção que nessa altura muitas vezes perdi a noção de tempo espaço e mesmo da própria realidade. Acordava e nem sequer sabia onde estava quanto mais o que tinha de fazer a seguir. É uma sensação estranha muito estranha mesmo.

Entretanto os meus anjinhos começaram a transformar-se em “diabinhos”. E choravam, choravam, choravam. As benditas cólicas atacaram em força e eles berravam e torciam-se e torciam-se e berravam, e dias e noites e noites e dias. Talvez fose por causa do leite artificial, ou da medicação que tinham feito no hospital, não sei.

Existe, hoje em dia uma grande pressão para a amamentação, e eu sou a favor dela. Mas a verdade é que e além das “passas do Algarve” que passei para desencaroçar o leite, nunca fui uma grande leiteira. Lembro-me de estar lá nas salas das bombas do leite (ordenhómetro como eu chamava), e olhar invejosamente para as outras mães que com grandes bicos e jactos enchiam grandes biberões, enquanto que eu nunca ia além do 40/50 ml a muito custo.

O L. nunca quis a mamoca, depois de ter provado o doce sabor do biberão, achou desnecessário estar ali a puxar quando com a tetina a coisa era muito mais fácil. A M. pegou, mas mamava para aí durante 1 hora e eu ficava com a idéia que a pobre não tinha comido nada. Assim, dava numa mamada à M. e depois tirava com a bomba para dar ao L pelo biberão, pelo que o tempo que eu não passava a dar de mamar, passava agarrada à bomba a tirar uns míseros mls de leite. Durante a noite desisti porque demorava quase o tempo todo entre mamadas e realmente não aguentava mais. Os meus sinceros parabéns às mães de gémeos que conseguem amamentar, eu não consegui. O leite secou quando eles fizeram 1 mês mais ou menos.

Por esta altura já andava atacada com os “baby blues”, e perguntava a mim pópria o que é tinha feito, só me apetecia fugir e voltar à minha vidinha antiga de “sombra e água fresca”. Só dizia para mim própria: “Mas ser mãe é isto???” – questionei muitas e muitas vezes as minhas opções, nas alturas em que eles estavam mais inquietos.

Lembro-me que passei várias tardes com a M. ao colo com ela a berrar e a contorcer-se e eu sem poder fazer nada, adormecia-a, deitava-a e ela parecia uma mola logo que a pousava na cama começava a berrar outra vez…

Lembro-me dos 2 a chorarem com fome e eu sentada no chão entre as espreguiçadeiras com um biberão em cada mão a tentar dar-lhes de mamar e o L. a querer vir mamar para o colo e a chorar desalmadamente…

Lembro-me de estar a trabalhar no computador com um no colo e a abanar outro no chão na espreguiçadeira…

Lembro-me de um dia particularmente dificil, ao fim da tarde a dar-lhes banho com eles os 2 a chorarem em uníssono, sem se calarem e de eu estar a chorar também, desesperada e pensar em como gostaria de apagar aquele momento e não estar ali a vivê-lo.

Mas também me lembro do primeiro sorriso dos meus filhos, das primeiras “palradelas”, dos primeiros movimentos coordenados, da primeira papa, da primeira sopa, de olhar para eles a dormirem e chorar de felicidade por eles estarem ali.

Foram sentimentos antagónicos que senti naqueles primeiros meses, mas que foram evoluíndo juntamente com o crescimento deles. Já não imagino a minha vida sem eles. Continua a ser um trabalho exaustivo, e as noites ainda são mal dormidas, mas ao ver o sorriso deles ao acordarem, ou quando os vou buscar, saber que eles já conhecem a mãe e que quando ela chega já querem disputar o colo, os mimos… Não há nada que se compare a esse amor tão maior.

Beijos a todas

quarta-feira, outubro 10, 2007

"nascer prematuro"

Durante o tempo que estivemos na neonatologia, posso dizer que aprendi muita coisa. De facto, só quem passa por um serviço destes, tem noção de como é possível a vida humana ser ao mesmo tempo tão frágil e tão resistente.



Com os pipizes fora de perigo, pude "relaxar" um pouco mais, e pude começar a olhar ao que se passava à minha volta. Aos outros pais que ali estavam horas a fio, como eu, a guardar as incubadoras dos seus bebés. O que vi, deixou-me estarrecida. Existiam ali seres humanos tão, mas tão pequenos que julgava não ser possível existirem, quanto mais estarem vivos.



Bebés nascidos com 26, 28, 30 semanas de gestação, uns ventilados e cheios de tubos e sensores, outros somente com tubos e sondas... Impressionante, os meus perto daqueles eram uns gigantes e estavam definitavemente desenquadrados, e o meu sofrimento perto daqueles pais que ali viam os seus pequenos filhos a lutarem desesperadamente pela vida, um dia atrás do outro, uma semana atrás de outra era pequeno, muito pequeno.


Quem já passou algumas horas num serviço de neonatologia sabe que naquelas horas “mortas”, em que os bebés estão todos a dormir, aquele zumbido das incubadoras é bastante relxante para quem anda esgotado, e ao olharmos os bebés adormecidos, ao sentirmos o calorzinho da sala e ouvirmos aquele barulho, só apetece deitar e dormir também.


Nas horas das mamadas tudo se altera, o serviço parece uma colmeia que ganha vida de repente. Acendem-se as luzes, ouve-se o choro dos bebés, e vê-se uma grande azáfama de volta das incubadoras. Na maior parte estão lá as mães, ou os pais, ou ambos. No entanto existem aqueles abandonados pela vida e sorte que estão sózinhos, ao cuidado das enfermeiras, e que sózinhos permanecem durante horas e dias, porque ninguém está para perder grande tempo de volta deles, são condenados… Até para nascer é preciso sorte.


Durante os dias que por lá estive, existiram alguns episódios que me marcaram, falarei apenas de alguns para não ser exaustiva, porque poderia falar de eventos mais ou menos agradáveis durante horas a fio.


A Isabelinha era uma menina nascida com 29 semanas de gestação, já estava lá no serviço há 1 mês quando entraram os gémeos. Nasceu com 850 gramas de peso. Na altura estava já com 1300 grs. A mãe da Isabelinha era daquelas que estava lá de manhã à noite, tinha uma filha de 3 anos e era a minha “vizinha da frente” da M., a Isabelinha estava bem, respirava sem nenhum tipo de auxílio e estava só a aprender a “mamar” e a ganhar peso, mesmo assim era pequena, muito pequena. A mãe esforçava-se por lhe dar os míseros 20 ml por biberão, mas ela raramente conseguia mamar até ao fim, o resto lá tinha de ir pela sonda. Estava lá no dia em que pela primeira vez conseguiu mamar tudo até ao fim, foi uma alegria… Estava lá também quando a passaram da incubadora para um berço, outra vitória e outra alegria.


Outro bebé que estava lá nascido com 26 ou 27 semanas de gestação, micro, muito micro, não teve a sorte da Isabelinha, esse estava noutra sala, e apesar de estar lá já há algum tempo, o veredicto não era nada favorável. Estava lá por perto quando ouvi a médica dizer aos pais que ele teria lesões cerebrais irreversíveis. Fiquei gelada, não consegui evitar as lágrimas que me começaram a escorrer pela cara abaixo, fui para as minhas incubadoras e pedi com todas as minhas forças para nunca ter de ouvir um veredicto daqueles. Não consegui imaginar a dor daqueles pais ao saberem que o seu filho teria à partida, muito poucas chances de ter uma vida normal.


O caso que mais me impressionou foi o da Inês, menina nascida com o tempo de gestação todo mas com uma deficiência cardíaca grave, teria de ser sujeita a uma cirurgia de alto risco que teria de ser realizada no HSJ, estava ali apenas a fazer exames e a curar uma infecção grave que tinha apanhado. Para além do problema cardíaco tinha uma deficiência cromossomática, o que a impediria de, caso sobrevivesse, de vir a ter uma vida normal. Era uma bebé linda, gordinha. Era das abandonadas pela vida e sorte, nunca tinha ninguém com ela. E como se não bastasse o saber que o mais provável era ter poucos dias de vida, iria ter um sofrimento atroz numa cirurgia (a meu ver descabida porque sem grandes esperanças), aquela criança só tinha as enfermeiras para tratarem dela. Não tinha a mãe nem o pai, que devem ter preferido ignorar os seus problemas do que ficar um dia atrás do outro ao lado de uma filha que se sabia iria perecer ou na melhor das hipóteses iria ser um ser dependente e com graves problemas para o resto da vida. Era muito raro aparecerem por lá, acho que só os vi uma vez.


Tinha uma pena infinita daquela menina, mas ninguém se podia chegar perto dela, ou melhor dizendo, nos serviços de neonatologia ninguém pode andar a pairar pelas salas ou ir espreitar as outras incubadoras, temos de nos limitar às nossas, o que é muito correcto. Por isso, todos sabiamos da história da Inês, mas ninguém lhe podia dar um afago de carinho ou sequer ir vê-la ou falar com ela.


Perante estes cenários acho que me consciencializei que estava a ser lamechas demais, os meus pequenos estavam bem, eu dentro do possível estava a recuperar bem, e realmente dentro de tudo o que tinha acontecido tinha tido uma sorte incrível: Fiz uma FIV, engravidei de gémeos, um rapaz e uma rapariga, consegui aguentar a gestação até ás 36 semanas, tive 2 bebés grandes e eles estavam ali “alive and kicking”, e sobretudo ao que tudo indicava saudáveis e muito perfeitos. Era (sou) de facto uma pessoa com muita sorte.


