quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Tratamentos de infertilidade - "Os bébés de Ouro"

Num dos Blogs que costumo seguir "Desabafos de um médico" encontrei o seguinte texto, que a meu entender está simplesmente fantástico. Leiam e comentem, o título é:

Contrastes

Na cama 1 está a Vanessa. Acabou de ter um filho com o qual provavelmente não contava. A Vanessa tem 15 anos de idade, e acabou agora de ser mãe de um pequeno boneco, o seu primeiro filho. Como é alta conseguiu esconder a gravidez do mundo durante bastante tempo. Apenas no terceiro trimestre da gravidez a situação se tornou excessivamente evidente para que a família desse pelo sucedido. Assim, teve duas consultas médicas, fez apenas uma ecografia, e fez uma vez só as análises laboratoriais de rotina da gravidez. Felizmente nada de especial aconteceu. O bebé nasceu bem, está perfeitamente saudável, e toda a embrulhada acabou por se resolver da melhor maneira. A embrulhada que se segue é saber se a Vanessa, que ganhou o epíteto de mãe-adolescente, é capaz de educar convenientemente o bebé... Felizmente para os dois, a Vanessa estabeleceu uma boa relação com ele. Sorri, deliciada, quando lhe mostro que o seu bebé já sabe "andar". Pode ser que os instintos lhe incutam a responsabilidade que ela precisa de ter... Oxalá!


Na cama 4 está a Luísa. Tem o dobro da idade da Vanessa, mas uma experiência "gestacional" semelhante. O bebé que, atrapalhado, tenta perceber como se mama, é o primeiro filho da Luísa. É um bebé de ouro, ou seja, é o resultado de vários anos de tratamentos para a infertilidade. Provavelmente poucos filhos são tão desejados como os "bebés de ouro". A mãe sorri, quando uso a expressão, diz-me que de facto vale o seu peso em ouro. Teve 10 consultas médicas da gravidez, fez 8 ecografias e fez as análises de rotina dos três trimestres da gravidez. Felizmente teve a mesma sorte da Vanessa, tudo correu bem na gravidez e o bebé está óptimo. A Luísa sorri, aliviada, quando lho digo depois de "virar a criança do avesso".

Realmente, os nossos bébés serão bébés de ouro. Só nós sabemos o que nos custaram, e não falo só do factor monetário claro.

Será que os nossos hipotéticos filhos algum dia vão saber e dar valor ao que passamos para eles virem ao mundo? Será que vamos ter a clarividência suficiente para os educarmos devidamente, ou pelo contrário iremos sufocá-los com este nosso amor durante tanto tempo contido?

Beijos a todas

domingo, fevereiro 19, 2006

Tratamentos de infertilidade - "A dor sem parto"

Sendo ainda "novata" nestas coisas da infertilidade, a internet apresentou-se-me como um mundo vasto para descobrir mais acerca do significado desta palavra, aparentemente tão inofensiva, mas que desvasta tudo e todos os que se lhe deparam.

Foi assim, que tomei conhecimento das diversas causas da infertilidade, dos seus possíveis tratamentos, de como são efectuados esses tratamentos, das taxas de sucesso dos mesmos, etc.etc.

Palavras como FIV, ICSI, DGPI, TPA, entre muitas outras passaram a fazer parte do meu vocabulário e do meu dia-a-dia, como aliás fazem parte do de milhões de mulheres por esse mundo fora. Cada uma com a sua história, com os seus sentimentos e com a sua mágoa.

Foi assim, que cheguei aos blogs de todas vós, e que criei o meu próprio. Em alguns dos blogs deixo os meus comentários, noutros limito-me a ser espectadora silenciosa dos gritos de revolta que ecoam nas páginas de cada uma. Porque é disso mesmo que se trata: De revolta.

Todas nós pensamos e dizemos porquê eu??

Mas, mais importante do que o sentimento de revolta. Durante as incursões que tenho feito pelos diversos blogs acerca deste tema, verifiquei que existia em todos eles um denominador comum: A dor.

Associada aos diversos tratamento de infertilidade que são relatados nos vossos blogs na primeira pessoa, existe a dor. E essa dor, no meu entender, pode dividir-se em várias dores:

A dor da física - a que as mulheres se sujeitam para fazerem os diversos tratamentos: As injecções, as sucessivas ecografias de monitorização, as anestesias gerais para as punções, e a implantação dos embriões. E estas dores repetidas uma e outra vez, uma e outra vez. Até que se esgotem as opções.

A ingestão contínua de medicação que provoca mal estar, inchaço, dores de cabeça, nauseas, etc. e que nenhuma de nós sabe muito bem o mal que pode fazer ao nosso organismo a médio prazo. E que muitas pensam: "Será que depois disto tudo se tiver um filho vou ter saúde para o ver crescer?"

