quinta-feira, junho 29, 2006

A Viagem...

Eu sou uma pessoa que adora conhecer novos lugares, novos costumes, novas pessoas. Adoro viajar... Mas detesto, e isto literalmente as viagens, principalmente as de avião. Fico muito ansiosa, muito stressada, sempre com receio que alguma coisa não corra bem.

Recordo com horror, todas as minhas viagens de avião, principalmente a última que fiz ao Brasil, em que o avião apanhou uma turbulência horrorosa na altura do jantar e os tabuleiros e os carros das hospedeiras e as próprias hospedeiras andaram ali todos "quase que pelo ar", vivi momentos de pânico a bordo, aliás todos vivemos.

Eu posso fazer uma viagem de 1 hora de avião ou de 15 horas, o resultado é o mesmo: Pavor do principio ao fim, ainda que por vezes tenha momentos de relativa descontração.

Recentemente iniciei mais uma viagem na minha vida, das de avião, e ainda que a descolagem tenha sido pacifica, o tempo que vou demorar a percorrer a distância até ao meu destino, será sem dúvida atribulado.

Vou dando notícias!

domingo, junho 25, 2006

Há dias assim...

Hoje, Domingo, dia de reflexão e de exacerbado orgulho nacional (Portugal ganhou à Holanda), algumas dúvidas existênciais, ocupam a minha mente:

  1. Porque será que a maioria da população portuguesa é constituída por pacóvios?
  2. Porque será que esses pacóvios decidem sair todos de casa ao Domingo?
  3. Porque será que esses pacóvios insistem, e sublinho a palavra insistem, em manifestar publicamente a sua pacovice, e obrigar os restantes transeuntes (não pacóvios presumidos) a levar com ela?
  4. Porque será que os pacóvios se reunem em bandos, nas bermas das estradas, a fazerem picnics temperados com pó e monóxido de carbono?
  5. Porque será que as bermas dessas estradas nunca mais ficam as mesmas depois da debandada dos ditos?
  6. Porque será que o primeiro fim de semana do Verão atraí resmas de pacóvios ao "seaside", que insistem em fazer praia, ainda que estejam a chover "canivetes"?
  7. Porque é que os pacóvios decidem ir todos de rádio para a praia, e insistem em ouvir os mesmos aos gritos, o que faz com que a música do pacóvio A, se misture com a do pacóvio B, e a deste com a do C, tornando impossível ouvir o que quer que seja (já não será suficientemente mau levar o rádio para a praia?)?

Em todo o caso, devo dizer que tenho andado a observar mais pormenorizadamente a evolução do pacóvio típico, e que já consegui notar alguma evolução, senão vejamos:

O pacóvio, está hoje mais atento aos problemas ambientais. Portanto, onde antigamente nas bermas das estradas se via lixo acumulado, das mais diversas estirpes, num raio de 5 Km, hoje constata-se que alguns (sublinhe-se a palavra alguns), estão a perder os bons costumes e já deixam ficar só um saco cheio de lixo no local dos seus picnics. É a preocupação ambiental que começa a preocupar os pacóvios da geração mais actual. Mas, é importante referir isto: Nunca o pacóvio deixa o local onde se refastelou juntamente com os seus, completamente limpo.

O pacóvio fala sempre muito alto, tem sempre medo que o seu interlocutor não ouça devidamente, e além de mais, é sempre importante que os demais partilhem da sua importante opinião sobre o estado do pais e do mundo. Mais que não seja, para que se saiba que o vinho custou 5 euros a garrafa ou que os seus filhos são filhos desta e daquela... Estes diálogos são sempre acompanhados do olhar em volta respectivo, para terem a certeza que TODA A GENTE ouviu.

O pacóvio ADORA andar muito devagar, e mais importante do que isso, adora andar devagar no eixo da via. Não vá outro pacóvio mais espertalhaço ter a oportunidade de o ultrapassar, o que fará com que ele tenha de acelerar para ultrapassar o outro pacóvio e assim sucessivamente. Porque um pacóvio é SEMPRE mais esperto do que os demais!