Dediquei-me a gozar os meus bebés, e a apoiar quem precisava do meu auxílio. Quem me conhece sabe que sou extrovertida e durante os dias que estive na neonatologia e depois quando estive na fototerapia, conheci muita gente e conheci muitas histórias, posso gabar-me, ainda hoje quando vamos à maternidade do pessoal nos vários serviços se lembrar de mim e dos “gémeozinhos” (forma como eles os tratavam). As médicas ainda hoje, quando eles vão às consultas, dizem carinhosamente “os meus gémeozinhos”.


Quando saímos da neo, passamos para uma outra sala de cuidados intermédios, onde estavam os bebés a fazer fototerapia, os bebés que como os nossos estavam a terminar medicação ou aqueles bebés que estavam abandonados à espera que a Segurança Social os encaminhasse. Era a sala onde os bébés vinham receber os primeiros tratamentos depois de saírem do bloco de partos e antes de serem entregues às mães.


Felizmente, quando entramos estava só lá uma bebé a ganhar peso, e nos dias seguintes iam entrando uns para a fototerapia, outros com mazelas pós parto, mas na generalidade não estavam lá muitos o que me deixava mais sossegada. Primeiro por causa das doenças, segundo porque em termos de segurança, aquilo era menos restritivo que a neo, e tinha medo que alguém “arrancasse” com as minhas pérolas.


Enquanto lá estive apareceu um bebé que foi abandonado, tinha 2 meses, a mãe foi lá levá-lo, porque ele estava com o rabinho completamente em “carne viva”, e nunca mais apareceu, o petiz chamava-se Ivo, era louraço de olhos azuis, muito giro, e berrava como um possesso, passava o dia a berrar, não se calava com nada. As enfermeiras punham-no sem fralda com pomadinha e com o rabinho para o ar a apanhar o sol que entrava pela janela, para ver se cicatrizava o rabito, mas aquilo devia doer horrores ao petiz.


Este serviço era menos restritivo que a neo, ali estavam os bercinhos uns ao lado dos outros e iamos vendo e “olhando” pelos outros bebés quando as enfermeiras não estavam e os pais também não. Foi ali que dei banho aos gémeos pela primeira vez, e foi ali que eles usaram as primeiras roupinhas, não as deles, mas as do hospital porque não se podia levar nada de fora. Daí que andavam com roupas que eram doadas ao hospital e com fraldas do tamanho 2 porque eram as que existiam na maternidade, ainda assim, as enfermeiras sempre que chegava roupa da lavandaria deixavam-me escolher as “melhores” e mais bonitas para eles, eram uns doces.
Ali, compreendi também que se luta com dificuldades nas maternidades portuguesas, porque toda a boa vontade não chega, e se não fossem donativos de particulares e empresas e do próprio pessoal, aqueles bebés que ali estão internados teriam só “farrapos” para vestir porque o orçamento não chega para comprar roupa para os bebés, no entanto, o regulamento não autoriza os pais a levarem nada… É irónico. Compreendi também, que muita gente voluntariamente dá dias da sua vida, que poderiam ser passados de forma vazia, a ajudar a maternidade e aqueles bebés mais necessitados, fazem-se enxovais para bebés ali. A mãe que lá chegue sem nada saí de lá com tudo para o bebé, e infelizmente são muitas. As enfermeiras tiram do seu salário dinheiro para comprar lã, e as voluntárias fazem carapins, casaquinhos e calcinhas para dar aos bebés e para uso geral.


É incrível a forma carinhosa como os bebés são tratados, já nem falo dos meus porque nós estavamos lá sempre metidos e eles só de noite é que precisavam de mais atenção por parte do pessoal de enfermagem, mas falo de meninos como o Ivo por exemplo, posso dizer-vos que o miúdo berrava , berrava e berrava, e que nunca ouvi uma palavra mais exasperada por parte das enfermeiras, tinham lá uma espreguiçadeira e estavam sempre a abanar o Ivo enquanto davam o biberão a outros bebés.


Passados uns dias já eramos “tu cá tu lá”, e os pipizes eram o “ai jesus” do pessoal, eu já cirandava por lá para dar uns abanões ao Ivo quando elas estavam ocupadas e os meus estavam a dormir e nas horas mortas dávamos 2 dedos de conversa. Quando viemos embora, as enfermeiras e as voluntárias ofereceram-nos uns carapins para cada um: “Para recordação” disseram elas… E como recordação estão guardados junto com as pulseirinhas do nascimento e as placas que tinham nas incubadoras a dizer “1º gémeo” e “2º gémeo” e as primeiras roupinhas que eles vestiram por breves instantes.


Já lá voltei para dar roupas dos pipizes que não servem, e tenciono voltar a dar mais roupa, porque está nova e servirá para vestir bebés que como os meus lá estão internados ou cuja família tenha necessidade, e é melhor do que ficar a “mofar” dentro de uma caixa.
De uma coisa tenho a certeza, se tivesse algum tempo livre, era lá ou noutro sítio semelhante que o passaria.

Beijos a todas


PS: A Inês, soube mais tarde que sucumbiu aos 2 meses de vida, depois de uma cirurgia de 9 horas ao coração, à qual sobreviveu. Morreu de outro tipo de complicações, sózinha. Os pais foram levantar o corpo e devem tê-la enterrado como indigente num cemitério qualquer. Apesar de tudo foi um final feliz para ela...

PS2 Para quem não reparou a título tem o link de um blog sobre prematuros, passem por lá, ficam com uma idéia do que estou a falar.

quarta-feira, setembro 26, 2007

Nessas longas noites de vigília, os "ses" pairavam na minha cabeça: "Se tivesse aguentado mais uns dias", "se tivesse ido para um hospital público", "se", "se", e "se"...



No domingo amanheci febril, poderia ser da subida do leite, mas aparentemente ele teimava em não subir, poderia ser algo na cicatriz, poderia ser do stress, enfim... Iniciou-se antibiótico e retardou-se por mais um dia a saída do hospital. Nesse dia também, decobriram finalmente o que tinham os gémeos: Uma infecção muito grave generalizada (Sépsis), podia-se finalmente começar a tratar o problema e esperar que eles respondessem à medicação.



Nunca soube a origem de tal infecção. Na maternidade disseram que tinha sido transmitida pela mãe, o médico da mãe acha que foi transmitida pelo serviço de Neonatologia. De facto, a mãe nunca teve sequer uma constipação enquanto esteve grávida, e foi cesareana, mesmo que houvesse alguma bactéria por ali a rondar os bebés não entravam em contacto com ela... Onde quer que eles a tivessem apanhado, não era, naquela altura, relevante, a realidade é que eles tinham uma Sépsis e que o estado era muito grave.



Na segunda-feira, tive alta, ainda que enfebrada tive alta. Estava numa ânsia para ir ver os pequeninos, saímos do hospital logo que fomos liberados e eu e o pai lá fomos ver os nossos filhos.



Na unidade de Neonatologia, lá fui ver quase pela primeira vez os meus rebentos, estava com um aperto no estomâgo, e foi um sentimento que mantive até eles sairem de lá. Quem já teve filhos internados sabe que cada dia é uma surpresa, e que um dia eles estão melhores, no dia seguinte já não se sabe o que se vai encontrar. Com os meus não foi diferente, entraram para os cuidados intermédios, no dia seguinte à tarde passaram para os intensivos e sempre com oscilações.



Confesso que ia com medo de alguma má notícia. Quando o pai me guiou através de um mundo de caixas de vidro e bips metálicos, com pequeníssimos seres todos cheios de tubos e sondas e monitores, apeteceu-me fugir dali para fora. Simplesmente fugir, tanto sofrimento junto, tantas mães deseperadas, e pequenos seres que viram pela primeira vez o mundo através do vidro grosso de uma caixa e muitos que não se sabia se alguma vez veriam outra coisa.



Quando chegamos às "nossas" incubadoras vi que os meus filhos eram dos maiores que por ali pairavam, estavam deitadinhos de rabo para o ar, cada um na sua caixinha. Cheios de sondas, monitores, e tubos. A M. sempre a resmungar, o L. com o seu arzinho plácido. Abri as portinhas da incubadora da M., meti lá as mãos e inclinei-me para falar com ela. Foi um momento emocionante, ela acalmou-se e abriu pela primeira vez os olhinhos, como se o som daquela voz e o toque daquelas mãos lhe despertasse alguma memória longínqua, fixou-me com aqueles olhos ainda inexpressivos, voltou a fechá-los, e ficou sossegada. Depois fui ao L. tão quietinho, tão querido, tão mimeco, foi como a irmã, pareceu reconhecer logo o toque e a voz da mãe e sossegou um bocadinho.



Entretanto chega a médica, que aproveitou para nos dizer que eles estavam a evoluir favoravelmente, mas que ainda nada estava ganho. entretanto aproveitou para me passar uma rabecada por ter ido ter os bebés no hospital particular. Chamou-me inconsciente e disse que se tivesse acontecido algo mais grave com eles nós seríamos os culpados... Senti-me mal... Essa era uma verdade que me perseguia desde sempre e sabia que ela tinha alguma razão. Não toda a razão porque, eles podiam ter nascido num hospital público e terem de ser transferidos para outro por falta de vagas, porque na verdade ninguém supunha que uns bebés daqueles com aquele idade gestacional fossem ter problemas... Mas enfim,ela dizia a verdade, e sei que se o pior tivesse acontecido, iria ser muito dificil para mim conviver com o remorso.



Deram o primeiro leite por biberão à M., 5 ml, ainda me lembro a carita dela quando acabou de beber aquela migalha de leite tipo a dizer "então dão-me o aperitivo, e onde está o almoço?", como não houve mais nada desatou a berrar. Fiquei lá embebecida, sentada numa cadeira entre as "minhas" duas incubadoras, ora ia a um ora a outro, por minha vontade montava lá a tenda e não saía de lá.