A dor financeira - é mais do que sabido que os tratamentos de infertilidade são caríssimos, o que aliado à baixa taxa de sucesso cria um factor de dor. Porque, tanto quanto eu sei, mesmo os tratamentos realizados nos hospitais púlicos (que são poucos), têm o encargo da medicação, que é muito cara.

Ora, quer queiramos quer não, o factor financeiro tem um peso decisivo nesta equação (como de resto na maior parte dos aspectos da nossa vida). Digam-me quantas mulheres e homens sofrem de privações para fazerem os tratamentos para terem um filho, e fazem-no uma e outra vez, uma e outra vez, até que se esgotam os recursos financeiros, havendo até aqueles que vendem bens para a realização deste sonho que deveria estar ao alcance de todos.

A dor da "esperança" - por fim temos esta dor. E não ficou para o fim por ser a menos importante, antes pelo contrário. Esta dor é a primeira das dores, a dor que enluta os nossos corações de mulheres que nos leva etapa a etapa para todas as outras dores, até que se esgotem todos os recursos.

  • É dor que sente um homem e uma mulher que têm de fazer amor com hora marcada;
  • É a dor que se sente todos os meses quando uma pequena mancha ensombra o nosso dia;
  • É a dor de se ver um filho chamar de mãe a outra mulher e pensar que se calhar nunca teremos ninguém que nos chame mãe;
  • É a dor da espera dos dias das ecografias de monitorização, das punções, implantações, testes;
  • É a dor da falta das duas riquinhas rosa;
  • É a dor do desgaste de relações que não podem viver em função de uma ansiedade gritante;
  • É a dor de repetir estas dores mês após mês, ano após ano.

E depois ainda há quem fale das dores do parto!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

E finalmente a chuva!



O dia hoje está "chato", é um daqueles dias que não é carne nem peixe, em que não nos apetece fazer nada...

Ontem fui a "CDS" (Casa da Sogra), ela fez anos. Estava lá a família toda: Os tios, os primos, e os netinhos...

São todos uns amores, os tios do meu "TB", as tias e as primas também. Poucos são os que sabem do nosso "problemazito" com a procriação, pelo menos pela nossa boca. Mas acredito que a sogra se encarregou de contar porque ninguém nos chateia com o assunto, o que já não podemos considerar muito mau.

A sogra sofre um bocado coitada, não gosta de mostrar, às vezes sei que chora às escondidas quando se fala em crianças. No dia de Natal contaram-me que se fartou de chorar (ainda bem que não estava presente). Já tem um neto, que é um terroristazinho, um puto muito espertalhaço que nasceu prematuro de 32 semanas. Foi um susto enorme para todos. Vai fazer 3 anos em Outubro.

Mas, assim como as mães gostam de maneira diferente dos seus filhos, também as sogras gostam de maneira diferente das suas noras... E eu sei que ela gosta muito de mim de maneira especial e que sofre por nós e pelos netos que não lhe damos.

O mais "bombástico", se assim lhe podemos chamar, nesta história familiar, é que o meu cunhado mais novo vai casar, e a minha futura cunhada confessou-me muito recentemente que sofre de ovários poliquisticos.

Acreditem que quando ouvi isto gelei... Porque nesta minha "saga", descobri que os ovários poliquisticos são uma das maleitas que pode provocar infertilidade. Claro que a ela não lhe disse nada. Não vale a pena preocupá-la por antecipação, porque ela até pode conseguir engravidar rapidamente sem qualquer problema, mas que fiquei preocupada... Isso fiquei, era demasiado mau! De 3 cunhadas 2 terem problemas de infertilidade!... Bolas!

Deixo-vos uma fotografia de um mar maravilhoso, e recordações de paragens mais quentes do outro lado do Atlântico, porque num dia como este só apetece fazer isto mesmo... Divagar!

Que me perdoem os Balancetes de Encerramento e os Modelos 10...

Beijos a todas!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Dia dos namorados

Olá a todas!

Hoje estou pouco inspirada, mas como é dia dos namorados não queria deixar de introduzir aqui no meu cantinho algum comentário,por muito pequeno e insignificante que seja.

Para mim, o dia dos namorados não representa grande coisa, eu sou daquelas que acha que o amor é feito de pequenos nadas, e que que só assim tem significado. O amor não se constrói num dia, nem se torna mais forte por nos darem um presente a 14 de Fevereiro.

Até porque minhas amigas os presentinhos não significam nada, mesmo nada. Senão vejam, um colega meu de trabalho tem um "caso" com a melhor amiga da mulher, e apesar disso hoje lá andava a comprar um presente para ela e agora iam fazer um jantar romântico os dois (ele e a mulher claro).