Os carros dos pacóvios são sempre mais limpos que os carros das outras pessoas, e estão sempre com um aspecto de quem acabou de sair do Stand (ou Stander em linguagem pacovita), são sempre modelos e marcas específicas (que não vou nomear por razões óbvias), e exibem sempre um estado de conservação magnífico, além de outras características que não vou enumerar.

Os coletes reflectores... Ah! São o gaúdio dos pacóvios!!! A essa fabulosa invenção da legislação portuguesa... Maravilha, pensem nos milhares de coletes reflectores pedurados nos bancos dos automóveis por esse país fora! Que belissimo objecto de decoração automóvel. Para não falar das bandeiras portuguesas que agora se misturam com os coletes reflectores, oferecendo um lauto repasto aos olhos dos não pacóvios presumidos. Isto, tudo fruto da grande evolução que os pacóvio têm tido nos últimos anos, porque até então os objectos de decoração mais comuns eram os "cãezinhos com a cabeça a abanar" e as almofadas de veludo.

Viva o Domingo! Arghh!

quinta-feira, junho 22, 2006

Mais sonhos realizados...

É para mim dificil exprimir a felicidade que senti quando soube do positivo desta nossa amiga. Ela foi uma das primeiras que segui e apesar de não a conhecer pessoalmente nutro por ela um carinho enorme.

Parabéns Claúdia!

Claro que não posso esquecer uma outra amiga, que apesar de não ter dito nada do seu tratamento, também está de parabéns.

Parabéns Tânia!

Hoje é um dia feliz!

segunda-feira, junho 19, 2006

A aventura continua

Depois de ter desembolsado umas centenas de euros, a semana passada, lá fui eu hoje aos "treinos". Não... desenganem-se, ainda não comecei o tratamento, fui só treinar para ver como podia inflingir a tortura a mim própria.

Como é meu apanágio, a coisa não foi linear, ou seja: Não entrei no hospital, fiz o que tinha a fazer e saí. Não... Tenho de me meter sempre em toda a espécie de episódios hilariantes e complicados, senão apreciem:

Cheguei lá toda esbaforida (ando sempe a correr de um lado para o outro, portanto é o meu estado natural), meto conversa com a Srª da portaria. Estava uma fila enorme, a sala de espera cheia, eu pensei: "Bolas não vou sair daqui tão cedo!"- Lá lhe expliquei para o que ia, que estavam á minha espera, etc, etc e pedi-lhe para ir falar com a enfermeira. Ela lá foi e voltou com o recado que a enfermeira me ia atender num instante... Ora, os minutos começaram a passar e nada. Eu a ver as coisas mal paradas lá fui meter outra "cunha", ela lá foi falar com a enfermeira, que mandou dizer que mal tivesse uma sala me mandava entrar.

Entretanto, lá fui ouvindo a vida da Srª, muito simpática, a contar os problemas dela, da filha, do marido, etc, etc. Mais uns minutos, lá foi ela outra massacrar a enfª, desta vez disse-me: Entre, entre, a enfª mandou-a entrar para aqui que vem já! - olho eu e na porta, para onde ela me mandou entrar, e vejo escrito: Vestiário - Então eu vou entrar para aqui? - pergunto eu. - Sim, a srª enfª vem já! - responde a Srª.

Eu lá entrei para o vestiário do pessoal do hospital, completamente incrédula a rir-me sózinha e a pensar "ISTO NÃO É NORMAL!" - "então ela vai-me atender no vestiário???!!!". Entretanto entra uma enfermeira para se despir e dá de caras comigo. Eu com cara de "tacho" digo: Mandaram-me esperar aqui... - ela diz : Ah sim então não se importa que me dispa? - eu para ela: Não esteja a à vontade!

Entretanto batem á porta, era a enfª à minha procura, tinha perguntado à srª da portaria que lhe disse que eu estava no vestiário. Foi hilariante... fartamo-nos de rir. A enfª tinha dito simplesmente para a Srª me mandar aguardar no corredor porque a sala ao lado do vestiário ia ficar vaga e eu entrava de seguida... A Srª compreendeu tudo ao contrário... mais uma vez se verifica que a lingua portuguesa é muito traiçoeira.