Mas a verdade é que tinha de vir, a febre estava num pico e comecei a não aguentar o corpo, caí na cama, tomei um benuron e fiquei encolhida com aqueles arrepios horríveis. No dia seguinte, estava com febre e com o peito todo encaroçado, duro como pedra, tinha caroços até ao pescoço. O bendito leite não saía na bomba, mas tinha subido e estava todo encaroçado lá dentro.



Fui para a maternidade. Ao desconforto da cesareana e da febre, tinha-se juntado as horríveis dores no peito, mas isso não me fazia desistir. Quando lá chegamos fomos para os cuidados intensivos e já não estavam lá as incubadoras dos bebés. durante um curto espaço de tempo entrei em pânico: "Será que morreram e não nos avisaram?", procurei um enfermeira que me deu a boa notícia que tinham passado para os cuidados intermédios outra vez. Estavam fora de perigo os meus meninos. Não preciso de dizer que chorei, acho que está por demais evidente que sim, por isso avanço essa parte antes de começar outra vez a chorar.



Estavam já na sala dos intermédios, só que agora um em cada ponta. Lá andei eu tipo ventoínha, a cair de pé, de um para outro. Foi um sacrificio fisico muito grande, houve uma altura em que pedi uma cadeira para pôr debaixo das pernas, e outra em que me apeteceu deitar-me nos sofás que tinham na entrada do serviço, mas aguentei e de tarde tive a recompensa de poder pela primeira vez mudar a fralda à minha filha e pegar-lhe ao colo, de facto foi aos 2, mas foi a ela primeiro.



Foi uma emoção, devo dizer que ela tinha feito uma cocozada e que eu a mudá-la dentro da incubadora sujei tudo, os lençóis, o colchão, enfim uma verdadeira vergonha... Mas quando a tive no meu colo e lhe dei o biberãozito... Nem consigo descrever o que senti.



Com o L. pude deixá-lo experimentar a mamaroca dorida, mas ele não se demonstrou grande apreciador. Em primeiro lugar porque aquilo não deitava nada, e em segundo lugar porque o biberão era muito mais fácil.



Dali fui para o Hospital onde trabalha o meu médico, porque tinhamos que desencaroçar aquele leite antes que descambasse em mastite. Lá fui submetida a tratamento de choque, injecções de Syntocinon, e vaporizador de syntocinon no nariz, mais duas enfermeiras amorosas agarradas a mim com toda a força a passar toalhas a ferver e a espremerem as ditas cujas. Posso dizer que foi pelo pior que passei até hoje, fartei-me de berrar lá, e cheguei a implorar à médica que me secasse o leite, só desisti porque ela me disse que mesmo que secasse teria de tirar o que estava lá dentro. Foi horrível, e depois de tudo o que se estava a passar sucumbi à autopiedade, e o caminho para casa foi todo feito a chorar, realmente não havia nada que não me acontecesse.

Beijos a todas

terça-feira, setembro 25, 2007

Caramba...

Por mais um desfecho negativo, por mais uma esperança perdida, por mais um sonho adiado...

Beijos a todas

quarta-feira, setembro 19, 2007

E mais palavras

O anoitecer não trouxe nada de novo, continuavamos sem filhos e sem notícias. Começava a invadir-me um sentimento indescritível, um aperto no peito com apreensão, ou algo parecido. Associei esse sentimento ao facto da falta de notícias, mas a verdade é que, tinha nascido uma mãe dentro de mim e eu ainda não sabia.

Por volta das 20 vem o pediatra dizer que estavam bem, que a M. ainda continuava a precisar de oxigénio e bla bla bla, voltava mais tarde para fazer o ponto da situação e ver se podiam vir para o quarto. Naquele momento, o meu lado racional absorveu o maternal e disse-lhe: "Dr. se precisar de transferir os bebés não hesite!" - ao que ele respondeu: "Não se preocupe que se achar necessário nem lhe peço autorização!".

A minha inquietação crescia ao minuto, algo dentro de mim me dizia que algo de errado estava a acontecer, logo na altura em que eu achava que já nada poderia correr mal, as forças do além mostravam que "nothing is over till it's over" (esta é das frase que exprime o que sentia e em português não lhe consegui arranjar substituto por isso vai em inglês).

Por volta das 10h30 volta o pediatra e anuncia que vão passar a noite sob vigilância mas que não vêm para o quarto porque a M ainda precisa de cuidados de oxigénio e mais bla bla bla. A inquietação aumenta, a adrenalina sobe, apetece-me soltar os "pregos" que me prendem à cama, mas naquele momento chega o meu médico que diz para nem pensar nisso, que não autoriza. Sinto-me inútil e impotente perante os meus 2 filhos recém nascidos.

Quando toda a gente foi embora, começo a ouvir um choro forte seguido de um alarme, o A. diz-me, aquela é a máquina onde está ligada a M, quando ela chora liga o alarme porque desce o nível de oxigénio, o L também está numa igual.

Aquele choro era uma constante. Ao acalmar dos sons do hospital, era mais nítido. Afinal eles estavam ali, numa sala quase ao lado, e eu não podia acalmá-los, acarinhá-los, abraçá-los, nada... O choro continuava, o alarme continuava. Não conseguia dormir, o torpor da tarde deu lugar a uma agitação inominável, e só conseguia ouvir o choro da minha filha, e como ela chorava... Comecei a ficar ansiosa, cada vez mais, por volta das 4 da manhã a ansiedade atinge o pico e comecei a ter convulsões e vómitos. O A com um "penico" para eu vomitar (não tinha nada para vomitar porque não tinha comido nada) e a mão na campaínha para chamar a enfermeira, estava aflito. A enfermeira veio, e lá injectou uma droga qualquer na veia do soro e a coisa acalmou, mas continuava a ouvir aquele choro aflito e aquele alarme. É das coisas que por muitos anos que viva nunca vou conseguir esquecer, a minha sensação de impotência face ao sofrimento dos meus filhos.

De manhã, o pediatra chega e comunica que os vai transferir. A M. não melhorou e o L piorou e também estava agora a necessitar de oxigénio. Não sabiam o que estava a suceder, tinham de ir para um serviço especializado, para uma neonatologia. As lágrimas corriam-nos pela cara abaixo. Sabíamos que era o melhor para eles, mas ao mesmo tempo sabiamos que algo estava errado.

Eu ainda não os tinha visto, depois daquele vislumbre no nascimento. Chamei a enfermeira para me tirar a parafrenália que queria ir vê-los antes de irem. Não me queriam deixar, tive de ser persuasiva e dizer que se não me tirasse a algália e me ajudasse eu mesma o faria e que ninguém me impediria de ir vê-los. Lá consegui que me tirassem da cama e lá me arrastei para ver os meu bebés.

A dificuldade de todo este relato, é que ao rever estes episódios, as lágrimas teimam em queimar cá nos olhos. Por isso o adiamento para agora deste evento.

O que vi, quando lá cheguei foi a minha filhinha só de fraldinha, de rabinho para o ar, debaixo de uma máquinha que parecia uma chocadeira, com sensores num pézinho e num dos braços com algo que devia ser soro. As lágrimas escorriam-me pela cara enquanto falava com ela e a sentia acalmar ao som da minha voz. Vi-a pela primeira vez, uma cabeleira negra certinha, parecia que tinha um capacete na cabeça, um ar de rezinza que não perdeu até hoje, linda e no entanto já sofrida.

Procurei o L. estava noutra sala, ele ainda estava vestido com as primeiras roupinhas, estava ofegante e parecia um gatinho a respirar, fazia tipo um gemido. Lindo com uns pelinhos louros na cabecinha, parecia um pêssego.

Foi ali que soube que tinham tido índice de Apgar 9 ao 1º minuto e 10 ao 5º, e que agradeci o facto de ter estado acordada quando eles nasceram, para assim ter podido ver que nada de errado se tinha passado no parto. O que tinha acontecido a seguir tinha tanto de inesperado quanto de estranho. E nem o pediatra sabia o que dizer quando lhe perguntei: "Dr. os meus filhos correm risco de vida?" - a resposta foi: "Não vamos pensar nisso agora." - tive então a certeza que a situação era complicada, porque o meu instinto já mo estava a dizer há horas.

Veio a incubadora do INEM, levaram primeiro o L que estava piorzito na altura, despiram o meu pêssego, ligaram-lhe tubos e tubinhos e lá o vi ir. Fiquei com a M, passado um bocado foi a vez dela, o pai seguiu com eles eu fiquei agarrada à minha barriga e à minha dor, sem nada poder fazer a não ser rezar e chorar.

A família e os amigos começaram a chegar. Se na altura, achei que não queria ver ninguém e me apetecia mandar toda a gente embora. Hoje sei que foi bom que tivessem estado comigo, porque não me deixaram afundar em autopiedade e assim, fui conseguindo forças para enfrentar mais um revés que me estava a acontecer. Foram todos muito importantes naquela fase, e ainda hoje sou muito agradecida a todos os que me acompanharam principalmente naquele primeiro dia.

Os dias que se seguiram não foram fáceis. Eles pioraram e no Sábado foram transferidos para os Cuidados Intensivos com a indicação de que as 72 horas seguintes seriam decisivas, ou viviam ou sucumbiam. O A é que trazia as notícias e as fotos deles das incubadoras, era a única forma de os ver. Quando foram transferidos não sabia se os voltaria a ver ou não, estavamos desolados. Naquela altura optamos por filtrar a informação, não queria ninguém ali por perto com cara de choro ou com ar de tristeza, já me bastava a minha. Ninguém sabia até há pouco tempo atrás que eles tinham corrido risco de vida.

