quarta-feira, janeiro 10, 2007

Portugal dos pequeninos


Num país onde nos acostumamos a viver paredes meias com situações absurdas de: "rendimentos de inserção social", jogadores de futebol que por mês ganham mais do que muitas pessoas a vida toda e apesar disso ainda estão isentos de tributação em 40%, "apitos dourados" e Carolinas Salgado. Vamo-nos habituado a conviver pacificamente com certo tipo de situações absurdas e pior, achamos já tudo isto muito normal.

Uma das coisas que me tira do sério, é o funcionamento de certas repartições públicas, não sei se sentem o mesmo. O denominador comum é o bando de funcionários públicos que existem nesses sítios, alguns dos quais com (desculpem-me dizer isto) muito mau ar, que falam uns com os outros , passeiam alguns papéis, ou então olham atentamente para o monitor do Pc à sua frente como se de algo inóspito se tratasse (se repararem, os teclados quase nunca são utilizados, e quando o são é como se fosse algum objecto alienigena). Enquanto isso, assistimos a uma aglomerar pacífico de pessoas, nos balcões de atendimento, que aguardam que algum funcionário se digne vir, de semblante carregado, atender.

No top dessas instituições temos: Os centros de saúde, os centros regionais de segurança social, as repartições de finanças, e muitos outros como nós todas sabemos.

Pior, acontece que as informações prestadas por esses organismos são díspares, ou seja o mesmo assunto poderá ter diversas abordagens mediante o funcionário que nos atende, o que é certo é que são raras as vezes em que depois de um pedido de informação para a formalização de uma qualquer burocracia, e depois de virmos para casa/escritório organizarmos inacreditável parafrenália de papel que geralmente nos é exigida para a realização do acto mais simples que possa existir, chegados novamente ao local do crime, o funcionário que nos atende, que já é diferente anterior, nos diz que falta mais isto ou aquilo, e aquela sensação de "dever cumprido vou-me ver livre destes gajos por mais uns tempos" que levavamos juntamente com a papelada desaparece enquanto nos invade um misto de sensações.

Ora, é nesta hora que rapidamente o nosso cérebro começa a debitar informação e é neste lapso de tempo que temos de tomar uma decisão que pode ser de 2 tipos:

A primeira, vimos embora com a nossa derrota e preparamo-os para mais uma maratona de papel por pelo menos 3 ou 4 vezes (dependendo do numero de funcionários que nos atende e do seu estado de espírito);

A segunda, partimos para a ignorância, puxamos pelos galões e fazemos uma velha e boa peixeirada, e aí vemos os tipos correrem de um lado para o outro para céleremente resolverem o nosso problema, não vá os outros tipos da fila também começarem a arrebitar cachimbo e começar tudo a descambar.

Eu cá sou adepta da segunda, é evidente que não sou mal educada, mas gosto de competência no trabalho e sobretudo de ser bem atendida. Se isso não acontece, apelo logo aos superiores hierárquicos e ao "afamado" livro de reclamações: Nunca falha!

Ora, mas isto não acontece em todos os sítios, em todas as repartições, portanto queridas amigas não se deixem levar. Existem instituições onde pura e simplesmente não se deve reclamar (muito). É o caso das repartições de finanças, não vá os tipos ficarem com o nosso nº de contribuinte debaixo de olho para depois nos mandarem uma fiscalização.

Isto para vos contar uma situação caricata que me aconteceu. Como sabem estou em casa com aquilo que é a denominada "gravidez de risco", muito sucintamente, para quem não sabe, a gravidez de risco, dá direito ao pagamento de 100% do nosso salário ilíquido, mediante a apresentação de um formulário próprio.

Este processo que poderia ser simples, de per si é muito complexo, ou seja: Nós temos de ter a baixa, depois temos de arranjar os impressos da gravidez de risco, preencher, levar à entidade empregadora para preencher e carimbar, pedir um documento comprovativo do NIB ao banco, juntar declaração médica e entregar num centro regional de segurança social (ufa... já estou cansada). É claro que entretanto, as crianças que estão em risco, podem já ter nascido.

Depois de tudo isto, pensamos: Ah que fixe agora não tenho de me preocupar mais!

Mas não!!! Pura ilusão! Depois disto tudo, temos de entregar um requerimento para cada período de baixa, até porque aquilo que era de risco pode deixar de ser (não sei bem como, mas enfim...). E temos de voltar à entidade patronal, e temos de anexar a declaração do médico e temos de entregar novamente na segurança social, ou seja se estivermos de baixa 7 meses temos de entregar 7 requerimentos...