Bem depois disso passamos à prática e lá aprendi, ou pelo menos é suposto, ter aprendido a dar as famosas "picas". Quando começar é que vou saber.... mas para já parece simples.

Beijos a todas e boa semana

quarta-feira, junho 14, 2006

The "F" Word...

Independentemente da ortografia, se leva mais hífens ou mais "ss", se se escreve em letras maiusculas ou minusculas, a única palavra que me aflora a boca é a "F" word.

Como sabem, vou em breve iniciar o meu primeiro tratamento. E depois de muitos adiamentos (e porque já não podia adiar mais), lá fui á farmácia buscar as minhas "doses". Estive na farmácia, imaginem a escolher seringas... sim compreenderam bem seringas, eu tipo "expert" pedi logo das com agulhas mais fininhas; A farmacêutica lá me mostrou algumas; Eu virei e revirei... e finalmente lá escolhi umas. A srª ao ver-me fazer aquilo deve ter julgado que eu percebia muito do assunto, o que ela não percebeu é que eu estava a olhar para as seringas com a incredulidade que a situação exige (EU VOU TER DE ESPETAR ISTO NA MINHA BARRIGA???!!!).

Quando ela me apresentou a conta, nem pestanejei (para não dar bandeira), não é que larguei lá 347,00 e ainda falta mais uma caixa de Gonal que custa 287,00 e ainda não chegou. Arre! e depois ainda nos impingem balelas da fome e da miséria em África... quando nós vivemos num país miserável quem nem as necessidades mais básicas dos cidadãos providencia.

beijos a todas

sexta-feira, junho 09, 2006

A insustentável leveza de ser mulher

"Olha lá, achas que esta roupa me fica bem?"

Aparentemente, esta simples frase nada tem de extraordinário, ou complexo. No entanto, é impressionante a avalanche de acontecimentos e emoções que dela pode derivar, senão vejamos:

- Quando a pergunta á dirigida ao respectivo consorte, o pobre, tem sempre 2 opções de resposta (os mais experientes sabem que esta é uma"tricky question", e tentam deseperadamente não ter de responder, olham atentamente para o que estão a fazer; Desviam a conversa para outro tema; Etc.):
Resposta 1: "Sim amor estás óptima! Fica-te muito bem!"
Resposta 2: "Hummm...essa roupa faz-te um bocadinho gorda..."

Claro que as duas respostas despoletam uma reacção diferente, leia-se:

Reacção á resposta 1: "O quê?? Achas que estou bem??? Então não vês este pneu enorme aqui a sair do lado (poderá ser pneu ou outro adjectivo semelhante que sirva o mesmo fim claro)??? Ah!!! Eu bem digo que tu não olhas para mim, só queres saber do futebol e dos teus amigos....Etc, etc.

Reacção á resposta 2: "O quê gorda??? Tu estás bem a ver o que estás a dizer??? Quem dera a muitas mais novas terem o meu corpo... tens outra melhor é???

Ambas as reacções são como é evidente seguidas de uma batida em retirada, acompanhadas de alguns impaupérios dignos de carroceiros, que algumas (já mais habituées) proferirão em voz alta, enquanto que outras (mais recatadas), proferirão mentalmente.

No entanto, é sempre importante notar que a 2ª resposta é bem pior que a 1ª, enquanto que a reacção à primeira suscita a batida em retirada e alguns poucos queixumes, a reacção à 2ª poderá causar uma reacção tipo melodrama. Ou seja, choro e ranger de dentes e até em casos extremos (se o consorte não desdisser rapidamente o que foi dito) a queda da relação rumo a Titanic.

- Quando a pergunta é dirigida à melhor amiga (ou à pior porque nestes casos nunca se sabe), aí então o caso assume outros contornos, inevitavelmente elas, à semelhança do pobre, têm também duas opções de resposta, e são exactamente as mesmas acima citadas, pelo que nem vale a pena repetir.