Acho que nunca niguém me viu chorar, a não ser o pediatra deles, que ao andar à minha procura me encontrou na capela lavada em lágrimas. Escolhia o recolhimento para chorar a minha dor, e aí chorava sem fim até quase esgotar as lágrimas, mas em público não queria chorar. É assim que eu sou, espalha brasas no geral, mas muito reservada nos meus sentimentos, acho que as pessoas terem pena de nós não é nada bom, e andarmos a chorar as pitangas também não faz mudar a realidade dos factos. E como diria a Piolha, aparecia sempre alguém com uma história pior para contar e eu não estava com disposição de ouvir as desgraças dos outros.

O meu médico andava cá e lá, na maternidade para saber dos bebés, no hospital para saber de mim, estava preocupado, sobretudo com a minha sanidade mental, estava com medo que eu não aguentasse a pressão e sucumbisse numa mistura de hormonas. Manteve-me presa ao hospital, para pelo menos recuperar a parte física, porque como ele dizia e sabia, mal me libertasse eu não iria ter um momento de sossego. Drogavam-me à noite para verem se eu dormia. eu caía pedrada 1 hora ou 2 e depois ficava em vigilia sem conseguir dormir, a imaginar os meus filhos ali sózinhos num aquário de vidros, cheios de tubos, agulhas sondas, e pior de tudo, depois de 36 semanas acompanhados pela mãe e um pelo outro... Sózinhos... Sózinhos... E chorava sózinha no silêncio da noite.

Beijos a todas

segunda-feira, setembro 17, 2007

A palavra aos pipizes

Olá a todas, só para dizer que no Sábado conhecemos umas titias muito especiais, esta tia e esta tia. Esta era uma visita devida há 6 meses, pois elas foram visitar-nos ao hospital e nós não estávamos lá porque somos uns malandrecos.

Queremos dizer às titias que gostamos muito delas e dizer que acreditamos que em breve teremos mais uns priminhos para brincar.

Beijos a todas

terça-feira, setembro 11, 2007

Mais palavras soltas

O dia 15 de Março alvoreceu brilhante, O céu azul, muito azul, o ar ensolarado dos mais bonitos dias de Primavera, e uma temperatura amena.

"É um dia bom" - pensei eu, enquanto me arrastava para os últimos preparativos, antes de ir para a Clínica. Veio a manicure de véspera, e a cabeleireira de manhã, queria que os meus filhos me conhecessem no meu melhor.

Não estava nervosa, nada, estava calma e desejosa que a hora chegasse. Estava marcado para as 13h30. Sentia um misto de curiosidade e sobretudo um grande cansaço; Sentia que num dia assim nada poderia correr mal, ou melhor, pensava que depois de tudo, mais nada poderia correr mal.

Demos entrada no Hospital por volta das 10h30, tinha decidido ir para um hospital privado, achei que em termos de conforto seria melhor para mim e para eles, com a contrapartida de ter o meu médico incondicionalmente ali. Foi um grande motivo de critica esta minha decisão, todos acharam que estava a arriscar um bocado fazer um parto de gémeos num hospital privado, pois caso algo corresse mal, seria complicado. Resolvi arriscar, não estava com vontade nenhuma de me enfiar num enfermaria com mais 4 ou 5 paridas e respectivos bebés a chorarem dia e noite, e não poder ter uma pessoa sempre ali perto de mim, e não poder receber visitas quando eu quisesse, não ter o staff médico da minha confiança, etc.

Foi um risco, e desde logo o assumi, escolhi um hospital que pela localização geográfica ficava ali mesmo, entre 1 central e uma maternidade... "Just in case". Preferi dar um pouco de primazia ao meu conforto, porque... Porque sim!

Ás 13h30 em ponto, lá ia eu dentro da cama a caminho do bloco, antes disso tinha tido a visita da parteira (um doce), do anestesista e do meu médico. Lá me convenceram a levar a epidural. Confesso que na altura preferia a anestesia geral porque pensava que me ia fazer uma grande confusão ver aquela parafrenália toda e eu ali deitada enquanto eles me "retalhavam" enquanto estava consciente. - "A epidural é melhor, a recuperação, blá, blá, blá..." - "Ok, epidural então".

Já dentro do bloco, toda a gente fazia festa: "Gémeos??!!! Um casal!!!??? Que bonito!" - enquanto aproveitavam para contar as histórias das suas gravidezes e respectivos partos, encontrei uma enfermeira que também tinha feito tratamentos para ter filhos, disse-me que até hoje se emociona quando vê nascer bebés de tratamentos. Uma equipa bem disposta, tudo bem disposto. Lá levo a dita cuja... Nem senti, comecei passado um bocado a sentir-me encortiçada, e pelos testes que me faziam lá percebi que não estava a sentir nada, ou melhor sentia que me mexiam, mas não sentia (pensamento estranho).

Estava calma e apreensiva, se é que é possível partilhar dentro de nós dois sentimentos tão antagónicos. estava calma porque confiante, porque desejosa pelo desfecho de mais um ciclo. Apreensiva pelo desconhecido.

Começaram a operação propriamente dita, sentia tudo mas não sentia nada, de repente ouço um barulho de aspiração e o anestesista disse-me que estavam a aspirar o liquido amniótico do primeiro bebé, fizeram apostas qual seria o primeiro a nascer, se o L se a M, eu disse que devia ser a M., de repente um ruído, uma tosse, um choro gritado, uns pares de mãos para a apanhar. Era a M. em todo os seu esplendor a gritar com uma possessa, só a vi passar por mim, foi logo absorvida pelo pediatra e parteira e demais pessoal. entretanto o aspirador estava novamente a funcionar, o outro gémeo vinha a caminho. Ainda andaram um bocado às aranhas atrás da cabeça do L, ouvi pedir uma ventosa, fiquei alerta... Afinal não foi preciso, o rapaz lá deu a cabeça ao manifesto e 2 minutos exactamente depois dava também o seu grito do ipiranga. Como a irmã, também o vi logo passar de mão em mão numa rapidez de movimentos ensurdecedora, sei que deu uma mijinha no pediatra e essa foi a imagem de marca dele desde o primeiro momento.

De onde eu estava tentava vê-los, mas tinha dificuldade pois estava muita gente de volta deles a tratá-los, ouvia-os chorar e sabia que estavam bem. "Missão cumprida." - pensei, e fui invadida por uma sensação de puro alívio e um torpor que me pesava nas pálpebras. Chamei o anestesista e disse: "Estou com muito sono, é normal?" - Ele disse que sim que era a quebra da adrenalina e disse-me que descansasse, veio mostrar-me a M. já vestida. Entretanto levaram os gémeos numa cestinha, enquanto me cosiam relaxei e tentei dormir. Tinha a cabeça vazia, naquele momento não conseguia sentir nada a não ser um extraordinário cansaço.

Levaram-me para o quarto, e pelo caminho a parteira disse-me que os bebés não iriam já para lá porque a M estava a precisar de um pouco de oxigénio e estava muita gente à nossa espera, disse-me que eles iriam para o quarto quando as visitas fossem embora, mais para o fim da tarde.

Só queria dormir, pedi para me fecharem as persianas e para não entrar ninguém, tinha sono, muito sono... Sentia um alívio imenso: "Estão bem, nasceram e estão bem!" - era só no que conseguia pensar até ser abraçada por um sono profundo.

Quando acordei estava sozinha ainda. Aproveitei para comunicar ao mundo o nascimento. Os berços deles continuavam lá vazios a olhar para mim. Comecei a ficar inquieta. As pessoas começaram a entrar umas de cada vez para não fazerem muita confusão, estava tudo eufórico, aguardavam ansiosamente pela chegada dos rebentos. Só que essa chegada tardava em acontecer.

Beijos a todas

sexta-feira, setembro 07, 2007

Palavras soltas

Este texto anda cá dentro a levedar há já algum tempo, o assunto não é actual, porque passado, ao mesmo tempo não é repetitivo porque nunca falei nele. Parece-me que seja talvez esta a altura de deixar fluir o pensamento, e passar a escrito o que anda cá dentro a bailar.

Reporto-me ao último mês de gravidez, da minha claro. A razão de só agora estar a escrever, tem a ver com a razão pela qual durante este período não fui muito descritiva, e tem basicamente a ver com o estado físico e mental que me acompanhou durante 36 semanas de gestação dos meus filhos.

Compete talvez esclarecer aqui, o interregno literário a que submeti este blog durante a gravidez, porque depois do nascimento todas sabem porquê.

Em primeiro lugar, quero dizer que a gravidez não foi um estado de graça para mim. Foi um estado de ansiedade profunda aliado a um mal estar físico permanente. Se por um lado estava feliz por estar grávida (muito), por outro lado os enjoos, o permanente mal estar faziam com que andasse sempre muito por baixo. Outra vertente era a ansiedade permanente e o medo de não conseguir levar o barco a bom porto.

Porque se numa gravidez dita normal, se acontecer algum azar, as pessoas dizem: -"Vamos tentar de novo" - e fica tudo bem, no meu caso (no nosso caso), um incidente significa o fechar da porta, ou então o início de mais uma saga de grandes oscilações físicas e psicológicas.

De uma coisa tinha a certeza, quer conseguisse ou não levar a termo a minha gravidez, para mim era o fechar da porta. Não me ia sujeitar mais vez nenhuma ao processo doloroso e esgotante de nenhum tratamento de fertilidade. Não conseguia, na minha cabeça imaginar-me a passar por tudo outra vez e foi uma jura que fiz. Se não tivesse que ser não seria, já chegava de brincar aos deuses.