Ora eu, depois de ter cumprido todas as formalidades já por 2 vezes, sentei-me pacientemente em casinha à espera do dito pagamento. Até que ontem me chegou uma cartinha datada de 28/12, a dizer que tinha de ir ao médico de família para pedir uma declaração de gravidez de risco. E eu, uma vez mais coloquei a minha gravidez em risco devido à fúria da mãe dos meus filhos.

Então isto é tudo maluco ou o que se passa?

Eu tenho baixa passada por instituição hospitalar, por um hospital maternidade, tenho uma declaração de um médico especialista em ginecologia e obstetrícia, e o meu médico de família nem sequer sabe que eu estou grávida quanto mais com gravidez de risco, eu estou de repouso em casa e agora tenho de ir ao centro de saúde??

Bem, depois de ter digerido isto durante a noite, hoje de manhã liguei para o serviço de expedição da dita carta e afivelei a minha voz mais doce a que uso quando estou prontinha para fazer alguma). Depois de ter me passarem de departamento em departamento (outra das coisas que me irrita de verdade), lá encontraram a alma que estava com o processo, à qual expliquei de forma incisiva e clara tudo isto. Depois de alguns desenhos, lá consegui q a Srª percebesse e acedesse a aceitar uma declaração do hospital para eu não ter de ir ao médico de família. Mais ainda me disse para lhe enviar directamente para ela sem precisar de ir entregar à segurança social, e ainda que se tivesse a declaração lá até dia 18 ainda me metia no processamento desse dia.

Bem, isto tudo porque,a declaração apesar do ser do médico do hospital, ia passada numa folha timbrada com o nome dele e não do hospital, acham isto normal?

Se alguém tiver paciência para ler este post até ao fim parabéns,merece um prémio.

Beijos a todas

21 comentários:

Amor de Mãe disse...

Obrigada, obrigada!!!recebi o premio!!LOL

Enfim, Portugal no seu melhor!!!pedem uma data de coisas, para resolver uma coisa que, supostamente, devia ser rápida e nao dar tanto trabalho...
E suposto estares de repouso, em casa, e nao andares a correr de medico em medico, por causa da papelada...
Enfim.. por estas e por outras, tenho vergonha do nosso país... em vez de andar para a frente, anda constantemente para trás...

Espero k desta, resolvas o teu "problema"!!

Jinhos

Pintas disse...

Ok, recebi o prémio!!!
Irrita-me essas situações, e atenderem sem um bom dia ou boa tarde, bem eu repito a frase mais de 10 vezes incluindo o obrigado(a) que faz parte da boa educação a ver se eles se tocam.
Agora tu teres que andar de um lado para o outro, com a agravante de gravidez de risco, só espero que nesses serviços te tenham dado a prioridade, pois já vi muitas grávidas em filas enormes.
Beijinhos,
Pintas

Cegonha - Stork disse...

Tb Lí....cadé o prémio???

lololol

Linda, é assim:
Concordo perfeitamente contigo!!! Uma gravidez de risco é sempre de risco...não vejo como pode deixar de ser de um dia para o outro! Tb não vejo pq temos de ir nós tratr desses papéis todos....acho que depois dessa carta do médico que nos viu, bastava um qq familiar ir tratar da papelada!

Em relação aos funcionários públicos, realmente é pena a maioria agir assim.....eu sou funcionária pública! Da nova geração...é certo...e tenho brio profissional, primo por fazer as coisas bem pois dá tanto trabalho fazer bem como fazer mal....aliás fazer mal ainda dá mais trabalho, pois depois temos de as fazer bem!!!

Mas irrito-me solenemente com as (os) colegas de trabalho, pois a maioria tem esse comportamento típico do deixa andar!

Ainda se riem de mim e dizem-me: trabalha tu! Deves ser aumentada, deves!!!!

Haja paciência!

Clara disse...

Venha de lá o prémio se faz favor!

Bem, despejaste a tua ira toda e fizeste tu muito bem!

A minha cunhada tb tem d ir a uma junta médica agora por estar em casa em repouso, fica a uns 25 km daqui... até ver, tem os "papéis" * certos...

*como eles gostam de chamar :P

Haja muita paciência, algum destravanço na língua, caso contrário, é fila atrás de fila e incompetência à fartazana...

Anónimo disse...