Agora as reacções são bem mais abrangentes, no entanto mais silenciosas como convém:

Reacção à resposta 1: "Achas? Ah! Obrigada!" - isto é o que dizemos. Agora o que queriamos dizer: "Ah sua hipócrita, devo estar a fazer uma figura deplorável para tu dizeres que estou bem... sua "beach", etc, etc.

Reacção á resposta 2: Não há resposta... até porque ninguém está há espera que a fulana tenha a lata de nos dizer uma coisa daquelas... querem lá ver que a lambisgóia não tem espelhos em casa... ainda não viu os "camiões" de celulite que tem naquelas pernas... e aquele rabo... Bah! Nem vale a pena responder!

De salientar em qualquer dos casos que a "querida" amiga não perde por esperar, estará guardadinho para ela, na devida altura a respostinha. Quando ela menos esperar: "Ai querida! Essa roupica não te favorece nada!" e aí os mais atentos verão a auréola que nos cresce tal é o nosso ar angelical.

E vejam lá a confusão que uma frase tão simples pode causar.

Bom fim de semana a todas

quinta-feira, junho 08, 2006

The day after

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

terça-feira, junho 06, 2006

Este pequeno mundo - parte 2/5

Não podia deixar de vir cá hoje... confesso que numa primeira fase de choque, me apeteceu apagar isto tudo e esquecer que alguma vez isto existiu sequer, isto tudo a propósito de um qualquer comentário, de uma encruada qualquer, que me fez perder um bocado as estribeiras.

Mas, depois de uma sessãozita de ginásio, lá acalmei os ânimos e decidi ficar. Parece-me surreal, que uma MULHER, cometa o desvario (sem pelo menos ter uma "catrefada" de filhos, a massacrar-lhe o espirito), de proferir semelhantes barbaridades, senão vejam:

"impressiona-me a quantidade de mulheres com problemas de fertilidade na blogosfera. são às centenas em portugal, todas elas com a frustração de não conseguirem conceber, parir, procriar ou sequer engravidar. são mulheres desapossadas da sua condição de fêmeas. o seu corpo recusa-se a cumprir o papel para o qual foi concebido: gerar vidas. leio-as entre um misto de incredulidade e angústia, enquanto descubro um novo vocabulário: iiu, fiv, indução de ovulação, hiperplasia, folículos. são patéticas na sua obstinação, desesperadas no seu desejo de serem mães."

A coisa raia o inconcebível, principalmente, e a meu ver por se tratar de uma mulher, será que a criatura julga estar isenta de todos estes problemas?

Bom, este texto a maioria de vós já conhece e acredito que quase todas, ou pelo menos um grande número já comentou. Antes de mais, gostaria de apreciar a forma mordaz como escreve, reparem na subtileza dos adjectivos escolhidos, Eça não faria melhor. Depois os requintes de malvadez com que diz "eu corpo recusa-se a cumprir o papel para o qual foi concebido: gerar vidas". Delicioso, e ainda por cima pré histórico, uma vez que todas sabemos que o corpito tem muito mais serventia do que "parir" ou "gerar" filhos (pelo menos o meu tem, enfim não posso falar por todas). Tinha eu de viver até esta idade para LER isto...

Mas isto não termina queridas amigas, a análise desta pérola da literatura portuguesa continua, na sequência dos adjectivos: "são patéticas na sua obstinação, desesperadas" - lindo, lindo, tiro o chapéu a esta rapariga, ela escreve muito bem. Esqueceu-se, porém, da sua condição de fêmea procriadora, o que faz com que não esteja isenta de toda a lamechice associada aos ditos blogs "patéticos".

Que existem blogs com maior ou menor qualidade, é indiscutível, mas uma coisa que nos foi concedida há já algum tempo foi o "free Will", portanto, se por uma lado nós podemos ler e criticar, por outro também temos de aceitar a réplica a essas criticas. O importante é que podemos escolher... não somos obrigados a nada...

Agora, o que quero condenar, são as réplicas "ressabiadas", mal estruturadas, e mal educadas. Perde-se a razão e perde-se a nível... e isso não se pode tolerar, e não podemos ficar todas no mesmo "barco", desculpem-me, é assim que sou.