Até Fevereiro não permiti que me dessem nada para eles, e até à véspera de ir para a maternidade nem cadeiras tinha para os trazer para casa. Uma coisa tinha preparada desde as 21 semanas... A minha mala. A deles só muito mais tarde preparei... E nem adiantou de nada, não precisaram de mala.

Devo dizer que apesar da barrigona, dos abanões deles lá dentro, de toda a parafrenália, acho que nunca na minha cabeça esteve muito presente a idéia de que iria ser mãe, andava tão ocupada a ter medo de o não ser que acho que nunca tive verdadeira consciência do que ia acontecer.

Depois um ponto de viragem na minha travessia, foi os incidentes que mancharam a felicidade de duas amigas do coração, ainda que virtuais. Nessa altura achei que não seria justo eu andar por cá a queixar-me das minha incertezas e incómodos, quando alguém sofria tão profundamente e não se importaria concerteza de estar no meu lugar. Achei simplesmente que não fazia sentido, e é essa uma das razões pelas quais não alardeio (muito) as minhas aventuras da maternidade.

A verdade, é que o interregno a que fui forçada por volta das 21 semanas, e me fez ficar em casa em semi-repouso, foi muito desgastante psicológicamente, enquanto que, fisicamente ia vendo o meu corpo a ficar totalmente transfigurado, e ia assistindo à quase falência do meu organismo, para dar vida aos meus 2 filhos.

No último mês de gravidez (das 32 Às 36 semanas), já quase não andava, arrastava-me; Tinha as pernas completamente deformadas de inchadas, e os pés tipo boneco de plasticina onde uma criança tenta colocar uns toros a servir de dedos; Os rins não funcionavam normalmente, porque a sobrecarga a que estavam sujeitos começava a ser demais, a barriga estava tão grande que dizia muitas vezes que se eu fosse mais baixa ao levantar-me caía para a frente; As noites e dias eram em branco pois não me conseguia deitar porque o peso da barriga era tanto que deitada ela ficava a repuxar as costelas e era um incómodo sem descrição possível. A única forma como conseguia dormir era sentada com as pernas esticadas e uma almofada apoiada num ombro, aí descaía a cabeça para o lado, e dormia de pé.

Andava exausta, as ecografias eram um tormento semanal bem como as viagens ao Porto para a consulta, na marquesa tinha de estar sempre a virar-me porque se estivesse deitada de costas começava a perder o ar, de lado doía-me imenso, era uma verdadeira provação. E para além de tudo, a barriga estava sempre dura como pedra. Uma coisa que demorava 10 minutos a fazer, demorava quase 1 hora, era desgastante para mim, para quem me acompanhava e para o médico.

Confesso que vi aproximar-se o dia do parto em passo de caracol, e que se calhar fiz um bocadinho de pressão para que ele fosse realizado naquele dia exacto, realmente não aguentava mais e já que tinha de ser programado e tinha, então deixar fazer só a data de referência, 36 semanas. Se fosse hoje tenho a certeza que teria feito o mesmo, mas no meu íntimo fica a dúvida: Se eu tivesse esperado mais uma semana teria sido diferente?

Para a semana continuo com as palavras soltas, por agora despeço-me com desejos de um bom fim de semana para todas.

Beijos

segunda-feira, setembro 03, 2007

Dias de solidão

Depois de 5 meses e meio, passados na sua maior parte com eles. Depois de 5 meses e meio: Em que acarinhei nas primeiras cólicas; Em que vibrei com o primeiro sorriso; Em que lacrimejei ao ouvir os primeiros sons deles na tentativa de comunicar com o mundo; Em que fui persistente com as colheradas da papa e da sopa para que eles aprendessem a comer, Em que centenas de vezes me enterneci até ás lágrimas a vê-los dormir e algumas outras que desesperei por não saber como calar o choro deles... Hoje deixei-os oficialmente pela primeira vez, 1 dia inteiro (ou quase), sem mim e eu sem eles.

Chorei ao vê-los sair de casa, chorei, porque a partir de hoje deixo de estar lá presente em todos os momentos, em todas as conquistas, em todos os sorrisos, em todas as birras. A partir de hoje, todas as conquistas serão divididas, e quantos momentos da sua evolução eu vou perder...

Já fui vê-los (claro), o sorriso rasgado ao ouvirem a voz da mãe não deixou margem para dúvidas, também eles sentem a minha ausência, e isso ainda custa mais. Abracei-os como se os quisesse meter dentro de mim outra vez, e tive de os deixar novamente, e a partir de hoje um dia atrás do outro, e outro...

O L, tem andado maio adoentado, coitadinho, com uma otite, e agora com um pouco de diarreia. Têm andado os 2 meio chorões desde que regressamos a casa, acho que estivemos muito tempo na outra casa, e agora está a custar-lhes habituar-se a esta, ou talvez tenham já alguma premonição de que os "good old days are over". Mas de resto estão uns pimpões, e se dormissem mais algumas horitas de noite eram uns queridos...

A verdade é que nunca julguei que custasse tanto, porque por vezes era de tal modo absorvida por eles que não tinha tempo sequer para comer, ir à casa de banho ou outras coisas tão básicas como ir beber um copo de água ou falar ao telefone. Era uma tarefa de 24 horas, sem tempo para intervalo. Mas foram imensamente superiores as vezes que essa tarefa me proporcionou prazer do que as que me desesperou (que não foram poucas).

Quando entramos na maternidade, pela primeira vez, somos surpreendidas, nunca estamos prepradas para cuidar de 1 bebé, quando aparecem 2, então existem alturas em que a coisa é surreal, e julgamos que nunca vamos conseguir aguentar a pressão a que somos sujeitas para responder à exigência daqueles pequenos seres, porque eles exigem, até à exaustão, e não querem saber se estamos cansadas, doentes, ou simplesmente já tivemos tanto que já não aguentamos mais... Eles estão ali, e querem aquele colo, aquele leite, aquele afago, naquela hora, e não esperam nem um minuto, eles choram, e berram, e nós não sabemos o que eles têm, e isto uma hora atrás da outra, um bebé atrás do outro. Sim, porque quem só tem 1 ainda vai tendo uma folguinha, quem tem 2, tem sempre algum a necessitar de atenção. Muitas são as vezes em que julgamos que vamos sucumbir e, porque não, até fugir.

No entanto, desde o momento que vemos aquelas carinhas de anjo a dormir regaladamente no nosso colo, ou simplesmente na sua caminha, sempre que vemos aqueles sorrisos com que nos presenteiam quando acordam de manhã ou quando fazemos umas simples brincadeiras com eles, quando os apertamos nos nossos braços e sabemos que são nossos, são parte de nós e lutamos para que eles viessem a este mundo sãos e salvos... Esqueçemos o nossos cansaço, as nossas dores físicas, e avançamos sem medo, porque sabemos que eles dependem de nós e a nossa tarefa nesta vida é fazê-los crescer saudáveis e felizes... E agradecemos... Todos os dias, porque um tesouro muito preciso nos foi confiado.

Eu, perante certos padrões modernos, até nem devo ser grande educadora, os meus filhos gostam de adormecer ao colinho, e eu não lho nego, se algum está mais agitado vem dormir comigo na minha cama, e detesto que chorem, e faço tudo para que isso não aconteça... Se calhar algumas pessoas vão dizer que estou errada: O certo é deitá-los a dormir nas caminhas deles e deixá-los lá para aprenderem a dormir sózinhos, não os deixar ir à cama dos pais, não lhes pegar ao colo sempre que choram, etc, etc, etc.

Mas, acreditem, depois de tudo o que passamos, eles e eu, não quero saber cá de psicologia de trazer por casa, eles daqui a pouco não querem o colo, querem é caminhar e descobrir o mundo, não querem a cama da mãe, querem o quarto deles e as coisas deles. Por isso, deixa-me aproveitar enquanto posso.

Beijos a todas

terça-feira, agosto 28, 2007

Ah pois é!...

Interrompo este interregno bloguístico para trazer as últimas dos pipizes. Fomos ao Pediatra, e os nossos meninos estão máximo (baba... muita baba).

Então o L está com 8.200 kg, mede 70 cm de comprimento, já ultrapassou o percentil 95 (ah pois...), A M com 7600 kg mede 69 cm, também está segundo o Pediatra o máximo, diz o Dr. que um bebé com 1 ano de idade mede em média 75 cm, logo os nossos com5 mesitos são uns super bebés, ficamos babados (claro).

Ora, a continuar por este andar, terá o L em adulto 1,89/1,90 m e a M 1,75/1,78... Bemmmmm... Vão ser granditos.

A roupa que vestem, é de 9/12, e as roupas que tinha para 6 meses agora para o Verão, na sua maioria não usaram sequer.

Já comem frutinha, e vão começar a comer sopinha de carne (para ficarem mais granditos né!).

Estão mais crescidos e fazem menos birrinhas. Estão um mimo os meus pipizes (e mais baba...).

Ontem fizemos a estreia do carro de passeio (até ontem passeavamos com as "baby coques" no carro), a M Está uma reguila só gosta de cuscar e ficava muito aborrecida e fartava-se de chorar na "creátis" dela. Fomos ao NorteShopping trocar umas roupas que uns amigos nos deram para eles, porque imaginem deram-nos roupa para 3 meses (bemmmm... no comments), como tal lá fomos nós estrear as cadeiras de passeio. Encontramos uma outra mãe de gémeos com um carro igual ao nosso e mais engraçado ainda com umas "creátis" iguaizinhas ás nossas (rosa e azul), por momentos tive a sensação de estar a num "dejà vu", veio falar connosco por causa das capotas de sol das cadeiras de passeio... Pensei: "Será que conheço a história desta rapariga? E destes 2 bebés?" - também eram 1 rapaz e 1 rapariga, só que tinham 8 meses.