Ai, amiga, nem me fales...
Eu estive em casa com baixa por gravidez de risco quando tinha 8 semanas, e como estava de repouso absoluto, quem tratou dessa papelada toda foi o meu marido, isto realmente é inadmissível, se a pessoa está em risco, como é que pode dar tantas voltas?
E porque é que qualquer médico não pode passar a declaração? Afinal não é um profissional de saúde?
hà coisas que também me custam a perceber.
Para ter direito ao subsídio de maternidade quando nasceram as minhas meninas, sabes quantas vezes tive que ir à segurança social?
Seis, 6 vezes, imagina, desolada como me encontrava, tive que transportar papéis de um lado para o outro de hospital para médico de família, da segurança social para a entidade patronal e vice-versa, e depois não estavam bem e afinal era preciso mais um impresso e lá fazia novamente a viagem, é inaceitável...
Deixo-te um bj do tamanho do mundo e muita paciência
Susana

Norita disse...

Qual é o prémio? :) Eu também quero o meu.

Realmente este país vai de mal a pior. Infelizmente a função pública está de rastos, muitos querem ir para a reforma e ainda não podem, outros querem ser aumentados, outros subir de categoria, enfim e julgam que andar de trombas é que resolve o problema e com tudo isto nasceu a fama da função pública. Eu sou funcionária pública e tenho vergonha de alguns colegas, as pessoas hoje em dia não fazem por fazer bem, nem por ter brio profissional, fazem por fazer, porque quase que são obrigadas e assim fazem de qualquer maneira... é muito mau e era preciso mudar a filosofia de toda a "organização"
Em relação à tua situação, já assisti a uma "discussão" num centro de saúde por essa mesma causa, e pior a médica de família não lhe quis passar o atestado... Enfim, infelizmente é o país que temos.
Beijinhos grandes

Unknown disse...

Ah, eu li até ao fim! Até pq trabalhando na administração pública (mesmo NÃO sendo FP), não podia deixar de ler o q tinhas para contar! Concordo inteiramente com o q escreves. E tb acho q às vezes lá encontramos uma alminha q se dispõe a ajudar-nos qd em todos os outros locais nos fecharam as portas. Percebo bem o q aconteceu: devem ter pensado q a declaração do Dr AB era do Privado...
Beijocas
Alexandra

Zanita disse...

Recebi o prémio......

Fico estupefacta com estas situações....enfim Portugal no seu melhor.

Anna72 disse...

Mais uma que leu tudo! :D

Esqueceste-te do magnífico serviço dos notários e conservatórias... outros belos espécimes do género!

Realmente é de bradar aos céus!

Irra país burocrático!

Os outros (gato fedorento) é que têm razão! "Onde está o papel?"

Beijocas

Angela disse...

Afinal recebes o dinheiro ou não ???
Tu é que devias de receber um prémio...haja paciência !!!
Se achas esses serviços maus, Deus queira que nunca precises de ir aos do Ministério da Agricultura, é desesperante.Infelizente como trabalho nesse sector tenho de lá ir com alguma frequência.
Beijos

Lita disse...

Estas situações continuam a inundar muitos serviços públicos! Quando eu estudava enviaram ao meu pai 5 ou 6 anos seguidos um ofício da Seg. Social a informá-lo que não podia estar a receber abono por mim, uma vez que, segundo eles, eu tinha morrido! Leste bem, faleci sem ninguém na família saber, nem eu própria, vê lá! Isto aconteceu até ao dia em que eu, já com 18 anos, peguei no dito papel e me dirigi a esse serviço devidamente identificada, e fui obrigada a armar a dita "peixeirada"! Só com uma reclamação escrita é que se resolveu o problema!!!

No entanto, devo dizer que, existe muito boa gente na FP que se esforça por mudar este ritmo e por fazer o seu trabalho com competência e zelo! O problema é que a org.ão dos serviços e muitas ovelhas ranhosas continuam a servir de entrave e a mudança, no seu todo tarda, para mal de todos nós!!

Não te arrelies muito com o assunto, pensa nos teus bebés e manda o resto às urtigas!!!

Beijinhos grandes

Lita

Anónimo disse...

mas q grade aventura, realmente com tanta volta até se fica acnsado só de ler,mas realmente é verdade , as coisas passam-se mesmo assim netse cantinho á beira-mar plantado, bjs Tuga

Kitty disse...

Eu também tenho direito ao prémio!
Relativamente à situação daquele casal ucraniano que está à espera de 3 gémeos, eles pediram-me para me informar o que teriam de fazer por causa da chamada "gravidez de risco". Agora, alguém me diz como é que isto se explica a quem não percebe muito bem a nossa lingua portuguesa?!
Para nós já é difícil perceber...
:(
Beijos

Anónimo disse...

