quarta-feira, setembro 17, 2008

A propósito de opções de vida

O meu sonho nunca foi ser mãe. Não era assim um sonho de criança/adolescente, como muita gente tem. Muitas raparigas brincam com as suas bonecas como se fossem as suas mães, e sonham desde cedo com a maternidade. Eu não.

Na altura das bonecas brincava com elas vestindo-as para irem a grandes festas e terem vidas faustosas como as das princesas. Retalhava cortinas velhas e metia-as na máquina de costura da minha mãe, fazia vestidos farfalhudos e tentava fazer grandes penteados às pobres. Lavava as cabeças na banheira e com o secador tentava fazer grandes caracóis. O que acontecia invariavelmente era que queimava o cabelo às ditas e cada vez ia queimando mais a cada insistência. O resultado: Hoje tenho uma parafrenália de bonecas carecas ou com uns fios de cabelo queimado...



Mesmo em casada durante alguns anos pusemos mesmo a hipótese de não termos filhos. Não porque não gostassemos de crianças, mas pela grande responsabilidade de trazer uma criança a um mundo (principalmente país), com tão pouco para oferecer. E nós com uma vida tão sobrecarregada achávamos que realmente também teríamos tão pouco tempo para disponibilizar, que o pouco tempo que tinhamos deveria ser usado em nosso proveito.



Claro que a semente existe dentro de cada uma de nós (só que para algumas demora mais tempo a germinar). A minha semente despontou e foi crescendo. Mas confesso que nunca fui uma mulher cujo objectivo maior seria o de ser mãe.



Queria muito ser mãe sim. Mas esse não foi nunca o meu cavalo de batalha, não era a razão do meu viver. Quando segui para os tratamentos, ia com a firme convicção de tentar 2 ou 3 vezes e não mais.

Fui fazê-lo porque um dia mais tarde ao olhar para trás não queria ter a sensação de que tinha ficado à porta e não tinha tido coragem para bater e entrar... As minhas expectativas eram nulas, e acho que foi por isso que resultou.



Nesta perspectiva, torna-se para mim difícil aconselhar, opinar ou até fazer qualquer tipo de juízo de valor, quando alguém que já tentou algumas vezes quer desistir e não prosseguir com a luta ou quando alguém que já tentou muitas vezes a pretende prosseguir. Confesso que não sei o que dizer porque não fui posta à prova e não sei o que teria feito se não tivesse conseguido à primeira.



Uma coisa é eu dizer que faria isto e aquilo, outra coisa é a realidade dos factos.



Na verdade sou uma pessoa que lida mal com as frustrações, por isso, evito entrar em guerras onde sei que sou eu a parte mais fraca para não ter de lidar com a derrota. É assim em todos os aspectos da minha vida, onde sei que tenho mais chances de perder do que de ganhar, tento... Nunca deixo de tentar. Mas contorno se o resultado não me é favorável. Acho que sou defensora daquela máxima de que "mais vale um cobarde vivo que um herói morto".

No entanto, acho hilariante, que existam sempre pessoas prontas a opinar sobre isto e sobre aquilo, mesmo sem conhecimento de causa. Ainda noutro dia assisti num fórum a uma acesa discussão sobre "dadores de esperma", num fórum mesmo ao lado de um fórum sobre "infertilidade". Verifiquei que as pessoas não fazem idéia nenhuma daquilo que se passa realmente e acham muito simples darem as suas opinões, sem terem em consideração o contexto que poderá estar por detrás de cada escolha (neste caso a doação de gâmetas).

Fez-me lembrar uma celeuma que existiu há uns anos por cá, quando se descobriu um blog de uma "fulana", que tinha um post dedicado aos blogs da infertilidade (pouco simpático evidentemente). As pessoas realmente deviam contextualizar as suas opiniões em vez de alardearem aos sete ventos que quem "faz isto ou aquilo" é um "este" e um "aquele".