Começo a trabalhar já no Sábado (buááá), nem sei como vai ser sem os meus pipizes. Será que eles vão sentir a minha falta??? Eu vou sentir a deles com certeza!

Bem, e agora que já vim cá "gabar-me" dos meus pipizes (e babar-me claro), vou vigiar a sestinha deles.

Beijos a todas

terça-feira, agosto 14, 2007

Directamenrte da praia, ou... O mundo aqui ao lado!

Eu sei, eu sei!! Tenho andado desaparecida! Mas acreditem que é por uma boa causa; A primeira é porque estou de férias, e a segunda é porque estes últimos meses têm sido meses de recordações intensas para mim e não quero vir para cá falar acerca daquilo que todas vós já ouviram sobejamente falar há 1 ano atrás.

Cá estou no meu paraíso há beira mar plantado, no entanto, o mar está aqui tão perto e tão longe. Neste momento vigio o sono de 2 cabecitas aqui aos meus pés, uma clarinha e outra escura. Eles dormem a sestinha deles, mas tem ser com vigilância apertada porque senão um acorda, chora, e o outro acorda também e também começa a chorar... É o que dá armar-me em espertalhaça e arranjar logo 2...

A praia é impraticável! Por recomendação médica foi-nos dito que evitassemos a praia: "São muito pequenos... O sol é o que se sabe, a areia enfim ainda pior ... Evitem levar os bebés para a praia."

Mas mãe que é mãe insiste e diz: "Ah e tal Dr. mas nós não podemos levá-los nem um bocadinho ... E tal...!"

- "Bem só se comprarem uma daquelas tendinhas tipo iglo e ainda assim evitarem aquele sol forte e areia nem chegar perto... Mas se puderem evitar..."

Vão a mãe e o pai armados em chicos espertos e compram uma bela meia tenda iglo para montar na praia e proteger o criançal dos efeitos nocivos da praia. Eis que chegada a bela família ao areal, com a criançada nos porta bebés (porque com o camião é impraticável né!), eis que o papá se dispõe a montar a tenda quão índio navarro para proteger a família, e a mãe fica com a criançada, um numa toalha no chão, outro ainda no porta bebés. E aquilo que se afigurava como uma simples tarefa transformou-se numa tarefa hérculea, e era ver varas e varetas a varrer o areal e a quase cegar o simples transeute desacautelado que se aproximava.

Depois de algum esforço, eis que se montou a tenda... Constatamos então, que estava virada para o lado errado do sol, ou seja que o sol entrava por lá dentro (tss tss tss), toca de voltara a virar a tenda para o lado certo. Por esta altura o criançal já berrava a plenos pulmões e a mãe tentava acalmar.

Quando conseguimos finalmente dar por terminada a tarefa, e depois de devidamente resfastelados, eis que olho para o relógio e constato que dali a 30 minutos mais ou menos temos de marchar a casa para dar o "xope xope" à pequenada. Estivemos para aí 10 minutos sentados e depois toca a arrumar...

Bem, depois disto, ainda tentamos mais uma vez, sendo melhor sucedidos então. Mas a pequenada começou a descambar, e calava-se um começava o outro... Desistimos, passeamos com o "camião" pelo passeio maritimo todos os dias de manhã e ao fim da tarde, mas mais nada... Vamos aproveitando os terraços quando podemos, mas é o adeus ás sonecas babosas nas "chaises longues", e aos escaldões na areia, é o adeus ao "dolce fare niente".

Eles, os protagonistas da nosssa vida, estão óptimos. Já comem o pratão da papa (de vários sabores), sendo as preferidas a de banana e a de multifrutos. Já comem a sopa, também uns tigelões, e embora desta gostem menos também marcha benzinho. Agora aos 5 meses vao introduzir a frutinha também (sim eles fazem 5 mesitos amanhã).

São uma casa cheia! Ainda não dormem toda a noite, querem uns biberõezitos para ajudar e choram quando perdem as chupetitas, já dormem no quarto deles, mas é inevitável um de nós ir acabar a noite lá, enquanto um dos gémeos (geralmente o L) vem dormir com a mãe. Isto porque eles são madrugadores, e por eles ás 6 da matina, começava o dia em grande, só que os papás querem dormir mais um bocadito e então subornamos os putos para ver se a coisa pega. No entanto, o máximo dos máximos é 8h30 de manhã e quando assim é já é bom.

Depois dou mais notícias quando eles me permitirem.

Beijos a todas!

sábado, julho 21, 2007

Passado 1 ano... A primeira papa

Pois é amigas, faz hoje exactamente 1 ano que os meus pipizes foram "feitos". Todo este mês desde 26 de Junho tem sido feito de lembranças, muitas lembranças. E hoje é só mais 1 dia de lembranças, faz hoje um ano fui puncionada para fazer pipizinhos.

A coincidência é que hoje, dei a primeira papa aos pipizes, portanto é certo e sabido que será uma data que também recordarei sempre porque está associada a outra.

A reacção deles á papa não foi exactamente das melhores, mas lá comeram um bocadito, depois de muito cuspirem e tal. No final tiveram direito ao biberãozito senão morriam á fome tadinhos.

Hoje também o L amanheceu com 38,5 de febre, o narizito entupido e muita tossinha, deve estar constipado. Também é o primeiro febre deles.

A consulta dos 4 meses trouxe para casa uma mãe babada. O L está com 66 cm (percentil 90) e com 7420 kg, a M está com 65 cm (percentil 90 também) e com 6780 Kg. O pediatra acha que eles estão enormes e até teve de medir 2 vezes a M para ver se não se tinha enganado, é que a rapariga cresceu 5 cm num mês. (Já vestem roupa de 6 meses)

Este é um post de esperança para todas as amigas "dinossáuricas" da blogosfera, para que saibam que por vezes o sonho demora a chegar mas mais cedo ou mais tarde lá vem ele...

Tenho uma amiga (real), que também andava em ttt há algum tempo. Teve um percurso acidentado, vários ttts falhados, devido a diversos incidentes. Fez o último ttt recentemente, e disse: - Este será o último, porque não vou andar mais nisto.

O ttt, foi assim um bocado acidentado também, e chegaram ao fim com 1 embrião de 4 células, que a bióloga deu a opção de transferir ou não dada a fraca qualidade do mesmo. Transferiram, já sem grandes expectativas, e o certo é que ela hoje está grávida e feliz da vida.

Há sempre um final feliz há espera de cada uma de nós.

Beijos a todas

terça-feira, junho 26, 2007

Faz hoje 1 ano



Que iniciamos a viagem da nossa vida...
O ano passado por esta altura o que se dizia por aqui era:
"Recentemente iniciei mais uma viagem na minha vida, das de avião, e ainda que a descolagem tenha sido pacifica, o tempo que vou demorar a percorrer a distância até ao meu destino, será sem dúvida atribulado. "

Hoje sei que esteve tudo a meu favor, por esse facto só posso dizer: Obrigada!

Beijos a todas

sexta-feira, junho 22, 2007

Breathe

Depois de um grande stress, eis que respiro de puro alívio. Vou explicar: A minha profissão, exige o cumprimento de diversas obrigações fiscais dentro de prazos mirabolantes, os quais se não forem cumpridos geram multas bastante pesadas e outras penalizações. Ora, eu como mulher organizada que sou, sempre cumpri esses prazos antecipadamente, ou seja nunca sequer esperava para os últimos dias, entregava tudo antecipadamente.

Mas como a minha vida sofreu uma alteração de 100% nos últimos 3 meses, e ainda por cima os "tipos" lá do Ministério das Finanças decidiram que deviam lixar o pessoal este ano (sim tinha de ser logo este ano), e inventar uma coisa chamada "IES" (baseado no conceito ALLgarve claro! Só que falta o Y), que pressupõe ser a informação empresarial simplificada (?), informação essa que vem substituir a Declaração Anual que tinha qualquer coisa como 10 ou 12 páginas de informação (mais ou menos) e passa agora a ter 31 (simplificada??). Aqui a criatura andava já em pânico ás voltas com os biberões, as fraldas, as birrinhas, as férias do pessoal e com a dita IES, a pensar como raio ia entregar aquela bodega até 30 de Junho.

Como boa portuguesa que sou, estava já a pensar "martelar" a informação para despachar a dita e pagar os eurozitos que tem de se pagar, porque afinal os gajos querem é umas lecas para ir de férias.

Mas, eis que ontem fui bafejada pela belíssima notícia de que o prazo tinha sido prolongado até 16 de Setembro (yupiiii), se por ser simplificada a informação os tipos prolongam quase 2 meses a data de entrega, imaginem se não fosse simplificada... Enfim, isto tudo para apanhar os pobres incautos que tentam por todos os meios fugir a pagar mais uns tustos de impostos (os pobres, porque os ricos esses continuam à vontade com as massas nas ilhas Caimão).

Portanto, depois de uma boa notícia destas para alegrar o fim de semana, tinha de a vir partilhar convosco (e vocês a perguntarem: Então esta emparveceu de vez? Nós queremos lá saber da IES??!!).

Tirando o facto de que me posso encostar à sombra da bananeira mais uns tempos... Perdão à sombra dos biberões, este fim de semana mudo para a minha casinha (pois é eu estava na sornice em casa dos papis, porque uma mulher com 2 putos não é de ferro). Vamos começar uma nova etapa da nossa vida, desta vez a 4. Já me estou a ver mais descabelada e mais magra a passear os putos para trás e para a frente quando eles estiverem com as birras, e eu sem tempo para fazer o "xope-xope", mas tudo se vai arranjar.

