terça-feira, novembro 20, 2007

Eles

Tão diferentes quanto a Lua e o Sol, delimitaram de forma certeira e definitiva os pontos nevrálgicos do meu ser desde o dia em que nasceram, equitativamente em partezinhas iguais, porque não se pode gostar mais do Sol do que da Lua, e porque no amor por um filho , não se consegue distinguir onde começa um e acaba outro. Somos os 3 carne da mesma carne e sangue do mesmo sangue, somos apenas 3 apêndices de um só ser .

Não foi amor à primeira vista como nas novelas, foi um sentimento que foi crescendo e se foi instalando, ganhando terreno. Se no primeiro momento, só senti um alívio muito grande por um final de gravidez muito penoso. Algumas horas depois nascia dentro de mim um sentimento que não consigo descrever com exactidão, era um misto de saudade com uma opressão no peito, no fundo era uma sensação de solidão insuportável. Imagino que é o que deve sentir uma pessoa a quem tenham amputado um braço ou uma perna. Depois de tantos meses de comunhão, ali estavamos, eu e eles separados e sózinhos.

Quando os voltei a ver, fui invadida por um sentimento irracional, ali estavam eles, tão indefesos, tão sózinhos… Senti que sofriam também, depois de meses os 3 juntos, ali estavamos uns para cada lado. Nesse momento soube que era mãe, soube que por eles era capaz de morrer se me fosse pedido, soube que a minha vida não seria mais minha a partir daquele momento, seria deles e para eles.

É engraçado que a partir de uma certa idade tomamos por certo a nossa sabedoria e julgamos poder, interior e racionalmente, descrever todos os nossos sentimentos. Julgamos que aquele sentimento ao qual chamamos amor já nos é familiar, e que sabemos à partida todas as nuances que ele pode apresentar, afinal já amamos: Os nossos pais, os nossos irmãos, o nosso companheiro ou companheira.

Mas, a verdade, é que nos deparamos com um tipo de sentimento absolutamente inédito que nos confunde e volatiliza de forma intensa. É um sentimento que se altera a cada dia que passa e quando julgamos que ele não pode crescer mais surpreendemo-nos ao ver que ele se tornou ainda mais intenso.

Este deve ser provavelmente o primeiro post que dedico exclusivamente aos meus filhos e ao sentimento que nutro por eles. Não por só agora ter percebido o amor que lhes tenho, mas pela razão púdica de não falar de sentimentos que tantas de procuram e ainda não puderam sentir. Não achei correcto da minha parte estar a alardear os meus sentimentos num submundo que vive em busca desse mesmo sentimento. Por isso comecei estes relatos pela parte menos boa, porque a maternidade não são só rosas, tem espinhos, muitos espinhos. E desengane-se quem acha que vai achar na maternidade a resolução de todos os seus problemas e que vai encontrar a realização pessoal total e absoluta e a felicidade inesgotável, a felicidade da maternidade é feita de pequenos nadas que todos juntos completam o puzzle da alegria e felicidade.

Se é verdade que me lembro dos meus pensamentos mais escuros e dos momentos mais dificeis que até agora enfrentei, também não é menos verdade que me lembro que de todos os outros momentos doces e de puro amor que passei com eles.

No dia 21 de Maio o L. sorriu pela primeira vez, aquele sorriso desdentado com a boca toda aberta que ainda hoje o caracteriza, foi há tarde quando acabava de acordar, lembro-me que fiquei surpreendida e comovida até às lágrimas, o meu filho tinha acabado de dar o seu primeiro sorriso para mim, porque me reconheceu quando acordou, porque ficou feliz de ver-me ao acordar. Ainda hoje é com um sorriso desdentado que me presenteia de manhã ao auvir a minha voz… Aliás é também com o mesmo sorriso desdentado que sorri ao meio da noite quando não quer dormir e eu estou morta de sono e com vontade de o “matar” por ele não me deixar dormir.

