Depois de ter lido diversos blogs, confesso que me senti contagiada e que percebi realmente que certos assuntos são mais fáceis de falar com "estranhos" do que propriamente com todos aqueles que diariamente convivem connosco.
A minha história não é certamente diferente das da maioria de mulheres que usam este meio como forma de desabafo.
Tenho 34 anos, já não faço contracepção há alguns. Estou casada há 8 anos. Se no ínicio a carreira profissional, a vontade de viajar, de passear e gozar o pouco tempo disponível se resumia a duas pessoas. Há cerca de 2, 3 anos essa vontade apesar de não ter esmorecido já se queria extensível a mais alguém... Um descendente.
Acreditem quando vos digo que um casamento de 8 anos, com um namoro de 10 por antecedente não se esgotou, antes pelo contrário, continuamos a ter o mesmo prazer na companhia um do outro e continuamos a fazer as mesmas coisas sempre juntos porque não precisamos de mais ninguém para nos sentirmos bem. Só que agora temos mais serenidade e não andamos com paixões desenfreadas.
O certo, é que nunca aconteceu. E também é certo que fomos deixando andar, porque as exigências da vida profissional de ambos são mais do que muitas, e porque a verdade seja dita, ninguém quer admitir um problema desta dimensão com facilidade. Então iamos sempre arranjando desculpas: Este mês não aconteceu por causa do stress, porque não tentamos na altura certa, porque... porque... porque.
Enfim... Chegou uma altura em que não podemos abstrair-nos mais do problema, e decidimos consultar um especialista. De uma lista de alguns nomes, de entre os quais alguns figurões bem conhecidos, optei por um menos conhecido, afinal era só um consulta...
Acredito que todas nós quando vamos a uma consulta de infertilidade achamos que vamos sair de lá com uns comprimidos milagrosos e que vai ser muito fácil resolver qualquer problema. Mas o grave desta questão é que uma grande maioria de nós não acredita sequer que tem um problema (é o velho hábito nacional: "Só acontece aos outros"), e quando ele se nos depara puro e simples ficamos em estado de choque.
Claro que nas primeiras consultas foi exames para cima e para baixo, a isto e mais aquilo. E nós até nos primeiros exames nos descuramos. Fomos à primeira consulta em Março e para fazermos umas simples análises de sangue e espermograma só lá voltamos em Setembro.
Essas análises revelaram tudo perfeitamente normal, espermograma, ovulação, etc. Havia que pesquisar mais profundamente, havia suspeita de uma doença que até então nunca tinha escutado o nome "Endometriose".
As primeiras pesquisas que fiz para esta doença foram demolidoras, rezei para não ter, tinha marcado exame para ver se tinha ou não.
Em Outubro fiz uma laparoscopia de diagnóstico e uma cirurgia. A doença estava lá, "endometriose". Quando o médico me disse foi muito mau, parecia que não era eu que estava a ouvir aquilo, parecia um pesadelo. Disse que ainda era pouco relevante e que tinha tirado umas aderências nas trompas, etc.
A partir da cirurgia, disse ele tinhamos de conseguir uma gravidez rapidamente, para evitarmos que os tecidos voltassem a bloquear as trompas, os ovários ou o canal uterino. Só que uma coisa é dizê-lo, outra é fazê-lo, e a verdade é que as coisas não são muito lineares e a dita gravidez nunca apareceu.
Recentemente, estivemos na consulta a marcar um possível tratamento de FIV para Setembro, mas a verdade é que ainda não sei se o farei. Esta situação de andar a "fazer filhos em público" quando o deviamos fazer com todo o prazer e intimidade dentro da nossa casa, ainda me confunde um bocado.
Daí que tenho andado em pesquisas e tenho lido os vossos blogs, e tenho vibrado e lamentado cada derrota e cada vitória de todas vós.
Continuarei a dar notícias digam-me também alguma coisa