Ora, agora digam-me lá o que acham?? Isto não é o cumulo??? É por estas e por outras acho que realmente o dia dos namorados deve ser todos os dias e não um dia pré determinado.

Bom, a verdade é que cá por casa, de há uns tempos para cá o astral não anda muito em alta... Nós que no Natal enfeitavamos a casa a rigor com uma decoração sempre diferente. De há dois anos para cá... Nem uma "bolita", quanto mais uma árvore Natal. Portanto já não falo no dia dos namorados...

A verdade, é que me comovi há bocadinho ao ver no telejornal da "SIC", a história de um namoro "antigo", mostrou um casal já de alguma idade, eles contaram a história de como se conheceram e casaram (etc, etc), e depois mostraram a fotografia da família: 2 filhos e 4 netos. Engraçado que me deu um nó na garganta ao pensar que eu num futuro longínquo (não muito enfim... já não sou nenhuma criança) poderei não ter fotografias da minha família para mostrar a quem quer que seja... porque essa família poderá nunca chegar a existir.

Beijinhos a todas fiquem bem...

domingo, fevereiro 12, 2006

A "reportagem do Expresso"

Olá a todas!

Não imaginam a confusão em que me meti ontem só para comprar o"Expresso". O certo é que estive a trabalhar ontem de manhã, e pedi a um colega que o fosse comprar, tendo recomendado e sublinhado que verificasse se trazia a revista "Única". Não é que quando chegou o jornal, fui logo ver e não trazia a revista (isto só comigo)... Pedi ao colega que lá voltasse, para ir buscar a dita cuja, e ele coitado lá foi. Voltou com a mensagem que o distribuidornão a tinha deixado por lapso e que teria de esperar até ao fim da manhã. Por isso tive deconter aminha curiosidade até ao fim da manhã (meu Deus e como sou curiosa!).

Achei interessante a reportagem. Achei emocionante todas as experiências relatadas. Comovi-me com aquele Sr. que foi trabalhar para as obras para a Alemanha para pagar o tratamento da mulher para poderem ter um filho...

Adorei a coragem da "nossa" Elsa!, Realmente ela deu a cara por todas nós, revelou o endereço do seu cantinho, e por isso tem sido molestada e provavelmente irá continuar a ser, por pessoas sem qualquer tipo de escrupulo e sem o verdadeiro conhecimento desta causa que é só de alguns infelizmente... Obrigada Elsa!

Parece sempre para quem está de fora,para as mulheres ditas "normais", que podem dar grandes palpites, que podem emitir juizos de valor,e dizerem que se fossem elas que adoptavam, que se fossem elas que não andavam stressadas, que o que nós precisamos é de descontrair e relaxar, não pensar nisso, etc.

Suponho que todas nós devemos ter bastantes conselhos destes,provenientes das nossas melhores amigas, das nossas irmãs, maridos etc.

Mas.na verdade, é que somente quem passa por esta situação é que realmente sabe o sentimento de profunda desilusão, de amargura e de profunda revolta que a infertilidade gera dentro de cada uma e que se vai alimentando da nossa sanidade mental mês após mês, dia após dia.

Só nós sabemos o sentimento de frustração e impotência que o simples aparecimento de uma menstruação que não se deseja pode causar. A dor de visitar um recém nascido que não é nosso e que nós não sabemos se alguma vez teremos... Enfim só nós sentimos o drama de uma luta tão desigual...

Por isso, não me venham falar de adopção... Não me venham dizer que existem tantas crianças abandonadas a precisarem de um lar. Eu até concordo, mas desculpem isso só faz aumentar a minha revolta... Existem tantas de nós que querem um filho, e outras a deixarem aqueles que lhes foram confiados ao abandono.

Para mim ser mãe não significa ter apenas uma criança. Para mim um filho é a história de amor minha e do pai que a justifica, é o pedacinho dele e meu que queremos ter a correr cá em casa, é o testemunho vivo desse amor e da junção das nossas duas vidas. E mesmo que um dia esse amor termine, esse tesmunho ficaria sempre presente.

Portanto, adoptar é sim um acto de amor, mas não substituí de forma alguma a maternidade, quando muito pode complementá-la.

Acho que já me alonguei muito hoje,e está a começar a "Medium" tenho de ir ver...

Beijos a todas

P.S. Força Elsa qualquer coisa conta comigo




quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Bem vindas!!!

Olá a todas!

Foi com grande satisfação que hoje recebi os primeiros "recadinhos" no meu blog. Espero que a partir de agora receba muitos mais. Espero começar a fazer parte da vossa vida e vocês entrem também na minha, uma vez que compartilhamos pelo menos um sentimento comum: O desejo de ter um filho!