É um doce o meu menino, meigo, ternurento e muito carente. É mais preguiça que a irmã e mais calmo na maior parte das vezes. Chora em desespero de causa: fome e sono, de resto mesmo doente é uma doçura. Teve recentemente 2 otites e só chorava mesmo quando lhe tocávamos no ouvido, de resto tem sempre o sorriso (desdentado) para nos presentear. Há noite mais agitado que a irmã, não sei se por feitio, se por insegurança, se por puro miminho… Não há noite que não acabe agarrado à mãe. Não sem antes acordar umas 1020 vezes a choramingar e eu outras tantas vezes lhe pôr a mão por cima da cabecita para o ajudar a adormecer outra vez. Quando não aguento mais, rapo do rapaz da cama dele e meto-o na minha, bem encostadinho a mim. Por mim dormia lá todas as noites, mas a vida não é fácil e quero que ele se habitue ao máximo na cama dele, depois… Bem ele tem uma irmã…

Esse é um dos grandes problemas das mães de gémeos, a impotência dos nossos 2 braços perante os nossos 2 filhos quando ambos requerem a nossa atenção, pegamos num mas o nosso coração fica partido ao olhar para os olhos do outro magoado por não ser ele o eleito…

Ela, a minha rainha, é chorona, exigente, volntariosa e independente. Adora colo, desde o primeiro momento em que o provou, mas não gosta muito de ser “amassada”, acarinhada, beijada, é o colo que ela quer, quando ela quer e ela vai lá estar como lhe apetece (ao alto, de barriga para baixo, deitada, sentada, etc…). Estranhona, rejeita aleatoriamente as pessoas, ainda não percebi qual o critério de selecção, mas principalmente os homens. O processo é: Chegam perto dela, e olham para ela (nem precisam falar), ela desata no maior berreiro, como se a estivessem a matar, de sublinhar que este berreiro é sempre acompanhado por lágrimas enormes, que lhe escorrem copiosamente pela cara abaixo. Só se cala no colo da mãe e só sossega quando a pessoa em questão for embora. Ora, este feitiozinho deixa-nos muita vezes em situações constrangedoras.

Mas é espertalhaça, é linda, tem um sorriso radioso e faz 2 covinhas ao sorrir, bate palminhas e sabe que faz o maior sucesso com essa gracinha, apreende rapidamente tudo aquilo que lhe dizemos e tenta pôr em prática. Começa agora a amaciar… Já gosta mais de miminhos e de beijinhos… Da mãe claro!

O sentimento que trago no peito é de pura exaltação e preocupação constante. Não desligo o meu pensamento deles como se só eles existissem. Dou por mim muitas vezes a sorrir no meio do nada, só porque me lembrei da expressão doce do L ou de alguma travessura da M. Telefono 500 vezes por dia para saber se estão bem (apesar de estarem com as avós, com todo o mimo e cuidados do mundo) e sempre que posso pego no carro e vou vê-los, nunca me canso de olhar para eles, e quando os adormeço à noite olho para aquelas carinhas serenas e peço a Deus para que o caminho deles seja um caminho de rosas sem espinhos, (pelo menos não muitos), e quando vejo um “drogado” na rua a pedir esmola para dar que fazer ao vício penso que ele será filho de alguém e fico com o coração apertado, e desejo com muita força que nunca os meus tenham de passar por isso.

Beijos a todas

sexta-feira, novembro 16, 2007

8 meses deles


O tempo voa, e confesso que tenho andado com muita falta de tempo para cá vir. No entanto queria deixar-vos as "notícias" dos 8 meses dos pipizes.
Então o L. com 10 kilitos (coitado come muito mal...) e 75 cm, já veste roupa de 18 meses porque a de 1 ano já lhe está curta. Está lindo e cada dia mais mimalheco. As noites... Bem... Não vou comentar.
A M. com 9 kilitos apenas, começa a ficar atrás do irmão, mede 73,5 cm e para mulher está mais desenvolvida do que ele para rapaz, ou seja ela já ultrapassou o percentil 95 na estatura e ele está no percentil 95. Vamos ter uma "moça" de 1,80m. Está linda e espertalhaça, já bate palminhas e está cada dia mais cusca. Dorme bem melhor que o irmão (enfim... "gajos").
Se tudo correr bem só temos de ir ao pediatra em Fevereiro, pois os pipizes já comem de quase tudo, vou começar a treiná-los a "comerem" sózinhos para eles começarem a ter contacto directo com a comida... Vai ser lindo!
Volto com novas aventuras!
Beijos a todas