Quem anda nisto não é por gosto, não é por ser "demente", ou por não ter mais nada para fazer. Anda-se nisto por necessidade, uma necessidade de extravasar os sentimentos; por necessidade de "feed-back", de ouvirmos qualquer coisa que nos faça acreditar em algo que nem nós mesmas acreditamos; é a necessidade de vermos que o problema do parceiro é maior que o nosso e que afinal até estamos muito bem... é a necessidade final de vermos que poderá existir algo mais para além disto.

Não se vive em prol de uma possivel gravidez ou do aumento infinito da prol, vive-se num sub mundo, onde somos todos iguais... vive-se num pequeno mundo como lhe costumo chamar. Onde não temos de fugir para dizermos que "não, não temos filhos porque não conseguimos"; onde não temos de andar sempre a tirar a roupita e a assumir aquela posição fantástica, para um bando de médicos espreitar... e pior de tudo, onde as nossas células não são misturadas num laboratório.

Porque meus amigos, falar de infertilidade, é a mesma coisa que falar de pensos higiénicos ou orgasmos, só muda o tema e a superficialidade do assunto.

É este o pequeno mundo da infertilidade! Sejam benvindos! Adoramos tê-los cá!

Beijos a todas

sexta-feira, junho 02, 2006

Amanhã

Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-rne para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei. Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...


Álvaro de Campos


Tal como prometi, aqui deixo mais um pequeno poema de Álvaro de Campos, espero que gozem todas um excelente fim de semana... para a semana há mais!!

Alex sua danada, hoje fizeste-me rir muito, soube-me muito bem! Ah! E já agora manda para cá a pinça nº5...

Beijos a todas

quinta-feira, junho 01, 2006

Contrariando as tendências!

Caras amigas,

Pois então não é que ficaram com a idéia errada acerca do meu estado de espírito..?? O facto de ter escrito um poema de Fernando Pessoa (no seu heterónimo Álvaro de Campos), não significa nem de longe nem de perto que ando com o astral como o do poema. Significa, isso sim, que vou dedicar alguns dos próximos posts a uma "breve" antologia deste grande poeta.

É claro que muito do que ali se diz, se identifica de certa forma, com o momento actual que atravesso, é óbvio e isso não posso negar. Mas o desânimo ainda não tomou conta de mim completamente.

Depois da minha histeroscopia de "barriga aberta", como costumo dizer, o único facto relevante foi eu ter achado que uma "ampolazitas" daquilo que me deram no bloco, me poderiam dar uma "jeitaça" nos próximos tempos... é que aquilo era mesmo fixe!!! Eu vim completamente eufórica!! A experiência que lá vivi, foi como se estivesse a observar o que se passava no meu corpo, mas como espectadora, estava de fora a ver tudo, aquele corpo não era meu... bem, o pior foi mesmo quando o efeito da "droga" começou a passar...

Entretanto, tenho andado por cá tipo "formiguita", na minha labuta habitual, felizmente sem grande tempo para pensar no que aí vem.

Já marquei as aulas de "chuto", porque isto é muito "fino", temos direito a aulas e tudo, não vá o pessoal ainda furar o intestino grosso e depois é o caraças!!! E não convém evidentemente, furarmos a barriguita de tal forma que ao bebermos qualquer coisa, comece a sair pelos furos... daí que é melhor prevenir do que remediar.

E confesso, tenho andado a baldar-me um bocado ao trabalho (senão não estava a estas horas a escrever um post no meu berlogue!)... e tenho estado no msn com as minhas queridas amigas, as já "habituées" e a mais nova aquisição: A cris!! Amiga tenho adorado falar contigo!!

Depois fiz mais uns contactos com outras amigas virtuais: A Claudinha (Vieira), amiga adorei falar contigo! Tive a sensação que nos conheciamos desde sempre! E a Pi, também gostei muito de falar contigo Pi!!

Por isso, minhas queridas roam-se aí, que eu vou trabalhar um bocadito (ou pelo menos tentar), antes que alguém se lembre de me demitir!

Beijos a todas