Eles estão um encanto... Cada dia que passa me sinto mais abençoada por esta dádiva que são os meus filhos. São perfeitos, são lindos, estão a ficar crescidos...

Muitas vezes imagino como serão quando começarem a andar e a falar, à noite fico a contemplar aquelas carinhas de anjo enquanto dormem e as lágrimas caem-me pela cara abaixo, são lágrimas de felicidade como é evidente e também porque dentro da minha capacidade de mulher não sei se serei uma boa mãe para eles e não posso prever o que o futuro lhes reserva a eles e a mim, não posso afastá-los de todos os males. Sou uma pessoa diferente agora, mas sei que nasci para ser mãe, amo aqueles pequenos seres cada dia que passa, e mais uma bocadinho todos os dias.

Beijos a todas

segunda-feira, junho 11, 2007

And the winners are...

Lisonjeada foi como me senti pela nomeação do meu blog. De facto é sempre agradável haver alguém que ache os nossos pensamentos em forma de palavra valiosos de alguma forma. Obrigada Tiquinha, sempre foste e serás uma amiga valiosa.

Agora as nomeadas são....

A Tica, porque só podia retribuir desta forma a homenagem e porque de facto a leitura de um blog do dia-a-dia sem presunções e falsas literaturas é sempre uma lufada de ar fresco para tantos outros blogs pretensiosos e outros completamente despersonalizados. É sempre com prazer que escreves aquilo que te vai na alma e é sempre com prazer que te leio também.

A Cris, amiga do coração, tão doce a tua escrita... Tão belas as imagens com que sempre nos brindaste. É também sempre um prazer ler-te, ainda que hoje em dia andes mais desaparecida do que eu.

A Alexandra, porque no teu blog pululam as novidades e as curiosidades de toda a espécie. Tens sempre artigos interessantes de "fait divers" para partilhar connosco. Volta por favor.

A Bem me queres, por todo o carinho e admiração que me desperta. Porque consegue exprimir sem complexos toda a sua esperança e força de mulher.

A Susana Pina, porque mesmo sem nos conhecermos temos tanto em comum. Uma mulher digna de um M muito grande, o verdadeiro rosto da luta contra a infertilidade.

Por estes dias vou andar mais presente, a vida obriga-nos a ter de fazer alguns sacrificios e eu tenho de fazer férias de alguns colegas este mês. Mas eles também seguraram o barco sózinhos desde Dezembro e merecem uns dias de descanso ao sol.

Os pipizes estão lindos e com as avós, já começam a interagir connosco e isso é a maior recompensa que podemos ter pelas longas noites sem dormir.

Beijos a todas

sexta-feira, junho 01, 2007

"Ziggy Stardust and the Spiders from Mars"




É sempre interessante ver a diversidade de respostas quando colocamos uma "desafio". Adorei as vossas respostas!



A criar este blog, e apesar do seu título (infertilidades), nunca considerei a opção de colocar um "nick" directamente ligado ao assunto. Pareceu-me que teria de ser um nome que me dissesse directamente alguma coisa, e foi só esse o critério que utilizei para a escolha do mesmo.


Pois é, as meninas que relacionaram com música relacionaram bem. Nascida na década de 70, "teenager" nos "early 80's", foi ao som de músicos como Bowie e bandas como os "pink Floyd" que cresci e me tornei mulher. Ainda hoje guardo os meus discos de vinil daquela época religiosamente, ainda que alguns deste tenham sido substituídos pelos Cds, pois são muitos são intemporais e interessa conservar num formato mais actual.

A música sempre acompanhou cada passo da minha vida, embora não saiba tocar uma nota e desafine enormemente a cantar. E a música do "Ziggy Stardust", faz parte da minha banda sonora. Hoje quando ouço algumas músicas daquela época, são poucas as que não me fazem recordar algo e são muitas as que me fazem sorrir. Inacreditavelmente, ainda sei de cor todas as letras das músicas que marcaram o meu percurso.




Eu sou do tempo das "festas de garagem" e que boas que eram essas festas em casa deste ou daquele amigo, ou na nossa própria casa. Os papis ficavam todos contentes porque nós estavamos entregues e nós aproveitavamos ao máximo. Eramos todos uma família. Como sempre morei num meio pequeno, todos nos conheciamos e os pais também conheciam os outros pais e etc, etc.




Lembro-me que foi numa dessas festas de garagem que "descobri" o meu marido, pois embora nos conhecessemos (um dia conto como foi que nos conhecemos... ), foi só nessa altura, uma passagem de ano de garagem (eu tinha 16 anos), que começamos a definir os nossos pontos de entendimento e que nos apercebemos que havia ali alguma coisa. O namoro só veio, no entanto passados uns meses.

Acredito que a isto se chama envelhecer (agora que sou mãe estou a ficar "bota de elástico" querem ver???!!!). É claro que também gosto de muitas músicas das boas bandas actuais, e como exemplo fica a música dos "pipizes" (With arms wide open), que é dos "Creed", uma banda actual, que tem imensas músicas que eu gosto, sem esquecer os meus preferidos 3doors down claro.

Ás vezes interrogo-me, se conseguirei apreciar o gosto musical dos meus filhotes, um dia quando eles forem mais velhos, e se eles por sua vez gostarão de ouvir os clássicos do "Rock" que a mãe e o pai gostam: David Bowie, Queen, Pink Floyd, etc, etc. Ou se por sua vez acharão os pais uns "velhos jarretas", sem gosto musical nenhum.

Eles (os pipizes) estão bem, crescidos e chorões. Choram muito com cólicas estes meus bebés. Também choram quando têm fome e quando estão aborrecidos. Isto por cá parece uma sinfonia por vezes e a mamã apetece-lhe fugir, mas acho que é normal e espero que com o andar do tempo isto melhore.

Já apresentei queixa formal ao meu médico, porque me mandou as crianças sem manual de instruções. Ora como isso não se faz tive de reclamar...

A resposta dele foi que estes eram de modelo novo e ainda não existiam manuais para eles... Acham isto normal??? Tantos bebés neste mundo e os meus é que tinham de vir sem manual de instruções...

Beijos a todas

quinta-feira, maio 31, 2007

Curiosidade

O tempo escasseia por estes lados, cada dia é mais intenso do que o anterior. Noutro dia ao ler o blog da amiga barriguitas e do seu pedrinho achei imensa graça a ela dizer que é só biberões, mamadas, muda de fraldas, e não dormir de noite. É mesmo assim, só que nós por cá é a DOBRAR!!! Imagino que ter um só filho deve ser muito mais fácil.

Mas não é por isso que cá venho hoje.

Por curiosidade quero saber se vocês (minhas leitoras ou não) sabem a origem do meu nickname: "stardust", ou seja quero saber se sabem qual a fonte de inspiração para a criação do meu mesmo.

Já algumas amigas o sabem, por isso queria que elas não respondessem.

Beijos a todas

segunda-feira, abril 30, 2007

Upss... I did it again!...

E porque nem só de biberões vive o homem (neste caso a mulher), tirei um bocadinho, para vir contar algumas peripécias da pequenada.

O Locas, é um rapaz muito mimalhinho, comilão e chorãooooo. Na primeira vez que os vovós paternos cá vieram para verem o primeiro banhinho dos pimpolhos (de máquina fotográfica em riste claro) decidiu fazer uma gracinha. Então, estava a mamã toda contente com o pirralho ao colo, todo despidinho, mete-o na banheira e eis que o rapaz decide fazer um cócó dentro de água. Conclusão, tivemos que mudar a água outra vez e as "photos" nada apresentáveis.

Continuando no Locas, devo dizer-vos que o evento que marcou o seu nascimento, foi ele fazer uma xixizada em cima do pediatra (acabadinho de nascer), e essa continua a ser a sua imagem de marca. Aquilo funciona tipo panela de pressão: Abra-se a fralda... Leva-se com um jacto de xixi. Noutro dia estava eu a pesá-lo antes do banhinho, e, enquanto tentava acertar os pesos da balança ouço um ruído tipo "parece que está a chover, mas está sol lá fora...", olho e era sua excelência a presentear tudo o que estava em cima da mesa com o repuxo (um leitor de cartões digitais, uns óculos de sol, etc.) eu logo tento mudar a trajectória da "coisa", e assim que lhe toco começa a cair o repuxo no cortinado da vóvó... Bem!!! Este rapaz promete!!! O pior é quando ás 3 da manhã o rapaz molha a roupa toda e a mamã ou o papá (depende de quem estiver de serviço ao infante) têm de trocar tudo.

A M é mais reservada, ambos têm dificuldade em fazer os cocozes, então a mamã tem de ajudar um bocadinho, então de vez em quando lá saí uma cocozada "de jacto" e vai directa à roupinha da mamã... E sabem o mais engraçado... Não me importa nada! Aliás, essa é outra das vertentes da maternidade, deviam ver o meu ar de felicidade quando vejo a rapaziada a fazer os cocozes, nunca julguei que iria ficar assim tão feliz, o que é certo é que eles ficam mais bem dispostos, dormem melhor... Então eu também fico bem disposta...

Mais uma vez peço desculpa por não ser tão assídua nos vossos cantinhos, mas realmente o tempo é muito escasso. Venho só deixar novidades!

Ah... Já me esquecia... Os pipizes estão lindos!

Beijos a todas

quarta-feira, abril 25, 2007

24 hours job

Venho cá, num pequeno intervalo, e nem sei se conseguirei terminar este post em tempo útil. Ao pensamento assola-me o título de uma canção (sempre a música a marcar pontos) da minha adolescência, e se na altura o título nada me dizia, agora acho-lhe piada: "Working nine to five, what a way to make a living..."

