quarta-feira, maio 21, 2008

Lido mal com a morte, qualquer que ela seja, nem que seja a singela morte de uma flor.

Fui apresentada a ela com apenas 15 anos. Numa idade em que se acredita que vamos viver para sempre e que todos aqueles que tenham mais de 20 anos já são velhos, quis ela apresentar-se levando-me um grande amigo.

Na altura, inocente, não sabia que a ausência permanente de alguém é algo que não esquece, a dor da despedida atenua mas, permanece lá escondida. Acho que foi ali que cresci, naquele momento em que fazia um teste de história de Portugal, em que alguém me sussurou: "O S. já deve ter morrido, vieram buscar os primos..." - naquele momento em que as lágrimas cegaram os meus olhos percebi a fragilidade da vida. Dois amigos ontem cheios de vida e planos, hoje mortos e sem retorno.

Numa época em que as minhas amigas escreviam nos seus diários "à querida Kitty" eu escrevia ao meu amigo morto num acidente estúpido.

Se ainda hoje me lembro? Claro que sim, foi um acontecimento marcante na minha vida, foi a fronteira do meu crescimento como ser humano, foi ali que percebi que existiam limites na vida e que não éramos indestrutíveis.

Hoje vai a enterrar um outro colega de outros tempos, em 3 meses adoeceu e morreu. Colega de escola, deixou orfã uma menina de 4 anos da qual tinha a custódia depois de um divórcio...

Não lido bem com a morte, principalmente agora que sou mãe, só penso naquela menina que vai crescer sem pai... Olho para os meus filhos e penso que será deles se eu ou o pai lhes faltarmos, ou os dois... Não lido nada bem...

Beijos a todas

PS: Por cá os preparativos vão de vento em popa, a mãe com torrentes de ranhoca a sair pelo nariz e com a voz fanhosa (constipação), gémea nº 1 também ranhosita, e gémeo nº 2 também. Vai ser lindo vai!

9 comentários:

Lília disse...

Também perdi um amigo quando tinha 14 anos, num estúpido afogamento de praia e o corpo ficou perdido para sempre.
Custou-me muito acreditar que ele tivesse morrido, mas infelizmente foi bem real.
Depois disso perdi avós, tios e pessoas amigas e a verdade é que tal como tu também lido mal com a morte, lido mesmo muito mal.
Ninguém está preparado para perder pessoas queridas mesmo que seja esta a natureza humana.

Bem... tristeza à parte desejo-vos as melhoras e que o baptizado corra muito bem.

Beijinhos grandes,
Lita

Susana Pina disse...

Vai ser uma "ranhocada na igreja, está-se mesmo a ver...
Sabes amiga, eu também não consigo lidar com a morte e não é por ter filhos, porque não os tenho, infelizmente. Já perdi muitos entes queridos, já para não falar de amigos, e sei bem o quanto custa ficar-mos sem eles.
Amiga, desejo que as cerimónias corram muito bem.
Um bj enorme e um xi muito apertadinho
Susana

Angela disse...

Conheci a morte aos 13 anos, quando um colega da minha turma morreu de cancro.
Apesar de sempre ter perdido amigos e familiares ao longo da minha vida, também lido muito mal com a dita.
Continuação de bons preparativos, a chuva não deve vir ajudar em nada certo ?
Beijocas

Florderiscas disse...

ola
Li a tua historia inicial!! :(
fiquei triste vim ca para te convidar a visitares-me e li esta historia tao triste!!!

beijinhos
e espero por ti na minha flor !

isa

Sónia e MI disse...

Escrevi no meu blog "a memoria dos afectos" alguns post´s para o meu melhor amigo que faleceu , num acidente de viação aos 15 anos... ainda hoje quando posso vou visitá-lo, lá naquele local onde todos , dizem, descansam, em paz.

beijinhos e força!

R. disse...

Minha querida, também eu lido muito mal com a morte principalmente se estivermos a falar de pessoas novas. Ainda hoje recordo colegas de escola que faleceram em idades em que a morte não faz qq sentido e que me deixaram dias a fio a pensar no mesmo.

Não é fácil lidar com a perda e com a ausência irreversível.

Um beijinho para ti e bons preparativos!

Unknown disse...

Oi querida

Um grande beijo para ti...
Não sei lidar...
Yami

M. Céu disse...

Emora ausente tenho vindo ver as as novidades...
Hoje fiquei triste por teres de lidar com a morte tão cedo!

Beijos para ti e para os pipizes!

Ana disse...

Tenho muito medo de perder a minha Leonor... mesmo muito medo...
Eu tinha 18 anos quando perdi o meu avô em 9 meses para uma esclerose amiotrófica... ninguém nunca me vai poder explicar essa perda...

Beijocas ENORMES :****