Estes dias têm sido mais "calmos" depois de no fim de semana passado ter tido uma falsa gravidez. Passo a explicar: Uma vez que o meu problema não tem nada a ver com falta de ovulações, faço ciclos de 26 dias certinhos, este mês no 26º dia nada, 27º dia nada... Enfim já estão a imaginar andava toda esperançada... No 28º dia fui fazer o primeiro teste de gravidez da minha vida (aos 34 é obra), bem enfim já adivinharam claro... Deu negativo! No dia seguinte lá veio o Mr. Red e as suas horriveis dores! Fiquei um bocado deprimida..

Agora um aparte: para quem não sabe, a endometriose caracteriza-se principalmente por dar dores muito intensas durante o período menstrual, daí eu referir as horriveis dores (para além deoutras complicações bemmais desagradáveis).

Mas, "life goes on" e na 2ª muito trabalhinho, muito corre corre durante o dia, o ginásio há noite... Não dá muito para pensar (ainda bem)!

Beijos Para todas!

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Mais uma para a lista

Depois de ter lido diversos blogs, confesso que me senti contagiada e que percebi realmente que certos assuntos são mais fáceis de falar com "estranhos" do que propriamente com todos aqueles que diariamente convivem connosco.

A minha história não é certamente diferente das da maioria de mulheres que usam este meio como forma de desabafo.

Tenho 34 anos, já não faço contracepção há alguns. Estou casada há 8 anos. Se no ínicio a carreira profissional, a vontade de viajar, de passear e gozar o pouco tempo disponível se resumia a duas pessoas. Há cerca de 2, 3 anos essa vontade apesar de não ter esmorecido já se queria extensível a mais alguém... Um descendente.

Acreditem quando vos digo que um casamento de 8 anos, com um namoro de 10 por antecedente não se esgotou, antes pelo contrário, continuamos a ter o mesmo prazer na companhia um do outro e continuamos a fazer as mesmas coisas sempre juntos porque não precisamos de mais ninguém para nos sentirmos bem. Só que agora temos mais serenidade e não andamos com paixões desenfreadas.

O certo, é que nunca aconteceu. E também é certo que fomos deixando andar, porque as exigências da vida profissional de ambos são mais do que muitas, e porque a verdade seja dita, ninguém quer admitir um problema desta dimensão com facilidade. Então iamos sempre arranjando desculpas: Este mês não aconteceu por causa do stress, porque não tentamos na altura certa, porque... porque... porque.

Enfim... Chegou uma altura em que não podemos abstrair-nos mais do problema, e decidimos consultar um especialista. De uma lista de alguns nomes, de entre os quais alguns figurões bem conhecidos, optei por um menos conhecido, afinal era só um consulta...

Acredito que todas nós quando vamos a uma consulta de infertilidade achamos que vamos sair de lá com uns comprimidos milagrosos e que vai ser muito fácil resolver qualquer problema. Mas o grave desta questão é que uma grande maioria de nós não acredita sequer que tem um problema (é o velho hábito nacional: "Só acontece aos outros"), e quando ele se nos depara puro e simples ficamos em estado de choque.

Claro que nas primeiras consultas foi exames para cima e para baixo, a isto e mais aquilo. E nós até nos primeiros exames nos descuramos. Fomos à primeira consulta em Março e para fazermos umas simples análises de sangue e espermograma só lá voltamos em Setembro.

Essas análises revelaram tudo perfeitamente normal, espermograma, ovulação, etc. Havia que pesquisar mais profundamente, havia suspeita de uma doença que até então nunca tinha escutado o nome "Endometriose".

As primeiras pesquisas que fiz para esta doença foram demolidoras, rezei para não ter, tinha marcado exame para ver se tinha ou não.

Em Outubro fiz uma laparoscopia de diagnóstico e uma cirurgia. A doença estava lá, "endometriose". Quando o médico me disse foi muito mau, parecia que não era eu que estava a ouvir aquilo, parecia um pesadelo. Disse que ainda era pouco relevante e que tinha tirado umas aderências nas trompas, etc.

A partir da cirurgia, disse ele tinhamos de conseguir uma gravidez rapidamente, para evitarmos que os tecidos voltassem a bloquear as trompas, os ovários ou o canal uterino. Só que uma coisa é dizê-lo, outra é fazê-lo, e a verdade é que as coisas não são muito lineares e a dita gravidez nunca apareceu.

Recentemente, estivemos na consulta a marcar um possível tratamento de FIV para Setembro, mas a verdade é que ainda não sei se o farei. Esta situação de andar a "fazer filhos em público" quando o deviamos fazer com todo o prazer e intimidade dentro da nossa casa, ainda me confunde um bocado.

Daí que tenho andado em pesquisas e tenho lido os vossos blogs, e tenho vibrado e lamentado cada derrota e cada vitória de todas vós.

Continuarei a dar notícias digam-me também alguma coisa