Bem nós por cá não trabalhamos só das 9 às 5, temos um trabalho de 24 horas sobre 24. Os pipizes estão uns amores, muito crescidos e já começam a demonstrar as suas personalidades.

O "Locas", está um gorducho, pesava 3,700 no dia 19, agora deve andar por volta dos 3,900, mais coisa menos coisa. É um mimalhaço, muito comilão. Se o acordo para mamar, ele ainda vai estando bem disposto , se por acaso o deixo dormir até ele acordar, começa logo a chorar para comer e só se cala quando sente o biberão na boca. Adora colinho, e dormir na caminha dos papás (sim, eu sei que não se faz, mas quem consegue resistir a dar muitos miminhos depois do que eles passaram??).

A M. é mais independente, mais magrinha, está a retomar o lugar que sempre teve na barriga, ele o comilão, ela a mais magrinha. No dia 19 estava com 3,520. É muito sensível e refilona. Se existe muita agitação ressente-se logo, é mulher e basta.

Enquanto escrevo, o meu pé direito embala a espreguiçadeira do "locas", a M. dorme no sofá aqui detrás de mim. Sentei-me depois de lavar biberões 4 vezes e de os esterilizar pelo menos 3. As mamadas têm de estar sempre prontas. Tenho biberões no frigorifico e 2 aquecedores de biberões sempre ligados (de noite então dá um jeitaço).

Já aprendi que o trabalho de mãe não acaba, enquanto eles dormem (e quando o fazem), temos de deixar tudo pronto para não faltar nada da próxima vez que seja necessária. Tomamos banho a correr, e sempre com o intercomunicador ligado, o creme no corpo após o banho é uma miragem, e por vezes até para pentear o cabelo temos de esperar até ao fim da manhã.

Com tudo isto, muitas são as vezes que ficamos sem comer ou perdemos o apetite, o que comemos é sempre a engolir, porque o irónico é que eles parecem dar pelo nosso "relax" e um deles começa a chorar e lá vem a mãe tipo ventoínha sossegar o bebé, o que leva a que quando conseguimos voltar à mesa a comida já esteja fria e tenhamos perdido completamente a fome. isto, quando o outro gémeo não começa a chorar a seguir (porque eles apesar de gémeos falsos, estão em perfeita sintonia: Um tem soluços, o outro também, um remexe-se a dormir, o outro também, etc.).

O nosso trabalho, vai para além de suprir as necessidades de comidinha dos nossos rebentos, também temos de ajudar a fazer os cocózes, aspirar os narizinhos para tirar as secreções, etc, etc. Por esta altura, os meus gémeos já me xixizaram as calças as camisolas, os cortinados e centenas de bodys acabadinhos de mudar. Os cocózes então... Nem vou falar....

As noites, fazem-me lembrar aquela musica do Pedro Abrunhosa "Longas são as noites... que passo sem dormir...", perco a noção de tempo de de espaço, e a qualquer ruído salto da cama tipo mola. Os pipizes ainda não dormem muitas horas seguidas e choram quando querem a comidinha, como optamos por dar a comida ao mais esfaimado (em geral o locas) e deixar dormir o outro. Já acordo a ouvir choros que não existem, e sem saber onde estou e a pensar se já terão passado muitas horas, e quando olho para o relógio vejo que passaram apenas alguns minutos desde a última vez que para ele olhei.

Temos tido ajuda, porque senão acredito que seria ainda mais complicado. Mas ainda assim, tem sido duro, sempre que posso, saio um pouco e vou espairecer, acho que é o melhor que posso fazer por mim e por eles. Acho que deve ser isto a que chamam o "baby blues", no caso das mães de gémeos, deve ser a dobrar. Acredito que esta fase vai passar, este é só mais um desafio.

"Working 9 to 5 what a way to make a living"

Beijos a todas

sexta-feira, abril 13, 2007

Pai...

Este é um post reivindicado, mas é um post merecido. É uma homenagem ao Pai. Ao Pai dos meus filhos, a todos os Pais (que possam ser considerados como tal).

A maternidade, é algo intrínseco à mulher, é algo que sentimos desde o primeiro momento em que sabemos que estamos grávidas e que vamos sublimando à medida que a gravidez avança. As alterações no nosso corpo, as hormonas todas em alta, enfim, todas as infinitésimas mudanças que sentimos e que tornam tão complexo o processo de gerar uma vida.

O homem, não sente... Não quero com isto dizer que ele não pode ficar psicologicamente grávido do seu filho, quero dizer que para ele o processo é muito mais abstracto do que para nós que vivemos a criação do pequeno ser por nós gerado muito mais interiormente.

Existem homens que "engravidam" com a mulher, e seguem todos os seus passos, e ligam para ela 1000 vezes por dia, vão a todas as consultas, andam sempre agarrados à barriga, etc. E homens que vivem a gravidez da mulher de forma mais tranquila e expectante. Não quer por isso dizer que a vivam menos, quer talvez dizer, que estão mais incrédulos relativamente a essa mesma gravidez.

O meu marido foi um destes últimos. Não era homem de andar sempre atrás de mim a perguntar-me se estava bem, nem era homem de ir comigo a todas as consultas, nem de me telefonar 1000 vezes por dia, ou de andar sempre agarrado à barriga a perguntar todos os dias como seriam os nossos filhos, era um homem mais moderado, ia seguindo a evolução, os altos e baixos sem nunca entrar em grandes euforias.

No entanto, alguns momentos ficaram na memória:

A confirmação da gravidez gemelar, em que ele guardou na carteira a foto da ecografia, como se de uma relíquia se tratasse;

O despertar, ainda que tardio, quando eu fiquei em repouso e não podia ir sózinha ás consultas: A cara dele ao ver as ecografias e ver que ali dentro da barriga da mulher dele, estavam 2 seres (ainda me lembro da aflição dele ao ver o L com a mão fechada e julgar que ele não tinha dedos).

Se para mim, o facto de estar á espera de 2 filhos era uma realidade imaterializada, até ao momento em que os vi nascer. Para ele era ainda muito mais, porque não os sentia todos os dias a crescerem dentro de si.

O Pai dos meus filhos foi um daqueles homens que só foi pai verdadeiramente quando viu os filhos, e se apercebeu que eles estavam ali e eram reais. E acredito que só aí se apercebeu da dimensão do que acabava de acontecer nas nossas vidas.

O Pai dos meus filhos só se apercebeu que era Pai, quando no dia 16 de Março, o Pediatra anunciou que os ia transferir para a Neonatologia porque eles não estavam a reagir bem, e ele chorou agarrado à mãe, e choramos os dois.

Só se apercebeu que era pai, e o que isso significava, quando foi com a ambulância acompanhar os filhos e ficava horas a fio na Neonatologia a olhar para eles dentro das incubadoras. Quando a cada dia que passava as incertezas quanto ao estado deles, nos deixavam desesperados, e quando em vez de ver os filhos progredirem os via regredir.

Fizemos kilometros de carro, passamos horas em cadeiras desconfortáveis, estivemos juntos em todas as horas difíceis até que os nossos filhos saíram do hospital. E partilhamos todas as angústias e todas as vitórias deles até os podermos trazer para a casa que eles não conheciam.

Desde essa altura, o Pai dos meus filhos tem sido (uma vez mais), um pai exemplar, que partilha todas as tarefas (até as mais ingratas como mudar os cocozes), e insiste em ser ele a fazer tudo desde o leitinho até ao banhinho. E nem nos momentos de maior stress (porque acreditem que não é fácil), ele vacila.

Não tenho dúvida que no dia 15 de Março nasceu um Pai, com P maiusculo, e que os meus filhos, terão sempre esse amor incondicional por parte do pai deles que têm agora, e se algum dia me acontecer alguma coisa, sei que posso fechar os olhos descansada porque com o pai não terão falta de amor, nem de atenção. Sei que serão sempre o centro do seu mundo.

Por todos os motivos enunciados, presto aqui singela homenagem ao Pai dos meus filhos, e a todos os pais que sejam dignos desse nome.

Beijos a todas

segunda-feira, abril 02, 2007

Felicidade em estado puro

Para começar quero pedir desculpa a todas as amigas virtuais pela minha falta de tempo para visitar os vossos cantinhos e para agradecer todo o carinho que têm tido connosco. Logo que as coisas estejam mais calmas, retribuirei todas as visitas e actualizarei as novidades.

Por cá, estamos a entrar na rotina, isto de ter 1 filho não é fácil, quem tem 2 então... É o caos absoluto. Para já os pipizes têm de mamar de 3 em 3 horas, porque como são pequeninos não se pode abusar muito. Eles têm de crescer!

Depois em cada mamada, temos de mudar as fraldinhas 1 vez ou por vezes várias vezes por mamada (se eles decidem fazer o servicinho...), depois temos de pôr os bebés a arrotar, e por fim voltar a adormecê-los. Ora, depois de termos feito tudo isto sobra muito pouco tempo para dormir porque quando acabamos está quase na hora da mamada seguinte.

Por estes motivos, e pelo cansaço acumulado dos primeiros 11 dias de vida dos pipizes, os papás andam tipo zombies, mas muito muito felizes.

Acreditem quando vos digo que quase todos os dias me comovo até ás lágrimas ao olhar para eles, ainda hoje me custa acreditar no milagre de ter gerado uns seres tão pequeninos, tão perfeitinhos. Amo-os tanto que me dói. Apetecia-me estar sempre colada a eles a dar-lhes beijinhos e abraços e colinho.

Sempre que tenha um minutinho voltarei para dar novidades dos pipizes e minhas claro.

Beijos a todas