Caramba amiga, que até dá vontade de mandar esse gente à fava, para não dizer mesmo a outro sítio começado por m...
O que é que estão à espera, é suposto uma grávida de alto risco repousar e não andar de um lado para o outro a pedir documentos. Mas são estúpidos ou quê?
Isso é o que eu chamo de odisseia burocrática. Xiça!!!

Espero que já esteja tudo resolvido, pelo menos até ao próximo período de baixa...

Quanto aos meus fins de semana, o que posso dizer é que fui à neve, embora pouca, no dia 30 de Dezembro. Foi para terminar o ano em grande!!! Mas a Serra da Estrela está muita carequinha e neve só lá mesmo na torre.
No fim de semana passada fui fazer uma caminha, aqui num pseudo-parque natural perto de minha casa. Pseudo porque ninguém trata daquilo, mas felizmente consegue ser bonito e as pessoas vão lá andar de bicicleta, correr e caminhar. Mas não tenho tido grandes aventuras, mas o ano está a começar e já andamos a inventar umas coisas giras...

Tudo de bom para ti e para os teus pipis lindos, a M e o L (sempre tou para saber o que querem dizer... ai, esta curiosidade que me mata!!!)

Beijos grandes,
Lita

Anónimo disse...

Ah... esqueci-me de dizer que também o prémio para mim.

Beijos,
Lita

Inca disse...

tb quero o prémio :O), li até ao fim e fiquei cansada, só de ler!
Enfim é o país que temos. espero que agora fique tudo resolvido pelo menos durante mais um tempo e que tudo esteja bem com os teus pipis.

Nany disse...

Pois é, as gravidez de risco podem andar por ai a laurear a pevide como se não tivessem risco nenhum a tratar desses assuntos. Dahhhhh, eles não pensam mesmoooooooo.
A mim aconteceu-me algo parecido, mas como tenho ADSE ainda estou à espera que se decidam se tenho de comparecer a junta (desde as 20s e já tenho 38s) e como é que se trata da baixa de parto (se calhar nunca ninguém tratou disso antes de mim, deve ser por isso que eles não sabem)
Bjs e continuação de boa gravidez. parabéns pela tua menina e pelo teu menino

*CC* # *Ruca* disse...

Olá,

isto realmente é um país de incompetências e burocracias parvas.

beijocas
CC

Uma vida (im)perfeita!!! disse...

Amiguinha,
Passei aqui para te desejar um bom fim de semana e aproveita-o ao máximo.
Muitos beijinhos doces e com muito carinho,
Carla

Fusca disse...

Quando estive em casa por causa da minha gravidez de risco também dos gémeos, não tive problema absolutamente nenhum, e só precisei de apresentar os papéis uma única vez, durante os meses todos, e o pagamento vinha sempre no final do mês, certinho e direitinho! Deve depender das zonas, não sei, pois cá nunca tive nada de que me queixar quanto à seg.social.
É de lamentar e muito estas situações, como a tua, que infelizmente se repetem vezes de mais.
Mas tirando isso espero que tudo te corra muito bem e que os teus bebés venham cheios de força para aguentar com este Portugal dos pequeninos mesmo!...
Beijinhos,

Anónimo disse...

Portugal no seu pior!
Li até ao fim, e desejo que tudo corra bem.
Eu também estou com uma gravidez de risco, e gostaria de fazer uma pergunta.
Alguém sabe me dizer dos direitos das grávidas nas filas dos estabelecimentos privados? Sei que nos estabelecimentos publicos temos prioridade, mas nos locais privados parece-me que andamos sempre dependentes da boa educação e formação ou não dos funcionários, e da sua sensibilização.
Já me aconteceu ter prioridade numa fila de chrcutaria, e noutroi estabelecimento estar dependente da boa vontade ou não das pessoas que estão á minha frente.Isto porque a peixaria, frutaria ou charcutaria de algumas superficies comerciais não teêm nenhum sinal indicativo de prioridade , e ás vezes as filas são enormes. Uma funciuonária noutro dia disse-me que não tinha nada de me dar prioridade e só a daria se os clientes á minha frente o permitissem, mesmo eu apresentando um barrigão de 7 meses e lhe ter explivado que não podia estar muito tempo de pé nem com pesos.
E o que fazemos quando nenhuma caixa prioritária está aberta?
agradecia a resposta