Beijos a todas

terça-feira, setembro 09, 2008

Controvérsias

A primeira semana custou, no fim-de-semana, quase que não conseguia sentar-me na sanita, tais eram as dores nos musculos. Pegar nos miúdos era o supremo sacrificio e quando eles me pisavam os doridos musculos um esgar seguido de um "obrigadinho filho(a), estava mesmo a precisar disso". Ontem já correu melhor, até porque fazer exercício em cima dos musculos doridos, ajuda a passar a dor (so I think), e já estou melhorzita.

Soube-me bem, soltar a adrenalina, trautear umas músicas e suarrrr, suar muito. Bem bom!

No entanto, ainda não consegui cortar o cordão umbilical, fico sempre remorseada a pensar neles, e porque não estou com eles... Eles também ao que consta à hora do almoço ouvem chegar um carro e dizem: "Mamã!", e durante o dia lá vão chamando por mim... Coitadinhos.

Tenho andado a ler um pouco de tudo por este nosso pequeno mundo, quando tenho um bocadito ou quando já estou há algumas horas a trabalhar e preciso descansar um pouco, pairo por aí... Tenho seguido na nossa amiga Susana Pina, os posts sobre os custos dos tratamentos de fertilidade, os tempos de espera, e tenho lido os respectivos comentários (alguns infelizes).

Quase todas nós que por cá andamos há algum tempo sabemos a exorbitância dos preços dos tratamentos, e dos medicamentos. Todas nós sabemos que existe um "grande" negócio por detrás da infelicidade de milhares de casais deseperados.

As consultas e tratamentos nos hospitais públicos teimam em não chegar, até porque na maior parte dos casos não há interesse, porque os médicos que fazem nos públicos fazem na privada, e a "coisa" rende mais no privado, ou porque é impossível fazer um maior número de tratamentos com médicos que trabalham só de manhã e de tarde vão para os privados. Os casais, aqueles que têm algum fundo de maneio, lá vão tentando nesta ou naquela clinica, neste ou naquele médico, e fazem 1, 2, 3, ... 15 tratamentos. Alguns têm a sorte de a natureza estar a seu favor e lá conseguem, outros com casos mais complicados, lá vão andando sem que ninguém se ilumine e diga: "Oh pá estes tipos já fizeram N tratamentos sem resultado, vamos a ver porque não resulta!"

É certo que não podemos "meter" todas entidades intervenientes nestes processos no "mesmo saco", até porque a maioria das pessoas que tenha um pouco de interesse e siga alguns fóruns relativos à infertilidade, cedo se apercebe onde estão as clinicas que apresentam resultados e as que não apresentam... É só procurar!

Eu sempre pensei que o ideal seria fazer um tratamento destes num centro público, porque, ali o interesse é nulo. Ou seja, como não pagamos nada (só os medicamentos), não há o interesse do vil metal, ou seja se resulta resulta, se não resulta paga-se o mesmo. Por isso mesmo é que fiz o meu único tratamento num hospital público.

Reconheço que fui uma privilegiada, não só pelo excelente resultado, como também pelo excelente médico que tive a sorte de encontrar no meu caminho e que deu todos os passos comigo. Não foi homem de "empaliar", sempre pôs o preto no branco e eu comecei por onde muitas terminam os tratamentos. Não andei a fazer exames e mais exames, IUUs, IAs, estimulações e outras coisas que tal. Depois das análises hormonais e espermograma, e uma vez que estavam ambos com valores dentro dos normais, fiz uma laparoscopia de diagnóstico (que o meu rico seguro de saúde pagou) e uma vez que não havia nada de muito grave partimos para a FIV, a qual foi denominada teste de fertilização para vermos se os gâmetas fundiam ou não em laboratório, para vermos se poderia existir ou não algum outro problema subjacente. Felizmente não houve e o resultado todos conhecem.

Se nos abstrairmos do preço violento dos tratamentos no privado, e considerarmos que temos a sorte de ir para um público, não podemos ignorar o preço da medicação. Na altura acho que até escrevi algo sobre isso. E temos de considerar que infelizmente muitos são os casais que nem sequer para a medicação têm dinheiro. Existem casais cujos rendimentos são 2 ordenados mínimos mensais, esses casais não podem sequer comprar a medicação.

Antes das férias surgiu-me uma situação dessas. Numa das empresas onde trabalho, os operários não qualificados não são muito bem pagos, rapazes jovens, cujo rendimento mensal ronda os 700 Euros, a mulher também operária, noutra empresa ganha o ordenado mínimo. São jovens, pagam uma casita, e queriam ter filhos... A História todos sabem... Foram encaminhados para o hospital aqui da zona, que por acaso tem serviço de Medicina de Reprodução, e chegaram a marcar o tratamento, protocolo, etc. Só que ninguém lhes disse quanto custaria a medicação, chegaram à farmácia e voltaram para trás porque não tinham dinheiro, as famílias também com parcos rendimentos não tinham para emprestar. Até que o rapaz veio falar comigo e contar-me a situação, para ver se seria posssível conceder-lhe um empréstimo sobre o salário, para ir descontando por mês... Sem entrar em grandes pormenores, lá lhe fiz ver que este poderia ser o primeiro de muitos tratamentos e o primeiro de muitos dinheiros que eles iam precisar (os pobres julgavam que eram favas contadas... Ninguém lhes disse que as percentagens de sucesso são em muito inferiores aos sucessos), mas emprestei-lhe o dinheiro. Felizmente a sorte esteve do lado deles, vão ter uma menina, o dinheiro ele ainda não sabe mas vou oferecê-lo como presente para aquela menina que vai nascer, nunca tive intenção de lho cobrar, mas também não lhe poderia dar outro se esta tentativa não tivesse dado certo... É a vida...

Beijos a todas

segunda-feira, setembro 01, 2008

É desta que me candidato a Miss

Depois de quase 2 anos de paragem, é hoje que tiro as teias de aranha às sapatilhas, aos tops e às calças de ginástica. Ok!.. Está bem!!... Eu confesso que até comprei umas sapatilhas e
equipamento todo novo (porque mulher que é mulher tem de comemorar certas datas à maneira...), mas vai ser hoje que tiro as etiquetas...

Sinto a adrenalina, a as saudades que já me picavam há algum tempo, estou cheiinha de vontade de voltar.

Adepta incondicional do exercício físico e da boa forma física, fui fiel praticante de algumas modalidades no ginásio cá da terra, durante longos e bons anos. No tempo das aeróbicas e steps, era o que fazia. Com a introdução das novas modalidades, há alguns anos, era fácil ver-me de luvas pretas na mão e calças de camuflado a praticar Bodycombat, com os pesos às costas no Bodypump, e de calções de ciclista nas aulas de RPM, claro que não faltava a umas aulitas de ginástica localizada, para perder a inexistente (na altura) barriguita.

Durante muito tempo ouvi a piada que não queria ter filhos com medo de me estragarem o corpinho...

Durante muito tempo tive receio que esta minha carga de exercício físico fosse o factor impeditivo para a chegada dos ditos filhos...

Mas isso foi no passado, agora quero o meu corpinho de volta e não quero mais filhinhos. Portanto há que recomeçar!

Durante este primeiro quase ano e meio deles, quis dedicar-me em absoluto, e estar com eles na hora do meu almoço e tudo. Agora, e apesar de eles continuarem com as avós, 2 ou 3 vezes durante a semana, à hora do almoço não estarei com eles (que saudades!!!) e vou cuidar (finalmente) de mim.

Vou aniquilar a barriguita que teima em não desaparecer, e a celulite que teima em alojar-se nas minha pernas, porque apesar de em termos de figura vestir as minhas roupas anteriores à gravidez desde que os meus pips tinham 15 dias, a verdade é que ficaram algumas sequelas, que foram agravando com a falta de exercício, por isso: Bye! Bye!

Claro que vai ser duro, acho que já nem sei colocar os pesos na barra do Bodypump. E vou ter de fazer com o peso mínimo, e mesmo assim, amanhã acho que nem me vou conseguir sentar.... Mas estou cheiinha de vontade de vestir a roupa preta (só tenho equipamentos pretos e brancos) e sentir o suor, e o stress deixarem o meu corpo; Relaxar nem que seja aquela pequena porção de tempo em que ali estou...

Agora é que vou ficar jeitosa!?!...

Beijos a todas